Perspectivas 2020

Com pouco ou nenhum espaço para cortar Selic, PIB do Brasil deve cair 5% em 2020

02 set 2020, 12:32 - atualizado em 02 set 2020, 12:33
Campos Neto
O BC tende a achar que os últimos três meses do ano serão melhores do que o previsto pelo mercado (Imagem: Flickr/Banco Central)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deverá ficar por volta de 5% , seguida por um crescimento de 4% em 2021.

Ao participar virtualmente de evento promovido pela Bloomberg, ele também destacou ver pouco ou nenhum espaço para corte da Selic, após o BC ter reduzido a taxa básica de juros em 0,25 ponto em agosto, ao patamar atual de 2% ao ano.

Sobre a atividade, Campos Neto disse que a retomada está ocorrendo em V, mas que deve haver desaceleração à frente. Ele afirmou que o desempenho do PIB no terceiro trimestre deverá ser positivo, sendo que a dúvida é quanto à expansão no quarto trimestre, se irá crescer mais ou desacelerar.

O BC, ressaltou ele, tende a achar que os últimos três meses do ano serão melhores do que o previsto pelo mercado.

“Dissemos que temos um limite mínimo para os juros no Brasil e que o ‘lower bound’ é dinâmico, e passamos muito tempo descrevendo a maneira como vemos isso”, afirmou ele, em inglês.

“Também dissemos na nossa comunicação que vemos pouco ou nenhum espaço para fazer cortes adicionais, mas também reconhecemos que precisávamos de condições estimulativas. Por conta disso, introduzimos o instrumento de forward guidance (orientação futura)”, completou.

Moeda Real
Campos Neto disse que a retomada está ocorrendo em V (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

No mês passado, o BC adiantou em seu comunicado que não antevê altas na Selic a menos que as expectativas e projeções para a inflação fiquem suficientemente próximas das metas no seu horizonte relevante para a política monetária, que inclui 2021 e, em menor grau, o ano de 2022.

Nesta quarta-feira, Campos Neto destacou que, logo após a introdução do forward guidance pelo BC, a curva média de juros cedeu, numa mostra do efeito da orientação futura recém-implementada.

“Ficamos na verdade surpresos com a reação do mercado, foi maior do que esperávamos, em alguma medida. Mas então veio a preocupação fiscal e aí a curva sofreu inclinação de novo”, afirmou.

Sobre a possibilidade do uso pelo BC da compra de títulos de dívida para achatar a curva, aberta pela emenda constitucional do Orçamento de Guerra, Campos Neto reiterou que a visão da autoridade é que este é mais um instrumento para evitar disfuncionalidade do mercado do que de política monetária.

Em relação à recuperação econômica, Campos Neto disse que a retomada está ocorrendo em V, mas que deve haver desaceleração à frente. Ele afirmou que o desempenho do PIB no terceiro trimestre deverá ser positivo, sendo que a dúvida é quanto à expansão no quarto trimestre, se irá crescer mais ou desacelerar.

Campos Neto também reiterou a importância da disciplina fiscal para manutenção dos juros e da inflação em patamares baixos e disse que, passado o ano de gastos extraordinários por conta do coronavírus, o governo retomará o caminho de ajustes, priorizando o crescimento guiado pelo investimento privado, com melhoria da eficiência, abertura da economia e realização de privatizações.

O presidente do BC defendeu ainda o mecanismo do teto de gastos, pontuando que sua existência abriu o caminho para as vultosas despesas na crise já que, passado esse momento, os agentes de mercado sabiam que haveria retorno ao limite imposto pela regra.

(Matéria atualizada às 12h32 – Horário de Brasília)

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