Internacional

China emite alerta ao cortar taxas de juros após dados fracos de atividade; entenda

15 ago 2022, 9:16 - atualizado em 15 ago 2022, 9:21
China
China emite alerta com anúncio do BC de cortar taxas de juros para estimular a economia após dados fraco de atividade em julho (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

A China surpreendeu o mercado financeiro nesta segunda-feira (15) em meio a problemas econômicos. O inesperado corte nas taxas de juros promovido pelo Banco Central chinês (PBoC) após dados fracos sobre a atividade acendeu o sinal de alerta entre os investidores.

O BC chinês reduziu a taxa de recompra reversa de sete dias, que é a principal taxa para injetar liquidez no sistema financeiro, de 2,10% para 2,00%. Também cortou a taxa de empréstimo de curto prazo (MLF, na sigla em inglês) de 2,85% para 2,75%.

Em ambos os casos, os novos patamares são mínimos históricos. Analistas consultados por agências internacionais esperavam manutenção dos níveis anteriores das taxas.

A decisão do PBoC ocorreu na esteira de números abaixo do esperado sobre a economia chinesa. Enquanto as vendas no varejo chinês reduziram o ritmo de alta para +2,7% no mês passado, no confronto anual, de +3,1% em junho; a produção industrial desacelerou de +3,9% para +3,8%, na mesma base de comparação.

O que dizem os especialistas?

“O mercado leu o corte nas taxas de juros na China com um viés baixista (“bearish”)”, resumiu a equipe de estrategistas de câmbio do ING, em relatório.

Para eles, os cortes fomentam a visão de que a China pode não ser o motor do crescimento econômico global por algum tempo. A última vez que o PBoC havia cortado a MLF foi em janeiro.

E o movimento mais recente ocorreu após uma rodada fraca de dados chineses. “Isso pode racionalizar a visão de que parece improvável que a economia chinesa contribua para quaisquer surpresas positivas ao crescimento mundial deste ano”, emendam.

Nesse sentido, os investidores devem seguir cautelosos com novos surtos de covid-19 na China, em meio à abordagem de “Covid Zero” no combate à doença. Com isso, cresce o risco de potenciais novos bloqueios (lockdown) afetarem o Produtor Interno Bruto (PIB) do país neste semestre.

“O PBoC parece que agora tem um problema mais premente: os dados mais recentes mostram um ímpeto econômico sem brilho”, diz o economista sênior para a China da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard, em relatório.

Porém, ele avalia que só os cortes anunciados hoje farão pouca diferença nas condições de liquidez. Isso porque a atual fraqueza na demanda por empréstimos reflete uma perda de confiança no mercado imobiliário e a incerteza causada por causa da estratégia de “Covid Zero”.

“A principal motivação é presumivelmente desencadear um corte na taxa básica de empréstimos de médio prazo (LPR, na sigla em inglês). Isso reduzirá os pagamentos de juros de novos empréstimos e também dos existentes, tirando alguma pressão sobre as empresas endividadas”, explica o especialista da CapEcon.

Vem mais por aí…

Ainda assim, os cortes nas taxas de juros anunciados hoje sinalizam que o BC chinês não se resignou e segue atento aos sinais emitidos pela economia da China. Por isso, mais medidas de flexibilização monetária são prováveis ​​​​nos próximos meses.

“A China deve continuar a alterar a atual política monetária, de forma a possibilitar a continuidade da atividade econômica, mesmo criando restrições pontuais contra o vírus, o que já tem afetado o fluxo global de mercadorias, com redução dos preços ao atacado e de fretes”, avalia o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Contudo, os riscos permanecem. “Embora os formuladores de política monetária tenham intensificado as medidas de estímulo, a fraca dinâmica do mercado imobiliário e da demanda doméstica somada à uma contração iminente nas exportações e à política de ‘Covid Zero’ limitam a eficácia desses esforços”, avalia o BCA Research, em relatório.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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