Economia

Corte de 0,25 pp na Selic? Veja o que esperar da próxima reunião do Banco Central

18 abr 2024, 9:50 - atualizado em 18 abr 2024, 9:50
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Selic: Campos Neto destacou que as mudanças fiscais podem ter impacto na condução da política monetária. (Imagem: Yauhen Akulich/Canva Pro)

Na última quarta-feira (18), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu uma chacoalhada no mercado.

Segundo ele, uma manutenção do cenário de incerteza elevada pode levar o Banco Central a uma redução do ritmo de cortes da Selic, destacando a responsabilidade fiscal do atual governo.

No início da semana, o ministro Fernando Haddad confirmou mudanças na meta fiscal de ano que vem. O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, encaminhado ao Congresso, prevê déficit primário zero.

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Vale lembrar que nas regras do arcabouço fiscal, aprovado no ano passado, determinam m superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo. Além disso, a meta de 2026 foi alterada de superávit de 1% para 0,25% do PIB.

“Mudança de expectativas sobre fiscal pode ter impacto no prêmio de risco. Faremos o necessário para ancorar as expectativas e atingir a meta de inflação”, disse Campos Neto em reunião com investidores em Washington, nos EUA, organizado pela XP.

Selic: Corte de 0,50 ou 0,25?

As falas de Campos Neto foram vistas como pessimistas pelo mercado, que já enxerga cortes de juros mais brandos por parte do Banco Central.

“O mercado reduziu a aposta em corte de juros e agora precifica apenas mais uma redução, de 0,25 ponto percentual. Curva do DI passou a apontar Selic terminal acima de 10% depois que o presidente do Banco Central disse que, se a incerteza continuar alta, pode haver redução do ritmo de flexibilização e que a política fiscal vai afetar o prêmio de risco dos mercados”, destaca Régis Chinchila, analista de investimentos da Terra Investimentos.

Atualmente, a taxa básica de juros está em 10,75%, após seis cortes de 0,50 ponto percentual. Em sua última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) mudou o guidance ao sinalizar apenas mais um corte de mesma magnitude — até então, a autoridade monetária estava trabalhando com dois cortes de 0,50 pp a cada reunião.

Os analistas da XP apontam que Campos Neto falou a respeito dos impactos da deterioração no cenário externo e da mudança na meta fiscal sobre os preços de ativos financeiros, além de delinear cenários possíveis para a política monetária adiante.

“Em caso de continuidade das incertezas em níveis elevados, o ritmo de corte na taxa Selic poderia diminuir na próxima reunião do Copom, que será realizada em meados de maio. Segundo Campos Neto, o Banco Central não terá medo de fazer o que é preciso para atingir suas metas. O mercado passou a precificar a desaceleração no ritmo de queda da taxa básica de juros como o cenário mais provável”, dizem em relatório.

Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirma que o presidente do BC listou que existem quatro possibilidades para o futuro da taxa de juros:

  1. redução das incertezas e cumprimento do cenário base indicado pelo Copom;
  2. manutenção das incertezas e redução no ritmo de cortes;
  3. ampliação das incertezas, com influência em indicadores-chave;
  4. ampliação generalizada da incerteza.

Segundo ele, notavelmente, a sinalização para a reunião de maio mudou, à medida que o cenário de estabilidade dos fatores aponta para uma redução no ritmo de cortes.

“Ressaltamos que nos cenários 3 e 4, o presidente não afirmou quais seriam as consequências para as taxas de juros, embora tenha dado a entender que o ciclo de cortes estaria em questão, abrindo a possibilidade de elevação da Selic. Discordamos dessa avaliação, uma vez que o conselho tem repetidamente destacado a incerteza como um fator de cautela, não como determinante da direção das taxas de juros, e a autoridade também tem buscado dissociar a cautela da taxa de juros final”, afirma.

O economista projeta que a Selic será conduzida a 10% até o final do ano, com cortes de 50bps e 25bps.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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