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Como Startups podem salvar sua empresa ou indústria?

30 set 2019, 18:30 - atualizado em 30 set 2019, 18:30

O pessoal adora chamar as startups como empresas que “matam indústrias” ou setores inteiros da economia.

Devidamente financiadas por um capital por vezes quase sem fim – o venture capital que falo tanto por aqui, e ainda falaremos mais – e modelos de negócios mais enxutos e ágeis, acabam por mudar a perspectiva de consumo.

Pergunte aos líderes da Blockbuster, ou qualquer cooperativa de taxistas. Talvez um outrora diretor ou presidente da Oi pode falar um pouco melhor neste sentido.

Sou administrador de empresas por formação, mas sempre trabalhei na área de marketing e, não raro, com fortes demandas com viés na publicidade.

E poucos foram os setores que, assim como publicidade e mídia, sofreram tanto com a vinda de novas tecnologias e seus modelos de negócios que colocam chifres e asas em cavalos brancos.

Pensem que uma agência de publicidade nos anos 80 e 90 era praticamente um banco, pela quantidade de receitas:
– Fee mensal para manutenção de equipe dedicada a publicidade da marca.
– Produção de peças publicitárias, divididas por mídia.
– Rebate pela construção de plano de mídia com os devidos meios.
– Rebate em todos os elos de fornecimento de produtos e serviços para a execução das peças de criação.

Para os meios de comunicação, a vantagem era outra: como os meios de emissão eram escassos, a verba era concentrada a quem detinha os seus direitos.

Não à toa os grandes grupos de comunicação estão nas mãos até hoje de grupos políticos em certas regiões do país. Dinheiro e poder concentrados.

Mas hoje as marcas podem tanto ter maior controle do resultado das suas verbas de comunicação e marketing através de ferramentas de mídia online, quanto ela mesma pode ser emissora de suas mensagens sem depender dos meios de comunicação – as mídias sociais nasceram com este viés.

Resultado: difícil você ver algum grupo tradicional de mídia ou de publicidade bem das pernas. Tanto que um efeito sintomático desta realidade é a saída das suas lideranças: Nizan, Olivetto, Fernandes, Loducca… Todos se aposentaram mais pela obsolescência da industrial do que pela idade ou carência criativa.

Mas é o fim destas indústrias? Não – nunca houve tanto dinheiro circulando com publicidade ou mídia. Apenas o fluxo mudou para novos modelos de negócios.

É aqui que chega o cerne da deste artigo. Volto a citar a importância do Corporate Venture como ferramenta fundamental para sobrevivência de grandes organizações.

Veja o caso da Grupo Globo: paulatinamente vem realizando investimentos em novos negócios em diferentes segmentos, envolvendo tanto o desembolso financeiro quanto a venda de espaços publicitários em seus veículos.

Uma preferência deles é o segmento de Fintech, aonde já aportaram duas vezes na Órama e agora na Bom para Crédito. Mas há iniciativas em outros segmentos.

Gosto de falar em Corporate Venture usando o exemplo do Yahoo!. Quando vendido à Verizon por US$ 3 bilhões, seu principal ativo não era a empresa outrora líder de buscas na internet pré-Google. Mas a participação que detinha no Alibaba, o principal caso de sucesso de startup na China.

O Corporate Venture Capital ainda engatinha no país – a primeira empresa a fazer movimentos mais sólidos neste sentido é a Embraer com o ecossistema de São José dos Campos – mas os efeitos dele já são sentidos: os dois primeiros unicórnios do país – 99 e Nubank – receberam aportes do fundo corporativo da empresa de telecomunicações Qualcomm.

Além de “surfar” a lucratividade e reinvenção de setores da economia, o corporate venture capital proporciona o acesso a capital humano e novas praticas de gestão, o que pode revolucionar todos os processos de uma empresa. A AB Inbev desenvolve um ótimo trabalho neste sentido, a partir do Brasil e dos EUA, para o resto do mundo.

É um cenário que a publicidade ainda não se mexeu plenamente.

E aqui fica a minha reflexão final: de alguma forma a sua empresa vai interagir com uma startup de sucesso que mudará a forma de fazer negócios no seu setor.

A escolha é sua: ou você será cliente dela, ou ela vai ser sua concorrente e vai te engolir. Ou de repente você pode ter uma participação dentro dela e tornar o seu potencial inimigo uma catapulta para mais um ciclo de sucesso.

Até aonde seu apego a forma de fazer negócios está fundamentado? Não seja como a Kodak, que inventou a máquina digital que, presa a venda de filmes e revelação, a matou como conhecíamos em questão de poucos anos.

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