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Cobiçada por Musk, mineradora comandada por brasileiros começa produção em Minas Gerais

19 abr 2023, 17:38 - atualizado em 19 abr 2023, 17:38
Sigma Lithium lítio Musk
Empresa canadense com comando brasileiro começa a operar mina de lítio e pode abastecer consumo global de baterias elétricas (Imagem: Nelson Oliveira/Agência Senado)

A Sigma Lithium (SGML), mineradora canadense com comando brasileiro, iniciou a sua produção de lítio  “verde” na última segunda-feira (17). A atividade se concentrará na mina Grota do Cirilo, no Vale do Jequitinhonha.

O início da exploração ocorre poucos dias depois da empresa ter obtido as certificações ambientais que precisava com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad) de Minas Gerais. De acordo com a companhia, a produção inicial foi considerada exitosa, alcançando 75% do rendimento nominal da planta.

A Sigma Lithium espera operar com máxima capacidade já em julho deste ano. A primeira remessa de lítio, com peso estimado de 15 mil toneladas, será enviada já no próximo mês. Devido à baixa demanda pelo metal no Brasil, Ana Cabral-Gardner declarou à Reuters que o projeto buscará atender a transição energética do Hemisfério Norte. 

Ao longo do projeto, a companhia estima gerar US$ 1 bilhão em receita bruta, seguindo a média de custo de US$ 500 por tonelada de lítio, valor referência do período equivalente à fase 1 da obra.

Chile, Austrália, Argentina e China detêm juntos cerca de 95% das reservas de lítio atualmente conhecidas no mundo. O Brasil aparece em sétimo nesta lista, com as maiores reservas estando localizadas em Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

O que é processo greentech da Sigma Lithium?

Um dos motivos pelo qual a Sigma Lithium está se destacando é a forma como a empresa procura conciliar uma governança ambiental estrita com um produto de alta pureza para aplicações tecnológicas.

O processo, conhecido como greentech, vale-se de uma mineração feita a seco, sem barragens de rejeito, e reutiliza 100% da água captada no Rio Jequitinhonha.

Na decisão da viabilidade da planta, a Sigma optou por não explorar um quarto das reservas adquiridas para preservar um córrego intermitente, que é importante para o sustento da comunidade local.

A alta pureza alcançada pela Sigma vem sendo antecipada como um chamariz de parceiros comerciais da alta tecnologia. Isso, porque o maior teor de lítio no produto final pode estar associado a uma queda de até 30% no custo total da fabricação de baterias elétricas.

O interesse de Elon Musk

Em fevereiro,  foi noticiado pela Bloomberg que a Tesla (TSLA;TSLA34) estaria avaliando a compra de uma empresa de mineração para suprir a produção da montadora de carros elétricos. Entre as opções, o nome da Sigma Lithium pode ter saltado aos olhos de Elon Musk e dos executivos da Tesla.

As negociações para uma possível aquisição estariam em um estágio muito inicial e seriam sensíveis ao preço do lítio no mercado internacional.

Para a “sorte” de Musk, a commodity metálica parece no meio de uma queda livre. Desde novembro de 2022, quando atingiu a cotação máxima, o minério de lítio despencou mais de 70%, abaixo da “marca psicológica” dos 200,000 yuans (US$ 29,035) para cada tonelada.

O escalonamento da produção global de lítio e o pior prospecto para o mercado de tecnologia têm gerado um aumento do estoque da commodity, desvalorizando o preço do lítio. Na China, onde há o principal mercado para o uso do metal, o corte de subsídios para a compra de novos carros elétricos também contribuiu para a depreciação do metal em toda a cadeia de produção.

Apesar do comportamento mais “bearish” do mercado atual, desde 2010, o minério de lítio subiu mais de 640%. Já as ações da Sigma Lithium viram uma valorização de 9900% desde o seu IPO em 2018, na Bolsa do Canadá. Em 2021, a empresa se listou também na Nasdaq.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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