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Didi e o Banco Popular da China irão impulsionar o uso do yuan digital?

10 jul 2020, 13:44 - atualizado em 10 jul 2020, 13:46
Didi Chuxing (ou “DiDi”) é uma grande plataforma global de transporte e conveniência e atende mais de 550 milhões de usuários na Ásia, América Latina e Austrália (Imagem: Crypto Times)

Esta semana, Didi Chuxing — a “Uber” da Chinaapareceu nas manchetes, pois foi noticiado que iria testar a criptomoeda da China. Bom demais pra ser verdade.

Porém, se você ler o anúncio original cuidadosamente, além das declarações favoráveis à inovação, simplesmente apresenta uma parceria estratégica entre uma empresa de tecnologia e um instituto de pesquisa sobre uma iniciativa para explorar o potencial de uma nova tecnologia — nesse caso, a moeda digital da China (DCEP, na sigla em inglês) — em uma indústria em que tal empresa de tecnologia possui um monopólio.

Esse tipo de colaboração também aconteceu com a startup chinesa de reconhecimento facial SenseTime para “inovação no setor de tecnologia financeira e inteligência artificial” e com o governo cingapurense para “a possibilidade que turistas usem DCEP em outros países”.

Assim, é difícil afirmar, com certeza, o que “inovações e aplicações de um yuan digital a serem exploradas”, segundo o anúncio do Didi, realmente significa para a DCEP.

Pode ser que o instituto de pesquisa solicite precise de opiniões da empresa sobre a indústria de transporte privado ou que, juntos, estejam desenvolvendo uma tecnologia que permita que a DCEP seja integrada ao sistema existente de transporte.

De qualquer forma, é um pouco equivocado achar que Didi irá aceitar DCEP em sua plataforma apenas com base no anúncio desta semana.

Porém, não quer dizer que Didi não possa estar envolvida no plano de utilização da DCEP.

Citando uma fonte envolvida no assunto, o site de notícias financeiras Caixin disse que Didi estava em contato com o Banco Agrícola da China em 2019, com a esperança de participar do programa-piloto da DCEP na cidade de Xiong’An.

“DCEP se tornará uma infraestrutura essencial da economia digital”, afirmou Didi, acrescentando que trabalhará com o banco central para “promover a integração da economia digital com a economia real” (Imagem: Crypto Times)

Bancos estatais são pontos de contato do projeto DCEP, já que são os responsáveis pelo desenvolvimento de carteiras e pela distribuição da moeda digital para usuários finais.

Então, se Didi ou outra empresa de tecnologia com foco em cliente quiser testar a DCEP, é provável que tenha de trabalhar com essas empresas e integrar com suas carteiras para tal.

Na verdade outras empresas de tecnologia, incluindo a plataforma de entrega de comida Meituan-Dianpin e o site de streaming em vídeo Bilibili, já firmaram parceria com alguns desses bancos para utilizar DCEP, segundo Caixin. Bytedance, empresa-mãe do TikTok, também busca por oportunidades de colaboração.

Por fim, o hype em relação a Didi ser uma das primeiras aplicações em tempo real do yuan digital — fazendo com que o preço de algumas ações chinesas aumentasse 10% — pode relembrar algumas notícias parecidas de alguns meses atrás.

Em abril, um site de notícias chinês vazou um convite do governo local de Xiong’An para que Starbucks, McDonald’s, Subway e outras empresas participassem de uma “reunião sobre um programa-piloto” de uma criptomoeda.

A notícia fez com que muitos especulassem que essas empresas poderiam ser as primeiras a aceitar DCEP.

Porém, segundo uma fonte que trabalha em um dos bancos estatais de Xiong’An, ainda é muito cedo para ver qualquer iniciativa de marketing.

“A aplicação [da DCEP] não é uma questão de escolher com quais empresas trabalhar, e sim um resultado da coordenação entre bancos para criar casos de usos especiais em que a moeda digital possa ser testada em segurança. Não é a mesma coisa que instalar novas maquininhas de cartão e pronto”, disse a fonte.

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