Economia

China vai barrar materiais preciosos para produção de chips; ‘é só o começo’, diz oficial do governo

05 jul 2023, 13:41 - atualizado em 05 jul 2023, 13:41
China
Novo foco do embate comercial entre China e Estados Unidos: metais terras raras. (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

A guerra de semicondutores entre China e Estados Unidos ganhou novo desdobramento esta semana.

Enquanto os mercados americanos estavam fechados por conta do feriado de independência, o ministro do comércio chinês anunciou que o país irá restringir a exportação de semimetais essenciais para a produção de chips de última geração. A lista controle incluem seis produtos gálio e oito produtos de germânio.

Segundo as autoridades chinesas, a medida passa a valer a partir de agosto. Da parte dos principais importadores — grupo ao qual pertencem Estados Unidos, França e Japão — o temor é que as restrições acabem impondo um grande problema de escassez de componentes-chave para o desenvolvimento de inteligência artificial.

Mas não só isso. Germânio e gálio também são utilizados na produção de baterias de carros elétricos, tecnologias militares e telecomunicação.

Em entrevista ao jornal Asia Financial, presidente da Associação Global de Mineração da China Peter Arkell diz que  “as restrições chinesas golpeiam o comércio americano exatamente onde dói”. Isso, porque o país asiático é o principal fornecedor destes metais menos conhecidos.

“É uma fantasia achar que algum país conseguiria substituir a China [no suprimento desses metais] no curto e médio-prazo”, avalia Arkell.

De acordo a publicação, as autoridades chinesas farão encontros com os fornecedores destes semimetais já a partir de amanhã (6), para discutir a implementação das novas regras.

O aumento da tensão coincide com a ida de Janet Yellen, a secretária do Tesouro de Biden, ao país. É esperado que a questão dos semicondutores e barreiras comerciais tome posição central na agenda da representante.

‘Apenas o começo’

O movimento de Pequim é considerado uma retaliação às medidas de Washington que visam restringir o acesso do rival a chips de altíssima tecnologia produzidos em solo americano.

Nesse sentido, o ex-vice ministro do comércio Wei Jianguo comentou ao China Daily que os países que imporem barreiras comerciais à China devem se preparar para novas restrições.

A fala do oficial chinês ocorreu após notícias sugerirem que a administração Biden cogita reduzir o número de chips de alta tecnologia que podem ser comercializados em produtos para a China.

Os possíveis decretos presidenciais são alvo de protesto da alta diretoria da Nvidia Corp. (NVDA), a queridinha de Wall Street de 2023. Segundo um executivo da fabricante de chips, as restrições trariam “uma perda permanente de oportunidade para a indústria dos EUA”.

Com o controle de semimetais sendo implantado por Pequim, especialistas do mercado não descartam que a próxima etapa das medidas retaliatórias passem a embarcar um outro grupo de metais, utilizado na indústria da aviação, hardware, baterias elétricas, células solares e demais áreas de alto desenvolvimento. Trata-se das terras raras, cujo domínio de produção também é chinês.

Para eles, os chineses poderiam voltar a impor limites à exportação das terras raras, assim como já havia feito para o Japão, um rival local, há 12 anos.

Guerra comercial assume foco em semicondutores

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China tomou o foco dos semicondutores, começando pela imposição de sobretaxas por Donald Trump nos itens de alta tecnologia e culminando na aprovação do Chips Act no ano passado.

A legislação americana, de forte vocação geopolítica, visa fomentar a produção domésticas e proteger as cadeias de produção de semicondutores da influência chinesa.

Em um contra-ataque às medidas recentes de Washington nesta seara, Pequim anunciou, ainda em maio, o banimento de importações de chips da Micron (MU), com base em supostas questões de segurança nacional.

Agora, a intervenção chinesa na exportação envolvendo o gálio e o germânio em menos de dois meses depois são avaliadas como a principal retaliação na guerra comercial China-EUA até o momento.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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