Economia

Disciplina fiscal é maior desafio do governo Lula, afirma vice-presidente da Moody’s

08 nov 2022, 13:48 - atualizado em 08 nov 2022, 13:48
Lula
 Lula criticou, durante a campanha eleitoral, a forma de controle de gastos do governo e prometeu mudar a regra do teto fiscal. (Imagem: Flickr/ Lula Oficial/Ricardo Stuckert)

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva terá o desafio de manter a disciplina fiscal e a confiança dos investidores, afirma Samar Maziad, vice-presidente e analista-sênior da Moody’s.

De acordo com Samar, o cenário macroeconômico do país não é dos piores: a inflação deve se manter acima da meta, mas é uma das menores taxas da América Latina. “Nós esperamos a inflação entre 6% e 6,5% no final do ano”, disse durante um evento da agência de risco.

Desde julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já registrou três quedas consecutivas, tirando a inflação do patamar de dois dígitos; atualmente, o IPCA anual está em 7,17%. O ciclo de deflações seguidas é resultado das medidas de controle dos preços dos combustíveis e energia elétrica promovidas pelo governo. No entanto, o indicador de outubro – que será divulgado na quinta-feira (10), deve apontar para alta.

A economista também destaca que o Banco Central deve começar a cortar as taxas de juros a partir do ano que vem, e ainda aponta que a atividade econômica deve desacelerar, mas não é projetada uma recessão no país em 2023.

O maior fator negativo são os futuros gastos do governo. “Na América Latina, o Brasil tem um espaço fiscal muito limitado. O aumento dos investimentos e gastos do governo, como o Auxílio Brasil, terão um impacto negativo para o crédito”, afirma Samar.

Também não pode ser descartado o risco externo. A política monetária restrita de países como os Estados Unidos, pode obrigar o Brasil a fazer ajustes em sua própria política.

Na semana passada, o Federal Reserve anunciou a quarta alta consecutiva de 0,75 ponto percentual em sua taxa de juros – é a primeira vez que o banco central americano promove um aperto monetário tão rápido.

Diferente do Banco Central brasileiro, o Fed está com dificuldades para combater a alta da inflação. Por lá, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de setembro atingiu alta de 8,2% no acumulado em 12 meses.

E quanto mais os juros ficam altos nos Estados Unidos, mais os investidores se voltam para o mercado americano e o dólar sobe. Com isso, a inflação brasileira volta a subir indiretamente, puxada pela elevação dos preços de importações.

Por fim, ainda há a incerteza sobre o futuro do teto de gastos. Lula criticou, durante a campanha eleitoral, a forma de controle de gastos do governo e prometeu mudar a regra. “É difícil, por enquanto, estimar se a credibilidade do Brasil vai se manter ou não. A questão é que a gente ainda não sabe o que vai mudar no teto de gastos e o que pode substituir o teto”, destaca Samar.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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