Arena do Pavini

“Efeito XP” reduz taxas de corretoras para investir no Tesouro Direto; 15 são isentas

20 abr 2017, 20:18 - atualizado em 05 nov 2017, 14:05

Mercados

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

A movimentação da corretora XP Investimentos para abrir seu capital, que incluiu uma política agressiva de crescimento desde o fim do ano passado no número de clientes por meio da isenção de tarifas, aquisição de concorrentes e intensa campanha de marketing, provocou uma guerra de preços no mercado, levando outras instituições a reduzirem seus custos de corretagem e custódia ou de transferência de recursos. Um movimento muito bom para o investidor, que paga hoje menos para investir em papéis públicos no Tesouro Direto ou em ações. A expectativa,  porém, é que esse movimento se reverta após a abertura de capital, quando a XP, com novos acionistas, deve se voltar para o aumento da rentabilidade e menos para o crescimento.

Quinze corretoras isentas

A isenção no Tesouro Direto era uma forma de as corretoras atraírem investidores, que depois trariam suas carteiras de ações e outros papéis. Nos últimos cinco anos, porém, com a bolsa em baixa, a maioria das corretoras passou a cobrar pelo Tesouro também. A situação voltou a mudar com a alta da bolsa e a tentativa das casas de conquistar mercado, de olho também em potenciais compradores de seus negócios.

Hoje, 15 corretoras não cobram a taxa de administração anual no Tesouro Direto de seus clientes (ver abaixo). Cinco cobram 0,10% ao ano, seis cobram 0,20%, 13 cobram de 0,23% a 0,25% ao ano, 11 cobram 0,30% ao ano e sete cobram de 0,40% a 0,45% ao ano. Apenas oito cobram 0,5% ao ano. Em geral, as taxas mais altas são dos bancos de varejo, com 0,40% ao ano na Caixa Econômica Federal e no Santander e 0,50% no Bradesco, BB Investimentos e Itaú Unibanco. Além dessa taxa, a bolsa B3 cobra 0,30% ao ano pela custódia dos títulos. A lista completa está no site do Tesouro Direto.

A última a isentar os investidores no Tesouro Direto foi a Ativa Investimentos, do Rio. A corretora deixou de cobrar a taxa de administração para os clientes no começo deste mês, o que vale também para as aplicações em papéis privados como LCI, LCA, CDB e debêntures. A corretora também isentou os clientes da taxa de retirada do dinheiro.

Busca por crescimento acelerado

O mesmo movimento de busca agressiva por crescimento foi adotado por corretoras que procuravam parceiros estratégicos, caso da Rico, vendida para a própria XP, ou da Easynvest, que recebeu um aporte do fundo americano Advent em março. O fundo pagou R$ 200 milhões por cerca da metade do capital da Easynvest, que cresceu nos últimos anos oferecendo isenção nas aplicações de Tesouro Direto e renda fixa quando outras corretoras, como a Rico, passavam a cobrar. Um mês antes da aquisição da participação pelo fundo, a Easynvest mudou sua forma de cobrança para ações, de R$ 30 no mínimo por mês para R$ 10 por operação.

IPO da XP

O objetivo dos fundos de private equity é fazer a empresa crescer no menor tempo possível para vender sua participação, como ocorre hoje com a XP, que tem como sócio, com 49% do capital, o americano General Atlantic. Depois que o fundo aumentou sua participação, a corretora acelerou sua estratégia de crescimento, no fim do ano passado. A expectativa é de que a abertura de capital da XP, prevista para meados do ano, movimente R$ 4 bilhões, o que significaria um valor de mercado da empresa de R$ 20 bilhões.  Nada mau para o fundo, que pagou cerca de R$ 900 milhões pela metade da empresa.

Melhora da bolsa ajuda

A guerra de tarifas é favorecida também pela melhora da bolsa brasileira, que amplia os ganhos das corretoras, explica Caio Weil Villares, presidente da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord). “O momento positivo para a bolsa ajuda as corretoras, pois ele e o principal indutor da performance das instituições”, diz, acrescentando que “não sei quanto tempo essa melhora vai dura, mas isso ajuda.”

Ele destaca ainda a consolidação do mercado brasileiro de corretoras, com a líder independente XP com uma política agressiva de tarifas, aquisições e de marketing. O mesmo ocorreu com a Easynvest, que recebeu um aporte de capital importante do novo sócio. “ Se o mercado de ações se estabilizar ou cair, as receitas caem e podemos ter um impacto muito negativo por conta dessas isenções”, diz.

Estabilização após o IPO de XP

Villares acha que o movimento de abertura de capital da XP pode ser importante para estabilizar novamente os preços do mercado de corretagem. “Depois de vendida, a XP vai ter de mudar sua política, pois essas práticas mais agressivas comercias não devem ser toleradas em uma empresa aberta, que tem de dar lucro para os acionistas”, diz.

Mas ele lembra que outra estrangeira pode vir para o país com novas práticas agressivas.

Bancos também se mexem

A movimentação mais agressiva das corretoras começa a incomodar alguns bancos. Neste mês, o Itaú Unibanco lançou uma campanha buscando oferecer produtos de outras instituições, especialmente fundos de investimento, bem como os serviços da corretora para os clientes do segmento de varejo de alta renda, o Personnalité. As aplicações, porém, ainda são limitadas pelos valores altos. Para aplicar em um fundo da Verde Asset, o investidor do Itaú precisa ter R$ 1,5 milhão de investimentos. A oferta de serviços da corretora também é limitada a avisos de algumas operações.

Enquanto isso, os investidores podem aproveitar a isenção para aumentar os ganhos no Tesouro Direto. É preciso observar, porém, se a isenção na taxa de administração não é compensada pela cobrança de outras tarifas, como de transferência dos recursos.

Na faixa
Corretoras com taxa zero no Tesouro Direto
Ativa
Banco Modal
Brasil Plural
Clear
CM Capital
Easynvest
Genial (Ex-Geração Futuro)
Gradual
Guide
H. Commcor
Intermedium
Modal DTVM
Spinelli
Tullett Prebon
XP Investimentos

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