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Em caso de vitória de Lula, Ibovespa sofrerá nos próximos dias?

29 out 2022, 9:00 - atualizado em 29 out 2022, 12:39
Ibovespa
O que esperar do Ibovespa no curto prazo, caso Lula volte ao poder? (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A competição acirrada entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) está mexendo com os mercados em outubro, com a volatilidade desta semana empurrando o Ibovespa para baixo.

De sinalizações de uma retomada de Henrique Meirelles como ministro da Economia em um eventual governo Lula a “efeito Roberto Jefferson” e acusações de irregularidades na veiculação das inserções de rádio da campanha de Bolsonaro, os acontecimentos deste mês geram grandes incertezas entre os investidores, que tentam pescar das pesquisas eleitorais o nome que irá presidir o Palácio do Planalto a partir do próximo ano.

Mas, afinal, o que esperar do Ibovespa no curto prazo, caso Lula volte ao poder?

Incerteza predomina

Em caso de eleição de Lula, o Ibovespa deve sofrer pressão no curto prazo, avaliam analistas do mercado.

André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, reforça que a Bolsa brasileira deve seguir a mesma dinâmica que vinha apresentando nas últimas semanas: quando o cenário de vitória se mostrava mais favorável a Lula, o mercado reagia mal.

De acordo com Luzbel, o Ibovespa tem muito espaço para sofrer uma pressão baixista no curto prazo, visto que o índice acumula valorização no ano tanto em dólar quanto em real, enquanto as Bolsas de fora, como o S&P 500, caem forte.

“A gente está extremamente descolado em relação a lá fora”, afirma.

Luzbel destaca que o mercado deu sinalizações positivas em relação à retomada do governo Lula algumas vezes, mas a falta de clareza quanto à indicação do novo ministro da Economia aumenta a aversão a risco.

“O mercado teve uma melhora considerável quando entendeu que ele [Lula] poderia anunciar [Henrique] Meirelles. Ele não deixou isso claro”, ressalta Luzbel.

Pela leitura do diretor, o mercado parece precificar a manutenção do governo atual, de Bolsonaro.

O gestor de renda variável da Daycoval Asset, Anand Kishore, tem dúvidas quanto a um potencial rali da Bolsa local após os resultados das urnas.

Isso porque, além da situação delicada do cenário externo (aperto monetário, risco de recessão global, conflitos geopolíticos), o mercado precisa ter mais clareza sobre a relação entre o novo governo e o Congresso Nacional.

“A Bolsa brasileira tem potencial de alta maior no primeiro trimestre de 2023, conforme fique clara a relação do novo governo com o Congresso Nacional, assim como a composição do Executivo e do Legislativo”, avalia.

Pressão das estatais

Existe outro ponto que faz analistas acreditarem em sessões negativas para o Ibovespa caso Lula saia vencedor no segundo turno.

As estatais, de peso relevante no índice, devem ser as mais penalizadas no pregão, com o mercado avaliando riscos de intervenção política nas empresas e baixa possibilidade de privatização.

Vale lembrar que a Petrobras (PETR3;PETR4) e o Banco do Brasil (BBAS3) figuram entre os melhores desempenhos do Ibovespa em 2022, com as ações preferenciais da petroleira avançando mais de 70% e o banco subindo acima de 40%.

“Foi Petrobras que segurou o Índice [Bovespa]. Teoricamente, ela teria um caminho enorme para voltar”, reforça Luzbel, da SVN Investimentos.

Victor Candido, economista-chefe da gestora RPS Capital, também acredita que a eleição de Lula pesará sobre as estatais, em especial a Petrobras.

“Lula já deixou claro que a Petrobras vai voltar com uma política de preços que é nociva para a empresa, uma política que não é melhor para o retorno dos acionistas”, diz o especialista.

Parte do fôlego engatado pelas ações da Petrobras veio por conta dos gordos dividendos anunciados pela companhia ao longo de 2022. Com uma eventual volta de Lula, agentes do mercado avaliam que existem riscos para a política de distribuição dos proventos.

Ações que ganham com Lula

Segundo analistas, ações expostas a possíveis programas setoriais, como aumento real do salário mínimo, maior distribuição do Bolsa Família e retomada de Fies e Minha Casa, Minha Vida, ganham com a vitória de Lula nas eleições.

No caso do Fies e do Minha Casa, Minha Vida, a perspectiva de retomada desses dois programas impulsionam os setores de construção civil e educação na Bolsa, avaliam especialistas.

Segundo a Órama, em um cenário com Lula de volta à presidência, o varejo sairia beneficiado. A Via (VIIA3), disse a corretora, seria um “excelente veículo” para aproveitar o momento.

Um novo governo petista poderia impulsionar as vendas de empresas do varejo discricionário, incluindo aquelas expostas a itens de linha branca e eletrodomésticos, comenta a corretora.

No caso das construtoras, a Órama destaca as empresas com maior exposição ao segmento de baixa renda, com Direcional se sobressaindo por “ter um corpo executivo competente e operar a um múltiplo relativamente descontado”.

No setor, a MRV (MRVE3) é citada por Genial Investimentos e Guide Investimentos em uma “cesta Lula”.

Elas também falam em Yduqs (YDUQ3), mas somente a Guide lembrou da Ser Educacional (SEER3).

A cesta Lula, na visão da Guide, inclui também Ambev (ABEV3), Assaí (ASAI3), Randon (RAPT4) e Marcopolo (POMO4) na “cesta Lula”.

A Genial citou PRIO (PRIO3), Bradesco (BBDC4) e Eletrobras (ELET3).

Na carteira de “ações Lula” da Levante estão MRV, brMalls (BRML3), TIM (TIMS3), Magazine Luiza (MGLU3), Guararapes (GUAR3), Gerdau (GGBR4) e Yduqs.

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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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