Mercados

Com Mercadante no BNDES, Lula fica mais próximo do governo Dilma, diz estrategista

13 dez 2022, 17:08 - atualizado em 13 dez 2022, 22:07
Aloizio Mercadante
(Imagem: Reprodução/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, nesta terça, o economista Aloizio Mercadante no comando do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) em coletiva realizada em Brasília.

Segundo Mauro Morelli, estrategista da Davos, é um nome que faz o próximo governo ser cada vez mais comparável com o governo Dilma do que com o governo Lula 1.

Mercadante foi sondado para presidir o BNDES ou a Petrobras (PETR4), o que provocou queda do Ibovespa na última segunda. Nesta sessão, o índice voltou a cair após o anúncio.

O nome não traz confiança de investidores devido à associação à crise econômica do governo de Dilma. Além disso, parte de analistas esperava nomes alinhados ao mercado financeiro para as pautas econômicas.

Mercadante faz parte da coordenação da transição do governo Lula e ocupou três cargos de ministro durante o governo: Educação, Ciência e Tecnologia e Casa Civil.

Recentemente, Mercadante fez críticas à TLP, taxa de juros do BNDES introduzida pelo governo Temer que tirou os subsídios concedidos pelo Tesouro aos empréstimos feitos pela instituição.

Em entrevista, o ex-ministro, de perfil mais desenvolvimentista, comentou que o BNDES deve ficar vinculado ao novo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, junto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, lembra que a mudança da taxa TLP para crédito subsidiado do BNDES também é negativa.

“Quando mais subsidiado essa carteira, maior será a conta a ser pago via juros Selic mais alto. Isso provoca alta na curva de juros”, discorre.

Para o CEO do BR Partners (BRBI11), Ricardo Lacerda, até recentemente, todos viam uma clara distinção entre o pragmatismo de Lula e a teimosia de Dilma.

“Não mais. Os eventos das últimas semanas sinalizam um Lula 3 mais ideológico e menos pragmático”, discorre.

De acordo com Joao Tonello, analista da Benndorf, Mercadante é uma indicação política e não técnica para o cargo.

“O principal risco do Mercadante para o mercado é a competição que ele pode gerar para bancos privados competirem com os privados, situação que ele entregaria um crédito muito mais barato fazendo com que os privados não mais tenham uma larga fonte de renda neste ramo específico. Desta forma, o setor bancário deve sentir a movimentação negativa”, completa.

Bruno Monsanto, sócio e assessor de investimentos na RJ Investimentos, classificou o nome como mais um tempero indigesto para o mercado.

“Além dos efeitos adversos no curtíssimo prazo, pós nomeação, os agentes econômicos começam a dar sinais claros de preocupação com o que vem pela frente, até pelo histórico de Mercadante, que não tem como desassociar seu nome de Dilma. Será que já vimos esse filme? Esse parece ser o sentimento que resume o humor”, coloca.

Quem é o indicado?

Mercadante faz parte da coordenação da transição do governo Lula e ocupou três cargos de ministro durante o governo de Dilma Rousseff: Educação, Ciência e Tecnologia e Casa Civil, entre os anos de 2011 a 2015.

Formado em economia pela Universidade de São Paulo, com mestrado e doutorado no mesmo tema na Unicamp, Mercadante já atuou como professor e economista.

Sua carreira política começou em 1982, quando foi coordenador do programa de governo do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2000 e 2001, ele foi presidente do partido.

Mercadante também ocupou cargos públicos entre 1991 e 2011, com três mandatos como senador pelo Estado de São Paulo.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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