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Com commodities caindo, correr para as small caps é a saída? Saiba se há boas opções na Bolsa

02 ago 2022, 17:52 - atualizado em 02 ago 2022, 17:59
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O Índice Small Cap (SMLL), em especial, foi bastante penalizado pela deterioração dos indicadores econômicos (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau/File Photo)

A piora do cenário macro global levou a uma queda generalizada dos mercados acionários, e nem mesmo a Bolsa brasileira, que recebeu um fluxo maciço de investidores estrangeiros no início do ano, escapou do movimento de aversão a risco.

O Índice Small Cap (SMLL), em especial, foi bastante penalizado pela deterioração dos indicadores econômicos. Só em 2022, o SMLL acumula uma queda de 15%, enquanto o Ibovespa cai em torno de 1%.

A diferença discrepante entre os dois índices pode ser explicado pela composição, destaca o Safra, em relatório divulgado semana passada.

Enquanto o Ibovespa conta com grande peso de commodities e serviços financeiros, o índice de small caps tem exposição relevante a setores de consumo, industrial e construção, mais sensíveis aos ruídos locais.

O Safra destaca que o SMLL tem cerca de 59,5% de sua composição “altamente sensível” à atividade econômica doméstica. Já o Ibovespa é formado por 24% em serviços financeiros, 21% em siderurgia e mineração e 15% em petróleo e gás.

“Tal diferença de composição explica a performance desses dois índices nos últimos 12 meses (-38,1% do Small Caps vs. -21,9% do Ibovespa), que refletiu uma piora gradativa das perspectivas macroeconômicas brasileiras – enquanto vimos as commodities e os defensivos performando melhor que a média”, resume o banco.

SMLL ou Ibovespa? Os dois estão descontados

O índice de small caps encerrou julho com uma recuperação de 5%. Embora seja cedo para dizer que a retomada das ações de empresas de menor capitalização está começando agora, o Safra vê o SMLL sendo negociado com um grande desconto (13,7 vezes P/L para 2022, contra uma média de 24,5 vezes).

“Isso representa um desconto de 44% para sua média histórica de 10 anos”, destaca.

Segundo o Safra, o desconto do SMLL é similar ao do Ibovespa, atualmente 46% abaixo da média histórica de 10 anos (5,8 vezes P/L vs. média de 11,15 vezes).

Considerando os lucros estimados para 2023, o banco vê um aumento do desconto das small caps, que mostram uma “compressão importante de múltiplos”, de 13,7 vezes P/L para 2022 a 8,22 vezes P/L para 2023.

“Enquanto isso, o Ibovespa está negociando a um P/L para 2023 de 6 vezes (ligeiramente superior ao P/L para 2022, que está hoje em 5,81 vezes), com o lucro estimado para 2023 impulsionado, por um lado, pela melhora de resultado das empresas mais focadas no mercado doméstico, mas, por outro lado, impactado pela normalização no preço das commodities”, completa.

Recuperação à vista?

Alguns riscos persistem no curto prazo, como eleições e situação fiscal do lado doméstico e o ciclo de aperto monetário nas principais economias lá fora.

No Brasil, incertezas quanto ao fim do ciclo de elevação de juros ainda tornam o cenário um pouco nublado para as small caps, mas sinalizações positivas sobre a inflação podem levar a uma recuperação de ativos mais penalizados, destaca o analista Henrique Tavares, da DVinvest.

“Existe um momento em que os preços acabam se descolando muito dos fundamentos. O mercado vai ficando um pouco mais irracional, e é quando acontecem essas oscilações bruscas”, afirma.

“À medida que as coisas forem clareando, a gente pode caminhar de volta para os fundamentos”, completa o especialista.

Tavares diz que, mais importante do que a sinalização do fim do ciclo de aperto monetário, o mercado precisa receber sinais de que a inflação está desacelerando.

“Essa sinalização de arrefecimento da inflação traz sinais positivos para os juros, mas também tira muita pressão dos custos dessas empresas [menores], que têm dificuldade maior de repassar preços”, avalia o analista.

Tavares destaca que, em períodos de inflação e juros elevados, o custo de dívida sobe muito para essas empresas, até por serem menos capitalizadas e contarem com risco de crédito maior.

Na opinião do especialista da DV Invest, vale se expor às small caps, mas sempre ponderando o nível de risco.

Já o Safra enxerga uma boa oportunidade de valorização para as small caps olhando para os próximos 12 meses. Além do valuation muito baixo, o banco espera ver uma boa melhora nos resultados das empresas em 2023 e o cenário macroeconômico se recuperando aos poucos.

“Para uma carteira diversificada, acreditamos que vale começar a adicionar esses nomes. Acreditamos que o fim do ciclo de alta de juros e um arrefecimento da inflação (próximos de acontecer) poderiam levar a um movimento de alta expressiva desses ativos”, diz o banco.

Ainda assim, o Safra recomenda um movimento suave em direção a uma maior exposição às small caps.

Small caps preferidas

Aes brasil
A AES Brasil é uma boa alternativa de dividendos, com dividend yield (rendimento do dividendo) médio de 5,9% para 2022-24, diz Safra (Imagem: REUTERS/Rodrigo Garrido)

De acordo com o Safra, uma forma óbvia de se expor às empresas de menor capitalização é pelo ETF SMAL11, que busca refletir o SMLL. Porém, falando diretamente sobre ações, o banco está com três nomes no radar: Alupar (ALUP11), AES Brasil (AESB3) e Multiplan (MULT3).

Na avaliação do Safra, a Alupar é uma boa proteção contra o cenário inflacionário, enquanto o cenário de AES Brasil parece melhor, considerando que “as questões relacionadas a sua alavancagem já foram endereçadas em ofertas de ações nos últimos anos”.

Além disso, acrescenta o Safra, a AES Brasil é uma boa alternativa de dividendos, com dividend yield (rendimento do dividendo) médio de 5,9% para 2022-24.

No caso da Multiplan, o banco está confiante com os resultados dos próximos trimestres, que devem dar suporte ao preço das ações.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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