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Como as farpas entre Petrobras (PETR4), Lula e dividendos afetam – ainda mais – o Ibovespa (IBOV)?

18 mar 2024, 12:28 - atualizado em 18 mar 2024, 12:28
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Novas interferências do governo na gestão da Petrobras podem pressionar as ações e, consequentemente, o Ibovespa (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

As ações da Petrobras (PETR3PETR4) vêm sendo penalizadas desde que as notícias sobre o fim dos dividendos extraordinários foram lançadas ao mercado. O presidente Lula ainda pisou no calo dos investidores com falas recentes, que pressionaram ainda mais a estatal.

Só no mês de março, as ações ordinárias da petroleira acumulam queda de 11,04%, enquanto as preferenciais caem 9,52%. Mas não é só a companhia que está perdendo com a polêmica.

O Ibovespa (IBOV), que já vem de uma tendência de baixa, sente o impacto da derrocada das ações da Petrobras. O principal índice da B3 recua 2% na primeira quinzena de março e 6% no acumulado do ano.

Analistas do mercado explicam que, devido ao peso de 11,73% da estatal no índice, só a queda das ações já é suficiente para pressioná-lo. Entretanto, também há efeitos indiretos que corroboram.

Segundo Ruy Hungria, da Empiricus Research, o aumento das preocupações com interferências políticas na companhia pode fazer com que os investidores saiam de outras estatais relevantes para o índice — como o Banco do Brasil (BBAS3). “Isso reduz o interesse de investimentos no Brasil, de maneira geral”, diz.

Além disso, o analista destaca que o cenário fiscal brasileiro depende dos dividendos da Petrobras, pois o governo é um dos acionistas que recebe parte do dinheiro distribuído. Assim, o corte dos proventos afeta ativos como o dólar e curva de juros, que também atrapalham na performance do Ibovespa.

Júlio Borba, da Benndorf, ainda ressalta que, novas interferências do governo na gestão da petroleira podem pressionar as ações e, consequentemente, o índice da bolsa brasileira. Entre as mudanças, o analista destaca o aumento dos investimentos, o subsídio de combustíveis e a troca do atual presidente.

A discussão sobre os dividendos extraordinários e novos investimentos está apenas no começo e é provável que novidades surjam no curto prazo. Isso deve voltar a afetar o preço das ações, avaliam os analistas.

“O fato é que o mercado acordou para um risco que parecia ter esquecido nos últimos meses, que é uma possível intervenção do governo nas decisões estratégicas”, diz Hungria.

E como fica o Ibovespa?

A maré está agitada para o Ibovespa. A fuga de capitais continua pressionando o índice, que não consegue manter a tendência de alta observada entre novembro e dezembro do ano passado.

A bolsa tenta voltar para os 130 mil pontos, mas não se sustenta. Ao mesmo tempo, não colapsa por conta do ambiente positivo de consecutivas superações das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e de uma balança comercial robusta. “Fica nessa resistência que dificilmente consegue ser superada”, diz Matheus Spiess, também da Empiricus.

Segundo o analista, até que haja melhor sinalização do ciclo de flexibilização da política monetária nos Estado Unidos, o Ibovespa deve enfrentar dificuldades. “Não tem comprador marginal. O gringo que entrou em novembro e dezembro está saindo, porque prefere comprar juros e growth equity americanos”, explica.

Spiess acredita que a bolsa voltará a andar quando as treasuries de 10 anos voltarem para baixo de 4% — o que deve acontecer no final do primeiro semestre. “Consequentemente, poderemos ter um ano positivo para ativos de risco. Estamos construtivos, ainda temos alocação em bolsa e recomendação de compra, mas não vai ser um caminho linear”, diz.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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