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China olha para ‘maré rosa’ na América Latina em busca de negócios; saiba como Brasil pode aproveitar oportunidades

23 nov 2022, 10:14 - atualizado em 23 nov 2022, 10:14
China
China mira “maré rosa” de governo de esquerda na América Latina e vê oportunidades de negócios, diante de ambiente hostil com EUA (Imagem: REUTERS/Thomas Peter)

Não é mera coincidência, o inédito terceiro mandato dos presidentes Lula, no Brasil, e Xi Jinping, da China, conquistados em outubro. Enquanto o mercado financeiro se assusta com o fantasma de governos passados do PT, o atual alinhamento geopolítico é um terreno fértil para aprofundar as relações econômicas entre o país asiático e a América Latina.

Ainda mais, em um momento em que “sombras” pairam sobre a economia global. “A recente vitória eleitoral de Lula marca o retorno da ‘maré rosa’ (onda rosa) à medida que governos de esquerda assumem o controle das principais economias da América Latina”, observou o diretor-gerente da AHG Estratégias, Shan Huang, em relatório. 

Para ele, o Brasil agora se junta à lista de países da América Latina, como México, Argentina, Bolívia, Peru, Chile e Colômbia, que viraram à esquerda desde 2018. “É uma reviravolta notável e deve-se aproveitar ao máximo essa ‘maré rosa’ para fazer negócios com a China”, ressalta Huang. 

Novos negócios no Sul Global

O estrategista avalia que líderes de esquerda na região tendem a ser mais favoráveis ​​à China e mais céticos em relação aos Estados Unidos. Da mesma forma, as tensões sino-americanas e a guerra na Ucrânia deram mais ímpeto aos esforços de Pequim para fortalecer o futuro econômico do país asiático. 

Para tanto, o governo chinês visa expandir seu “círculo de amigos”, diversificando as cadeias de suprimentos e explorando novos mercados fora do Ocidente. E isso amplia a oportunidade de negócios com os países periféricos do chamado Sul Global

“Pequim olha para um mundo incerto e hostil, sendo que a América Latina – rica em alimentos, combustíveis, metais, potencial de energia renovável e longe de pontos de conflito global – parece uma proposta cada vez mais atraente em meio à nova maré rosa”, ressalta Huang.

Ele lembra que as preocupações com a segurança alimentar e as tensões geopolíticas com os EUA já levaram o governo chinês a acelerar as aprovações de importações de grãos e farelo de soja do Brasil. Mas essa combinação expandirá ainda mais oportunidades relacionadas à China e empresas latinas, principalmente brasileiras. 

Oportunidades para empresas latinas

Existem ao menos três pontos de partida sobre como capitalizar a confluência de fatores favoráveis. Primeiro, é importante entender as prioridades estratégicas do Partido Comunista Chinês (PCCh), o que elas significam, quais são as orientações políticas para alcançar essas metas e como elas se traduzem em oportunidades de negócios

Nesse sentido, o estrategista destaca que é necessário elaborar e implementar campanhas que estejam de acordo com os principais temas e objetivos estratégicos do governo chinês para colocar a empresa estrangeira na melhor posição de aproveitar essa nova onda rosa.

Além disso, deve-se buscar oportunidades que vão além de commodities. “Embora as commodities tenham sido e continuarão sendo a base da relação econômica entre China e América Latina, as tendências políticas e de mercado também abrirão nichos em outros setores”, explica.

Huang cita como exemplo a Embraer. A fabricante brasileira de aeronaves obteve certificação chinesa para o jato E190-E2 e está bem posicionada para capitalizar a crescente demanda por aeronaves pequenas na China, impulsionada pela evolução da aviação civil para melhorar as conexões entre cidades chinesas.

Por fim, a América Latina também está bem posicionada para receber investimentos de empresas chinesas, principalmente vinculados à “transição verde” e na abertura de novos canais de negócios de bens e serviços. 

Para o estrategista, o Brasil está se tornando um local favorito para a “indústria verde” chinesa. Ele destaca os anúncios recentes de investimentos planejados pela BYD na área de veículos elétricos; a Goldwind no segmento de turbinas eólicas e o grupo CTG, de hidrogênio verde.

No setor de serviços, destaca-se o alcance do Alibaba no Brasil. Com a chegada da nova sede em São Paulo da ala de logística do grupo, a Cainiao deve ajudar fornecedores locais a vender alimentos e bebidas premium, além de produtos de saúde para a classe média em ascensão na China. Tudo isso através da plataforma de comércio eletrônico Tmall

Seguindo esses três passos iniciais, é possível surfar na nova “maré rosa” que se forma na América Latina, garantindo sucesso comercial ao fazer um negócio da China.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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