Empresa uruguaia aposta em armazenamento de soja em silos-bolsa

Marcos Guigou, um investidor veterano do setor agrícola, não espera que a pandemia de coronavírus prejudique as exportações de soja da próxima colheita, mas quase triplicou a capacidade de armazenamento em silos-bolsa.

Guigou disse que comprou bolsas suficientes para armazenar cerca de 55% das 90 mil toneladas de soja que espera produzir este ano. Em um ano normal, o volume das bolsas plásticas, que permitem armazenar soja por meses no campo, tem capacidade para estocar 20% da colheita.

“Quando a colheita está no ponto, ou você colhe ou perde”, disse Guigou, diretor executivo da Agronegocios del Plata (ADP), uma das maiores empresas agrícolas do Uruguai. “A melhor solução é colher e armazenar no local”, se necessário, afirmou em entrevista.

O governo do Uruguai declarou emergência nacional de saúde no mês passado em resposta ao vírus que matou duas pessoas e contagiou pelo menos 338 no país.

Autoridades evitaram impor um bloqueio total à mobilidade da população e mantiveram fronteiras terrestres e portos abertos ao comércio.

A ADP intensificou medidas de higiene pessoal para funcionários e solicitou que a equipe administrativa de alto risco trabalhasse em casa, disse Guigou.

Toda a cadeia logística que transporta a soja dos campos para silos e portos com destino ao mercado global também busca reduzir o contato entre trabalhadores para limitar a propagação do vírus, disse o executivo por telefone.

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Guigou disse que o clima seco em março reduzirá a produtividade nos 35 mil hectares que cultiva com a ADP e outras empresas para cerca de 2,5 mil quilos por hectare.

A ADP vendeu entre 15% e 20% da produção esperada de soja antes da colheita, em comparação com 30% ou mais em anos de preços mais altos, disse.

Os preços locais da soja, de US$ 310 a US$ 315 a tonelada, provavelmente estão um pouco abaixo do ponto de equilíbrio para muitos agricultores, disse Guigou, cuja estimativa é de que os preços cheguem a US$ 350 no fim do ano, com as compras da China para aumentar os estoques.

“Com esses preços, as pessoas não estão vendendo”, disse.