Em caso de vitória de Bolsonaro, Ibovespa pode disparar nos próximos dias?

Às vésperas do segundo turno das eleições, o Ibovespa foi atingido por uma onda de elevada volatilidade.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) protagonizam uma disputa acirrada para o cargo de presidente da República. As incertezas envolvendo os resultados das urnas fizeram com que o principal índice da Bolsa brasileira saísse de uma valorização de 7% na semana passada para uma queda acumulada de mais de 4% nestes últimos cinco pregões.

De sinalizações de uma retomada de Henrique Meirelles como ministro da Economia em um eventual governo Lula a “efeito Roberto Jefferson” e acusações de irregularidades na veiculação das inserções de rádio da campanha de Bolsonaro, investidores buscam nas pesquisas eleitorais o nome que governará o Brasil a partir de 2023.

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Nas últimas semanas, o mercado respondeu positivamente ao avanço de Bolsonaro nas pesquisas de intenções de voto. Em caso de reeleição do atual presidente, analistas avaliam que a dose deve se repetir, com o Ibovespa podendo subir no curto prazo.

Fôlego para estatais

De acordo com André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, o movimento recente do mercado de ações brasileiro parece precificar a manutenção do governo atual.

“Você percebe que mercado estava na aposta da manutenção de um governo que seja voltado para privatização e não interferência das estatais”, comenta.

Luzbel acredita que, caso Bolsonaro consiga virar no segundo turno, o Ibovespa presenciará um provável rali de alta, semelhante ao que o mercado viu no pós-primeiro turno.

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As ações mais beneficiadas nos primeiros pregões após os resultados deste domingo (30) seriam de estatais, sob expectativa de maiores chances de privatização, destaca.

Luzbel lembra que foi o governo Bolsonaro que privatizou a Eletrobras (ELET3) via oferta de ações que movimentou cerca de R$ 29,3 bilhões (desconsiderando lote suplementar).

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, diz que a valorização da Bolsa pode ser expressiva em caso de vitória de Bolsonaro, com Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) puxando o Ibovespa para cima.

Komura reforça que, nos preços atuais, as ações dessas duas empresas estão bastante descontadas, principalmente por causa da incerteza envolvendo as eleições.

“Caso dê Bolsonaro, a gente acredita que essa incerteza pode se reduzir pelos próximos quatro anos. Isso quer dizer que as empresas vão poder focar no lucro e na geração de caixa e, possivelmente, na distribuição de dividendos”, diz o especialista.

Luzbel, da SVN Investimentos, ressalta, no entanto, que o Ibovespa pode sofrer pressões baixistas pela performance superior no ano em relação a outros índices globais.

O Ibovespa acumula valorização no ano tanto em dólar quanto em real, enquanto as Bolsas de fora, como o S&P 500, caem forte, lembra o diretor.

“A gente está extremamente descolado em relação a lá fora”, afirma.

O movimento atual do mercado também reflete a situação econômica global, com investidores de olho nos próximos passos do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed).

Na avaliação de Sergio Gaspar, CEO da Autem Investimentos, o peso do fator externo parece ser ainda maior do que as eleições.

Ações que ganham com Bolsonaro

De longe, estatais sairiam beneficiadas em um eventual segundo mandato de Bolsonaro.

Além de Petrobras e Banco do Brasil, a Guide Investimentos cita Sabesp (SBSP3), levando em consideração a vantagem do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) na corrida para o cargo de governador do Estado de São Paulo.

Dentro de um cenário de vitória de Bolsonaro, a lista da Genial Investimentos inclui Multiplan (MULT3), Americanas (AMER3) e SLC Agrícola (SLCE3).

No caso de Multiplan e Americanas, essas duas empresas têm em comum o cenário base de austeridade fiscal e juros baixos, explica a corretora.

“As ações de shoppings costumam ser comparadas à taxas de títulos públicos federais de longo prazo”, afirma.

Na “Carteira Bolsonaro” da Levante, além de estatais e da recém-privatizada Eletrobras, aparecem Cyrela (CYRE3), Multiplan, Vivo (VIVT3), Magazine Luiza (MGLU3), Grupo Soma (SOMA3) e Cemig (CMIG4).

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