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Empréstimos: O que você precisa saber antes de contrair dívida para seu negócio

11 fev 2022, 15:05 - atualizado em 11 fev 2022, 15:05
Empréstimo
Especialistas recomendam cautela na hora de decidir realizar empréstimos (Imagem: Pixabay)

Muitas empresas tiveram que recorrer a empréstimos no Brasil durante os últimos dois anos devido às dificuldades econômicas impostas pela pandemia.

Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de metade dos pequenos e médios negócios do país recorreu a linhas de crédito em 2021 para continuar de portas abertas.

Um dinheiro extra pode ser importante – ou até mesmo essencial – para manter as operações de uma empresa em momentos de necessidade. Especialistas recomendam, no entanto, cautela na hora de decidir contrair uma dívida para seu negócio.

Os mesmos dados do Sebrae, disponibilizados na pesquisa “O Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, de dezembro de 2021, mostram que, atualmente, 54% dos pequenos negócios têm um terço dos seus custos mensais comprometido com as dívidas.

Para Thomaz Martins, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper, o crédito deve ser sempre a última opção para empresas que já operam.

“O primeiro ponto é evitar ao máximo pegar uma dívida. Quando isso não for possível, tenha o máximo de informações sobre sua empresa, o máximo de aprendizado possível sobre seu negócio no momento de pegar qualquer tipo de empréstimo”, aconselha.

Martins acredita que o primeiro passo deve ser sempre a tentativa de optimização das operações.

Segundo ele, quando um empreendedor conhece bem o seu negócio, ele é capaz de mapear sua empresa e torná-la mais enxuta em momentos de necessidade, de forma a diminuir seus custos.

Ter o negócio bem mapeado também faz com que, no caso da realização de um empréstimo, o dinheiro que chega não seja mal empregado e garante ao empreendedor o planejamento de como a empresa poderá devolver o dinheiro do empréstimo na ocasião de sua quitação.

Novos empreendimentos

No que se refere à contratação de crédito para a abertura de um novo negócio, o cuidado deve ser redobrado.

Para Martins, testes de encaixe entre o produto ou serviço ofertado e mercado devem ser priorizados, antes de se considerar contrair uma dívida.

“Faz sentido trabalhar com a produção de terceiros, fazer em menor escala, testar clientes, fazer entrevistas e trabalhar nos processos de aprendizado da empresa. […] Mesmo que você talvez fique um tempo sem lucrar, pelo menos não vai criar um rombo de caixa logo no começo do seu empreendimento”, diz.

Opções

Cabe ao empreendedor que decide realizar um empréstimo analisar quais instituições oferecem melhores condições ao seu negócio.

Os caminhos mais comuns são os bancos públicos, bancos privados, cooperativas de crédito e, mais recentemente, algumas fintechs.

Segundo o Sebrae, apesar de a maioria dos empresários buscar empréstimos em bancos públicos, as cooperativas de crédito ultrapassam os bancos nas taxas de sucesso para obtenção do crédito.

O Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) foi apontado como uma das instituições que proporcionalmente mais liberaram crédito ao longo de 2021. Segundo a própria instituição, cerca de 50% de todas as operações de crédito são feitas à pessoa jurídica. Destes 50%, 85% são de pequenas empresas.

Para Francisco Reposse Jr., diretor de negócios da cooperativa, o grande diferencial da instituição está no oferecimento de diferentes soluções de crédito de maneira integrada.

“Não estamos falando só de uma linha de crédito. Você precisa ter um cartão de alimentação, de uma maquininha para fazer cobrança, máquina para fazer seus faturamentos, poder antecipar vendas no cartão, entre outros.  Hoje, está muito difícil de ficar mantendo conta em diversas instituições, então, você acaba concentrando tudo em um lugar só”, explica.

Quando perguntado sobre perspectivas da instituição após o aumento da taxa básica de juros (Selic) a 10,75%, Reposse afirmou que será um momento novo para a cooperativa na concessão de crédito, mas que isso não significa que as concessões diminuirão.

Para ele, as instituições devem orientar e conceder empréstimos com responsabilidade, visando maiores chances de prosperidade nos empreendimentos beneficiados.

“O grande segredo é buscar informações de como funciona o fluxo de caixa e de qual é o impacto dessa taxa de juros dentro do seu negócio. Não é só vender crédito, tem que ter responsabilidade em ambos os lados. De quem dá o crédito e quem toma o crédito. Nós não vamos negar, mas sim avaliar e orientar bem os tomadores”, completa Reposse.

Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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