Economia

Dólar em quase R$ 5,29: Três fatores que estão fazendo o câmbio disparar

17 abr 2024, 10:38 - atualizado em 17 abr 2024, 10:38
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Ontem, o dólar registou sua quinta alta seguida e fechou em seu maior patamar desde março do ano passado. (Imagem: Reuters/Dado Ruvic/Ilustração)

Na última terça-feira (16), o dólar registou sua quinta alta seguida e fechou em seu maior patamar desde março do ano passado, de R$ 5,268, depois de atingir a máxima R$ 5,287 ao longo do dia.



Essa disparada no câmbio está sendo puxada por fatores tanto internos, quanto externos. Segundo o ministro Fernando Haddad, alta no dólar está sendo acompanhada de perto pelo Tesouro Nacional e Banco Central.

Alta do dólar: Veja os fatores que estão influenciando no câmbio

Mudança na meta fiscal

Embora Haddad diga que os fatores externos são a principal causa da alta, a verdade é que a mudança na meta fiscal de 2025 não pegou bem com o mercado.

No início da semana, o governo confirmou mudanças na meta fiscal de ano que vem. O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, encaminhado ao Congresso, prevê déficit primário zero.

Vale lembrar que nas regras do arcabouço fiscal, aprovado no ano passado, determinam m superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo.

“A preocupação com a estabilidade fiscal local tem tido seu efeito, prejudicando os ativos e resultando no sexto dia consecutivo de perdas para o Ibovespa”, afirma Matheus Spiess, estrategista da Empiricus.

Economia nos Estados Unidos

Ontem, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) precisará ter mais confiança nos dados econômicos do país para começar as reduções.

Segundo ele, os dados atuais não trazem a confiança necessária e que poderá ser necessário demorar mais antes de reduzir as taxas de juros dos Estados Unidos, atualmente entre 5,25% e 5,50%.

“Os dados recentes claramente não nos deram maior confiança e, ao invés disso, indicam que é provável que demore mais tempo do que o esperado para alcançar essa segurança”, complementou Powell.

Acontece que juros altos nos Estados Unidos é sinônimo pressão aqui no Brasil. Isso porque a renda fixa americana, como os Treasuries (títulos públicos norte-americanos), se torna mais atrativa para os investidores. Ou seja, eles deixam as aplicações mais arriscadas de países emergentes para investir lá nos EUA.

“As elevadas taxas de juros nos Estados Unidos têm desencadeado um amplo processo de reprecificação de ativos que impacta diretamente os mercados emergentes, especialmente o Brasil, exacerbando a pressão sobre o dólar enquanto os juros futuros disparam”, destaca Spiess.

Tensão no Oriente Médio

Também está no radar do mercado a escalada da tensão no Oriente Médio. No final de semana, o Irã atacou Israel com mais de 300 drones e mísseis. Embora a defesa israelense tenha conseguido interceptar 99% do ataque, o país prometeu retaliação.

A grande preocupação é com o petróleo. Vale lembrar que o Irã é um dos maiores produtores da commodity e conflitos na região tendem a afetar os preços do petróleo. Por enquanto, a cotação está se mantendo perto dos US$ 90, mas, no caso de uma disparada, o petróleo pode acabar influenciando na inflação.

A alta de uma inflação global pode colocar em jogo todo o trabalho feito pelos bancos centrais no controle dos preços e pode atrapalhar os planos de cortes de juros.

Além disso, o dólar é considerado um investimento mais seguro quando o mundo está em um momento de conflito, fazendo com que os investidores deixem de lado as moedas emergentes.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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