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Chama o Max: Caixa é uma posição

11 dez 2020, 17:06 - atualizado em 11 dez 2020, 17:06
“A posição de caixa do seu portfólio pode te ajudar a maximizar seus ganhos”, diz o colunista

Hoje não vou falar de ações. Uma das minhas maiores paixões ficará de fora do foco desta coluna.

Vamos voltar os nossos olhos para o caixa. Sim, aquele dinheirinho que você deixa em uma aplicação líquida de renda fixa para aproveitar oportunidades na Bolsa.

Não estou falando da tão famosa reserva de emergência. Esta, sim, deve ser construída com o pensamento de mantermos seis meses das nossas despesas mensais (aluguel, condomínio, seguro, alimentação, lazer e outros) em um fundo DI de taxa zero. Grana para eventualidades aplicada a uma taxa baixíssima, mas com alta liquidez para casualidades. Como diz o nome, emergência.

O caixa também pode ser chamado de colchão de liquidez, pois podemos utilizar esse dinheiro para fazer cursos, viajar e principalmente comprar ações a preços descontados.

Uma das maiores vantagens do investidor pessoa física sobre os fundos de ações é que ele pode usar o caixa mais livremente. Por regra, os fundos de ações no Brasil não podem ter mais que 33% do portfólio em caixa (eles devem estar sempre comprado em ações, com pelo menos 67%).

O investidor pessoa física não tem essa restrição, podendo ir de 0 a 100% com seu caixa. Portanto, em momentos de grande euforia, quando o mais prudente seria colocar o lucro no bolso e observar o mercado de longe, isso pode ser uma vantagem em relação aos fundos.

A posição de caixa do seu portfólio pode te ajudar a maximizar seus ganhos. Explico.

Não veja o uso do caixa como uma estratégia de “market timing”. Você não acorda um dia e fala vou vender todas as ações e vou reforçar o meu caixa. Ou as ações estão muito baratas e vou “raspar o tacho”, zerando minha posição de liquidez.

O processo de investimento é dinâmico e mais natural. O investidor deve usar o caixa sempre que encontrar ações de companhias a preços convidativos, e engordar o caixa quando o risco de possuir algumas ações superar o retorno potencial.

Ter o caixa como seu aliado nessa estratégia te ajudará a comprar ações quando o mercado estiver pessimista e a vender quando o mercado estiver altamente otimista; assim, no longo prazo, você vai maximizar a sua rentabilidade.

Quantos e-mails não recebi no final de março, no auge da crise da pandemia nos mercados, quando alertei as pessoas para aproveitar oportunidades únicas na Bolsa. “Max, infelizmente não tenho mais caixa” foi uma das respostas mais comuns que ouvi.

Esse é o grande equívoco do investidor iniciante. Eles se empolgam quando a Bolsa está batendo máxima atrás de máxima, usando todo o seu caixa para aumentar a sua parcela de renda variável, exatamente quando deveria fazer o oposto: colocar o lucro no bolso e esperar novas oportunidades.

Será que com o Ibovespa voltando aos 120 mil pontos não seria interessante, neste momento, começar a fazer caixa? Eu acredito que sim.

Não estou falando em vender tudo e só voltar quando a Bolsa estiver nos 80 mil pontos. Claro que não.

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“Você deve permanecer posicionado em ações para 2021”, afirma Max Bohm (Imagem: Divulgação/B3)

Você deve permanecer posicionado em ações para 2021. Mas talvez a melhor estratégia neste momento seja vender aquelas ações que estão esticadas, fazer um caixa robusto e ficar de “sniper” esperando barganhas que ficaram para trás nos últimos movimentos (as famosas microcaps).

Como diz o Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus: “Às vezes, a melhor coisa a se fazer é esperar, como um observador atento. Não é toda bola que o atacante precisa chutar no gol. A paciência é uma virtude”.

Nesse contexto, você sabe quem sempre é muito preciso no uso do caixa? O Mago de Omaha. Ele mesmo: Warren Buffett.

Note no gráfico abaixo como em 2009, período após a maior crise financeira de todos os tempos, o nível de caixa da Berkshire Hathaway, holding de investimentos de Buffett, estava no seu nível mais baixo.

Por outro lado, quando o S&P 500 (o principal índice da Bolsa de Nova York) atingiu sua máxima histórica no fim de 2015, aos 2.000 pontos, o nível de caixa de Buffett estava bem acima da média.

Buffett usou o seu caixa estrategicamente. Quando todos os ativos haviam colapsado em 2008, ele fez uso do dinheiro guardado e encheu o carrinho de ações. Nos primeiros sinais de euforia em 2015, buscou liquidez e reforçou bem o seu caixa para aproveitar oportunidades futuras.

Um ponto importante para se ter em mente é que você não pode controlar os preços das ações, mas pode decidir ter menos ou mais caixa. Um bear market (mercado de queda) é sempre ruim, mas ele pode ser amenizado se você conseguir tirar proveito dele, usando bem o caixa.

Um dia ouvi de um amigo investidor: “Quando você tem caixa, você tem confiança. Quando não tem, é um sinônimo de desânimo por estar perdendo ótimas chances de lucrar. Saiba usá-lo para performar bem”.

Enxergue o caixa como uma posição importante em seu portfólio como qualquer outra (ações, fundos imobiliários, ouro, dólar e outros). Quando a Bolsa subir demais e de maneira rápida, reforce o seu caixa. Quando quedas forem exageradas, tenha a confiança de usar bem o seu caixa em ações com preços atrativos.

É um jogo de observação. Se você fizer as coisas certas, sua paciência será recompensada.

Grande abraço!

Equity Research, CNPI, CGA
Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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Graduado em Ciências Econômicas pela UFRJ e pós-graduado em finanças pela FGV-RJ, Max Bohm acumulou experiência como analista e gestor de ações em grandes instituições como Valia e Grupo Icatu Seguros. Atualmente, é sócio da Empiricus, responsável pelas séries Microcap Alert e As Melhores Ações da Bolsa.
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