Coluna do Fabrício Gonçalvez

Como as eleições afetam seu portfólio de investimentos

19 set 2022, 16:03 - atualizado em 19 set 2022, 16:03
Ibovespa
Em período de eleições, é preciso estabelecer um portfólio robusto alinhado com os seus intuitos e condizente com o seu perfil de risco (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

De quatro em quatro anos, os investidores brasileiros têm receio da volatilidade do mercado interno no período eleitoral, principalmente pelas propostas econômicas que podem gerar maior cautela de um futuro descontrole das contas públicas e aumentar a percepção de risco do país.

O ponto central é: você não tem nenhum controle sobre o resultado das eleições e como será a gestão pública pelos próximos anos. Contudo, a boa notícia é que a escolha dos ativos para a sua carteira de investimentos está totalmente em suas mãos.

O ato de investir significa lidar com o futuro e não é possível prever o que acontecerá. A ilusão do controle soa melhor para os indivíduos do que a realidade da incerteza.

A alocação em diferentes geografias, moedas, setores e classes de ativos é a maneira mais eficiente para proteger o seu patrimônio em diferentes cenários e rentabilizá-lo no longo prazo. Não é nada sofisticado, basta fazer o que precisa ser feito e manter a simplicidade.

O mercado internacional, seja de maneira direta ou indireta, é cada vez mais acessível ao investidor do varejo e oferece a proteção cambial e a possibilidade de investir nas maiores companhias do mundo. Tem ocorrido também o incremento de instrumentos de exposição à renda fixa nacional para maior estabilidade do portfólio.

O foco deve estar no que se pode controlar. Ao diversificar os seus investimentos, você reconhece que não é capaz de pressupor o que estar por vir e, convenhamos, tirará um enorme peso das suas costas. Isso garantirá um maior controle emocional ao longo do tempo e favorecerá na tomada de decisões e rentabilidade das aplicações.

A diversificação é o único “almoço grátis” no universo do mercado financeiro. É o instrumento mais adequado para aumentar a expectativa de retorno total, mas sem elevar, necessariamente, o risco.

O investidor, de modo geral, costuma despender muita energia em questões que estão completamente fora da sua capacidade de influência e deixa de avaliar o que realmente importa.

Você não é capaz de determinar o vencedor das próximas eleições, mas pode ter sua reserva de emergência e de oportunidade. Você não alterará a nova composição do congresso nacional, contudo, é da sua alçada ter uma carteira de investimentos diversificada e alinhada com os seus objetivos. Da sua casa, não é possível evitar eventuais mudanças legislativas, porém compete a você manter a disciplina e a consistência na sua trilha como investidor.

Concentrar naquilo que está ao seu alcance e estar instaurado na realidade são elementos-chave para o sucesso no mundo dos investimentos – e na sua vida. O resto é abstração e atrasará o seu progresso.

Sobre as eleições, até o momento, não fazem preço no mercado acionário brasileiro. As atenções estão voltadas para o cenário externo, e o Brasil — comparado às outras grandes economias — está numa posição relativamente confortável. O câmbio reflete essa situação, o real figura entre as moedas com maior valorização no mundo em 2022 e acumula alta de quase 6% sobre o dólar americano no período.

O ETF EWZ, conhecido como “Ibovespa dolarizado”, apresenta um ganho de 8,05% este ano, de US$ 28,07 em 31 de dezembro de 2021 para US$ 30,33 em 15 de setembro de 2022.

O Brasil é um grande exportador de matérias-primas e tem se beneficiado com a elevação dos preços das commodities agrícolas, minerais e energéticas no mercado internacional.

O BKF, ETF que oferece exposição a ações de três países em desenvolvimento da região BRIC (Brasil, Índia e China), cai 22,36% em igual período, de US$ 44,76 no final do ano passado para US$ 34,75 em 15 de setembro deste ano. O fundo não detém mais títulos russos desde 10 de março de 2022. Nos Estados Unidos, o ETF VOO que replica o S&P 500 saiu de US$ 436,57 para US$ 358,68 no mesmo intervalo, uma queda acumulada de 17,84%.

Enfim, os seus investimentos não possuem ideologia política e muito menos partido político. É preciso estabelecer um portfólio robusto alinhado com os seus intuitos e condizente com o seu perfil de risco para enfrentar os desafios de curto prazo, com um balanceamento adequado à renda fixa e à renda variável no mercado doméstico e internacional.

Lá na frente, é isso que fará a diferença. O longo prazo é uma série de curtos prazos, e aquele que realmente importa.

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Fabrício Gonçalvez é CEO da Box Asset Management e trader parceiro do BTG Pactual.
Atua no mercado há mais de 15 anos, produz conteúdo e compartilha dicas de como manter consistência no Day Trade e Swing Trade.
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