Internacional

De potência a participação especial: morte da rainha e Liz Truss provam que Reino Unido perdeu sua importância econômica

12 set 2022, 13:40 - atualizado em 12 set 2022, 13:40

Banco da Inglaterra

Semana passada, a vida dos britânicos virou de ponta cabeça: em poucos dias, o Reino Unido viu Boris Johnson deixar o cargo de primeiro-ministro, dando espaço para Liz Truss, e a morte da Rainha Elizabeth II. Mas foi só a vida dos britânicos mesmo.

Os dois eventos passaram, praticamente, despercebido pela economia mundial e provam que a importância do Reino Unido para os mercados ficou nos livros de história.

“Acredito que o impacto seja muito mais emocional do que financeiro, e esperamos uma comoção global, afinal, trata-se do adeus a uma rainha que está no trono há 70 anos”, aponta Frederico Nobre, head de análise da Warren Investimentos.

Tirando o fato que o Banco da Inglaterra (BoE) adiou a reunião de quinta-feira (15), na qual decidiria sobre uma nova alta de juros, um dos poucos momentos que ganhou um certo destaque foi o primeiro discurso de Truss.

No dia, a nova primeira-ministra prometeu um “plano ousado” de corte de impostos – principalmente os que envolvem o setor de energia – para auxiliar no crescimento econômico.

Símbolo da crise europeia

Na verdade, a situação do Reino Unido é tão crítica, que a região está se tornando símbolo da crise que a Europa está passando como um todo. O continente vive uma das suas maiores inflações e ainda lida com o desabastecimento energético.

Desde o início da guerra na Ucrânia, o continente vem recebendo cada vez menos gás da Rússia. Com isso, o preço da energia elétrica e de produtos manufaturados dispararam.

“O choque energético coloca o continente diante de um dilema: pressionar os preços quando a inflação atinge o maior patamar em décadas. Isso aumenta a necessidade de subir os juros e mina a capacidade de recuperação da economia”, afirma Daniela Schulz, especialista em investimento CEA e professora da Eu me banco Educação.

No caso do Reino Unido, a inflação de julho alcançou o patamar mais elevado em 40 anos, de alta de 10,1% no acumulado de 12 meses. Na tentativa de combater a alta nos preços, em agosto, o BoE elevou a sua taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual – o maior reajuste promovido pela autoridade monetária em 27 anos.

Além disso, a economia começou a mostrar sinais de enfraquecimento. Segundo dados divulgados na semana passada pelo S&P Global, o PMI composto britânico caiu de 50,9 para 49,6. É a primeira vez desde a pandemia que o indicador, que leva em conta os setores de serviços e manufatura, fica abaixo de 50. E isso indica uma contração econômica.

Outro problema é o descontentamento da população. Nas últimas semanas, trabalhadores de diversos setores e indústrias do Reino Unidos vêm organizando greves para exigir aumento de salário.

“Apesar de não trazer impacto econômico relevante, o falecimento da rainha é mais um elemento que contribui moralmente para o estado de crise em que se encontra a Europa”, afirma Frederico Nobre.

Libra

Economicamente falando, a turbulência britânica afeta diretamente a libra. O BoE sinalizou que o rosto da rainha deve continuar nas notas por mais algum tempo, mas que será feita a troca para o novo monarca, Charles III. A projeção é de que a mudança e a substituição das notas trará um custo de £ 585 milhões.

Além disso, a expectativa do mercado é de uma desvalorização da libra nas próximas semanas – mais puxado pela crise da Europa como um todo.

Vale lembrar que Truss promete estimular o investimento estrangeiro direto por meio do cancelamento dos aumentos de impostos corporativos de 2023 e uma moeda mais barata facilita esse movimento.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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