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De olho no boi: Com freio na oferta, arroba ganha força com junho histórico para embarques, enquanto varejo vai para o ‘brejo’

01 jul 2023, 16:00 - atualizado em 30 jun 2023, 17:16
Queda dos preços de exportação da carne bovina para China continua sendo um dos principais fatores de preocupação do mercado (Imagem: Pixabay)

Como você viu no “De olho no boi” da semana passada, os preços da arroba do boi gordo retomou bons índices na  segunda metade de junho, que marca o segundo semestre de 2023, após seis primeiros meses de oferta elevada.

Além disso, o ritmo das exportações do Brasil para a China retomou seu patamar de normalidade pouco mais de três meses após o fim do embargo para carne bovina brasileira, entre fevereiro e março.

Para entender o retrato atual de preços, oferta, demanda e custos, o Agro Times conversou com Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria e Magno Cavalcante, gestor comercial de carnes.

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Oferta, preços da arroba e carne bovina

Segundo Felipe Fabbri, após meses de queda, o mercado do boi gordo encerrou junho flertando com altas, abrindo, oficialmente, a entressafra de capim no país.

“A oferta de gado de pastagem diminuiu bem com a chegada do inverno e o gado confinado no primeiro giro, em 2023, deverá ser menos ofertado frente ao ano passado, com muitos confinadores desestimulados frente aos preços da arroba do boi gordo no primeiro semestre e os custos de produção ainda elevados”, explica.

Boi Gordo – R$/@ – Safras & Mercado (a prazo) 30/jun. 31/mai. Variação (%)
SP – Aracatuba R$ 255,00 R$ 245,00 4,08
SP – Bauru R$ 250,00 R$ 240,00 4,17
Parana – Norte R$ 245,00 R$ 230,00 6,52
MS – P. Murtinho R$ 250,00 R$ 225,00 11,11
MS – P. Murtinho R$ 250,00 R$ 225,00 11,11

Assim, as indústrias tem encontrado dificuldade na aquisição de boiadas em algumas regiões, com as escalas hoje trabalhando com uma semana a dez dias na maior parte das praças pecuárias.

Em São Paulo, o “boi China” teve negócios pontuais em R$260,00 por arroba, com a referência sólida em R$255,00 por arroba.

Segundo Iglesias, a “escala de abate é o termômetro do mercado”, e o terceiro trimestre costuma ser um período de menor oferta de animais.

Atacado

No atacado de carne com osso, a última semana do mês foi marcada por uma movimentação ainda positiva com relação à cotação das carcaças casadas.

As cotações das carcaças da vaca e da novilha casadas subiram 1,8% e 0,7%, precificadas em R$14,25/kg e R$14,90/kg, respectivamente.

Para os machos, a cotação da carcaça casada de bovinos castrados caiu 0,7%, precificada em R$16,12/kg. Para a carcaça de bovinos inteiros, o aumento foi de 1,8%, precificada a R$14,65/kg.

Cortes no atacado Base SP – (Safras & Mercado) 30/jun. 31/mai. Variação
Traseiro casado R$ 18,15 R$ 18,40 -1,36%
Dianteiro casado R$ 14,00 R$ 13,70 2,19%

“O movimento, na nossa percepção, foi sustentado por um aumento da procura para reabastecimento das gôndolas no varejo, somado a um bom ritmo exportador em junho, que já é o melhor mês de junho da história, com dados a ainda serem computados, e a uma arroba do boi gordo mais firme em São Paulo”, comenta o analista da Scot.

Para os próximos dias, a tendência é de que o cenário de firmeza à arroba persista.

“Acreditamos que junho e agosto serão meses marcados por ‘lacunas’ de oferta no mercado do gado gordo, com uma demanda aquecida pela frente, o que colaborará com a manutenção do quadro atual”, pontua Fabbri.

Varejo

De acordo com Magno Cavalcante, o consumidor final deve se deparar com preços mais altos.

“O varejo conta ainda com muitas restrições de venda, e será necessário aproveitar promoções, principalmente nos atacarejos. O mercado pós-covid está retomando o equilíbrio de vendas, antes fortemente impulsionado pela pandemia”, diz.

Assim, o destaque da semana no varejo fica para o preço mais alto do quilo do contrafilé, principal corte comercializado, que avançou 28% em uma semana, passando de R$ 25,00 para R$ 32,00.

Exportações de carne bovina

Iglesias explica que o mês de junho foi histórico para as exportações de carne bovina, em termos de volume.

No entanto, o grande “problema” em 2023 fica para os preços pagos pela China, principal importador da proteína brasileira.

“O preço médio da carne bovina não está nos mesmos patamares que vimos no ano passado. Em 2022, chegamos a ter picos de preços a US$ 8.000 por tonelada, e agora os preços entre US$ 4500 – US$ 5000,” comenta.

O analista explica que essa queda se dá pela desvalorização do preço yuan na comparação com o dólar no último ano, pela recrudescimento da economia chinesa.

“No ano passado, o yuan valia US$ 6,68 e hoje, está em US$ 7,25. Assim, as importações da China se tornaram mais caras, enquanto as exportações se tornaram mais competitivas. Além disso, a questão monetária no país deve impactar os preços de importação de outras commodities como milho, petróleo e soja”, conclui.

 

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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