Meio Ambiente

Entrada do Brasil na Opep+ é pisar em fio desencapado, diz ex-governador do Espírito Santo

05 dez 2023, 16:52 - atualizado em 05 dez 2023, 16:52

Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e especialista em questões ligadas ao Meio Ambiente, criticou a possível entrada do Brasil na Opep+, cartel que reúne os maiores produtores de petróleo do mundo.

Convidado na última quinta-feira, membros do governo, incluindo o presidente Lula, sinalizam que o Brasil aderirá à organização, embora ressaltem que o país será um mero expectador.

Para Hartung, em entrevista a Felipe Miranda, em live realizada em comemoração aos 14 anos da Empiricus, a missão do Brasil é colocar fim ao desmatamento, ao garimpo, à grilagem de terra, e, ao mesmo tempo, criar instituições, como o mercado regular de carbono nacional.

“Avançar no etanol de segunda geração, no hidrogênio, em outras fontes de energia. Esse é o nosso desafio. O tema é transição energética, podemos estar em um modelo de transição energética e sendo percebido pelo mundo como alguém comprometido com o tema. Quando vamos para essa discussão [entrar na Opep], tropeça nas próprias pernas”, explica.

O ex-governador lembra que o Brasil recebeu o título “Fóssil do dia” após a adesão à Opep. O prêmio é concedido de forma irônica pela Rede de Ação do Clima (CAN, na sigla em inglês), formado por ativistas da área.

“Isso poderia ter sido evitado. Não está fácil liderar nesse mundo complexo que estamos vivendo. Tem muito fio desencapado. Esse negócio de Opep foi pisar em um fio desencapado. Quando precisamos fortalecer a nossa imagem, fizemos um jogo contra”, coloca.

Brasil precisa ter inteligência

Na visão do especialista, investir em outras fontes de energia não significa que o Brasil deve abandonar a produção e exploração de petróleo.

O país é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (petróleo e gás) em setembro.

“Tem que ter equilíbrio e racionalidade, bom-senso e temos que ter uma inteligência aguda para viver nesse mundo de conflitos, como Hamas, Israel, China e Estados Unidos brigando por saber quem lidera o mundo, Rússia invadindo a Ucrânia“, argumenta.

Em sua opinião, o planeta passa por mudanças, em meio a um rearranjo da globalização, enquanto o governo precisa ter sabedoria para fazer escolhas.

“Se tem uma briga de cachorro grande e não é minha, não vou entrar. Vamos conviver com os dois brigões. Eu quero o bem da população brasileira”, completa.

Lula quer Opep limpa

O presidente disse que o Brasil vai participar da Opep+ com o objetivo de convencer os países produtores de petróleo a fazer a transição energética e se preparar para o fim do uso dos combustíveis fósseis, em fala neste sábado (2) durante a COP 28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em Dubai.

“A Opep+, acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis, e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram para fazer investimento para que os continentes como o africano e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde”, disse.

Com Reuters

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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