Mercados

Como o ChatGPT virou o pesadelo para estas ações da Bolsa

12 maio 2023, 11:01 - atualizado em 12 maio 2023, 11:01
Yduqs
Fala de CEO de ‘edtech’ sobre impacto da concorrência do ChatGPT com (Imagem: Pixabay)

Lançado oficialmente no final de 2022, o ChatGPT continua sendo hoje o assunto mais falado no mercado de tecnologia. Com mais de 100 milhões de usuários ativos, a inteligência artificial seduz pela variedade de tarefas a que ela pode ser aplicada.

A precisão do conteúdo formulado pela IA é tal que empresas já partem para incorporar a ferramenta generativa aos seus modelo de negócio, como forma de aumentar a produtividade e reduzir custos.

Porém, se para alguns players do mercado o ChatGPT tem um efeito global positivo, para outros a IA pode ser o principal pesadelo.

O exemplo de como a IA impacta negativamente uma empresa veio através da fala bombástica de Dan Rosensweig, CEO da Chegg (CHGG), empresa americana de ‘edtech’.

Rosensweig relevou que, de março para cá, a sua empresa observou um aumento significativo no interesse dos estudantes pelo ChatGPT.

Ele disse que a ferramenta está atrelada a uma queda significativa das taxas de crescimento de clientes da companhia. Em decorrência desse impacto, a empresa anunciou que não irá divulgar o guidance de receita para 2023.

A fala de Rosensweig durante a teleconferência de resultados trimestrais bastou para o papel da Chegg afundar na Bolsa de Nova York. Ao fim da semana passada, as ações fecharam em uma queda de quase 45%. No ano, a perda é de 62%.

Em um movimento semelhante, as ações da inglesa Pearson (Ticker: PSO, na Bolsa de Londres) chegaram a cair 14% com os receios de disrupção que a nova tecnologia traz para o setor, porém recuperaram-se parcialmente no final e terminaram a semana com uma queda de 6,5%.

Vai sobrar para as ações educacionais da B3?

Olhando para a turbulência envolvendo as ações educacionais nos Estados Unidos e no Reino Unido, surge a dúvida se um efeito parecido não poderia ocorrer sobre companhias como Yduqs (YDUQ3), Cruzeiro do Sul (CSED3), Ser Educacional (SEER3) e Cogna (COGN3).

Para Rafael Barros, analista de educação e saúde da XP Research, é pouco provável que o ChatGPT em sua versão atual consiga deteriorar a projeção de receita das empresas de educação do Brasil. Isso porque o nicho de atuação dos principais nomes educacionais da Bolsa é mais amplo se comparado ao da Chegg, segundo ele.

“O aluno que procura essas empresas o faz em busca não só um conteúdo, mas também de um diploma para se inserir no mercado de trabalho”, explica Barros.

Barros destaca que o uso de machine learning e IAs no setor tem se concentrado mais na finalidade de inteligência de mercado e na garimpagem de alunos interessados do que na parte de conteúdos.

Porém, segundo uma fonte consultada pelo Money Times que trabalha em uma grande plataforma de educação, há um sentimento de “pressa” em direção à apropriação dessas novas tecnologias. O que pode evidenciar alguma preocupação de defasagem do modelo de negócio ante a evolução de novos modelos generativos.

O caso da Chegg volta a dar indícios de como essa apropriação pode se desdobrar. A empresa lançou o CheggMate, uma ferramenta de aprendizado acoplada ao ChatGPT que pretende estimular o uso exclusivo da IA dentro das plataformas educacionais.

Analistas do mercado americano ressaltavam ser cedo para estimar se esta medida conseguirá reconquistar a confiança dos investidores.

Ações de contenção do ChatGPT na educação ganham popularidade

Para tentar neutralizar o uso inadequado do ChatGPT, muitas instituições de ensino foram obrigadas a refletir sobre como os métodos de avaliação são empregados.

Se em alguns casos, eliminou-se as provas com consulta. Em outros, o modelo escrito começa a ser substituído por testes orais ou seriados.

Essa necessidade de contrapor a IA cria e aferir a chance de plágio também estão criando novas oportunidades de mercado – assim se criou o aplicativo GPTZero, concebido por uma startup de jovens estudantes da Universidade de Princeton.

O GPTZero analisa a aleatoriedade do texto e a uniformidade dessa aleatoriedade dentro do conteúdo para saber quando o ChatGPT está sendo usado ou não. A ferramenta tem uma taxa de precisão de 99% para textos escritos por humanos e de 85% para textos de IA, de acordo com a startup.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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