Sustentabilidade

De “boa fé”, fazenda pratica sustentabilidade para manter rentabilidade do leite ao grão – Parte I

03 out 2019, 14:27 - atualizado em 03 out 2019, 14:37
Jonadan Ma comanda o grupo que pratica a sustentabilidade como conceito e meios para manter a rentabilidade (Grupo Araunah)

Imagine uma vaca parindo com privacidade sem a presença de humanos e preservando sua intimidade, a bezerra depois sendo acolhida com garantia do colostro da mãe e, ao longo da vida útil, os animais sendo submetidos até a massagens e carícias. Essas e outras experiências não são meros mimos. Claro, o bem estar animal é regra na Fazenda Boa Fé, por vocação, mas a utilidade chega diariamente na soma de quase 11 mil litros de leite por dia.

É negócio – e muito bem calculado. As 360 reses em lactação, entregando cerca de 29 litros/dia, também muito pouco adoecem, o que corta custo importante com medicamentos do Grupo Araunah. Junto a um sistema de economia circular, onde parte do milho, da soja e a quase totalidade da aveia vão para os cochos – e depois o rebanho devolve os dejetos, após compostados, às lavouras.

Como as culturas da empresa mineira são 100% pelo sistema de plantio direto na palha, cuja técnica corta em muito o uso de agroquímicos (fertilizantes e defensivos), a vacada leiteira girolanda da família de Jonadan Ma também se beneficia de alimentos sustentáveis.

“O conceito do nosso grupo é esse, cuidando do ambiente, da saúde e apresentando resultados concretos”, explica o diretor geral, na 3º geração familiar (após a fundação do grupo, há 60 anos, pelo pai Ma Shou Tao). A Fazenda Boa Fé fica em Conquista, no Triângulo Mineiro, e lá se concentram as quatro unidades de negócios: produção agrícola e leiteira/genética, produtos biológicos para lavouras, tecnologia em irrigação e biosseguridade animal, além de produtos alimentícios naturais com marca própria.

Certificação

No caso do gado leiteiro, a produção tem agora o Certificado de Bem-Estar Animal, dentro do Programa Beba Mais Leite, cuja auditoria foi da neo-zelandesa QConz, e consolida a fama e a tradição da Fazenda Boa Fé em produção sustentável. Já em 2018 foi objeto de premiação pela revista Dinheiro Rural.

Jonadan Ma, ao desfiar os cuidados com o gado – abolição do hormônio que aumenta a produção das vacas, garantia livre de sombra, água e comida (com algum controle para evitar a engorda demasiada) e, entre outros, apartação dos animais dominantes -, lembra ainda que ao sistema intensivo, em 25 hectares de pastos, agrega-se 38 pelo sistema Integração, Lavoura, Pastos e Floresta (ILPF).

“Ainda temos desafios, porque perseguimos cada vez mais a busca de tecnologias que façam com que dependamos cada vez menos de tecnologias de terceiros, o que também vale para a agricultura”, afirma o diretor geral do Araunah, hoje presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação e também da Confederação das Associações Americanas de Agricultura Sustentável.

Com mais de 3 mil hectares, em uma propriedade que já foi pioneira também na cana plantada direto na palha (a cultura foi abandonada em 2017 pela baixa rentabilidade), a Boa Fé da família sino-brasileira Ma pratica a sustentabilidade e ganha dinheiro de boa fé, parafraseando o nome da sede que não foi escolhido aleatoriamente.

Segundo Ma, foi de propósito, pensando no conceito do modelo gerido desde o começo, mesmo que a pratica empregada, em todas as frentes de negócios, leve mais tempo para ser dominada e oferecer rentabilidade do que a pecuária e a agricultura tradicionais.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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