Comprar ou vender?

Entrevista: Atuação de insiders sugere mercado um pouco caro, diz Suno Research

16 mar 2017, 13:11 - atualizado em 05 nov 2017, 14:06

tiago reis

A atuação dos “insiders” no mercado de ações sugere que a Bolsa brasileira está um pouco cara, avalia o sócio-fundador da Suno Research, Tiago Reis. “Em fevereiro, os insiders das empresas (diretores, controladores e membros do Conselho de Administração) aproveitaram para vender muito as ações”, explica Reis em uma entrevista concedida ao Money Times.

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O acompanhamento dos movimentos dos “insiders” é uma das estratégias da Suno para se destacar no mercado de análise de investimentos, que acaba de adentrar. Além da cobertura de ações, a casa almeja ajudar o fomento dos fundos imobiliários. “Percebemos que quem têm gosta muito e, quem não têm, é porque não conhece o produto”, explica.

Veja, abaixo, os principais trechos da conversa:

Como você avalia o patamar do mercado atualmente?

Achamos que a Bolsa andou um pouco na frente das condições macroeconômicas. Além disso, os resultados do quarto trimestre das empresas têm sido ruins e a queda da taxa de juros empurrou muita gente para posições mais arriscadas. Isso não impede, contudo, de ainda termos alguns casos de boas oportunidades. O mercado parece precificado levemente acima do que deveria.

Quais ações ou fundos são boas oportunidades agora?

Vou falar uma de cada área. Em ações, gostamos muito da Unipar (UNIP6). Achamos que é a ação mais barata da Bolsa.  Ela gera muito caixa e tem estabilidade de margens e fez um movimento transformacional na virada do ano, quando comprou a Solven, que opera com PVC na área petroquímica. Em termos de receita, a empresa vai mais do que dobrar de tamanho.

A Unipar era uma petroquímica anteriormente, quando vendeu esses ativos para a Braskem e ficou com a Carbocloro, que trabalha com ácido clorídrico e soda cáustica. Este mercado parece um pouco com o de cimento. São oportunidades regionais e que geram muito caixa. Desde 2013 a companhia comprou 100% da Carbocloro e acumulou uma dívida que, no final do ano passado, era quase zero.

A gestão então se viu em uma situação muito favorável de, ou distribuir o caixa aos acionistas, ou partir para uma aquisição. Aí ela decidiu comprar a Solven, na parte de PVC e voltou à área petroquímica. Ela se endividou novamente, mas espera que com a boa gestão possa resolver isso. Têm ainda alguns acionistas minoritários que gosto no Conselho, como o Luiz Barsi e o Daniel Alberini.

Para fundos imobiliários, destaco o CSHG JHSF Prime Offices (HGJH11). É um produto entre os menos ariscados dos que indicamos e cujo principal ativo é um prédio que possui uma unidade do restaurante Parigi, na rua Amauri, em São Paulo. O empreendimento contém escritórios que não têm muita densidade por metro quadrado. Ali, por exemplo, o metro quadrado sai a R$ 16 mil e um aluguel por R$ 125 mil. Acreditamos que o preço deve subir de maneira significativa quando a economia melhorar.

São Paulo está com uma vacância de 25% e isso pressiona também a área alugada. Esse imóvel tem uma vacância histórica de metade da cidade e que hoje está em 12%. Isso não significa, contudo, que ele não é pressionado pelo mercado porque os inquilinos são bombardeados de novas ofertas abaixo do preço. Acredito que quando a média histórica voltar, o aluguel pode chegar a R$ 160 mil. Isso fora a inflação até lá.

A Suno iniciou as atividades recentemente. Qual é o foco da casa?

Temos visto uma receptividade maior do que esperávamos e até cancelamentos da concorrência para nós. Vale a pena destacar um relatório mensal que temos com a movimentação dos insiders, o “Insider’s Eye”. Em fevereiro, os insiders das empresas (diretores, controladores e membros do Conselho de Administração) aproveitaram para vender muito as ações. Isso corrobora com a nossa visão de que o mercado está um pouco caro.

Outro que temos é o “Yellow Flag”. São situações que julgamos de perigo. Muitas casas de análise costumam apenas repetir o que os “RI’s” (Departamentos de Relações com Investidores) das empresas falam. Aqui a nossa ideia é ter uma visão mais crítica. Tentamos expor alguns casos que julgamos frágeis, tanto de valuation elevado, quanto de contabilidade questionável.

Temos também dois relatórios de fundos imobiliários por semana, que estamos tentando nos tornar formadores de opinião. Um que soltamos em toda sexta-feira, por exemplo, é o stock guide com detalhes de cada fundo, mas com especificidades como vacância e preço do aluguel. Isso ajuda para quem deseja acompanhar o mercado inteiro. Percebemos que quem têm os fundos gosta muito e, quem não têm, é porque não conhece.

O que vem por aí?

Temos uma parceria interessante com o investidor Luiz Barsi, que convencemos a deixar um legado dele com a nossa ajuda. Acredito que um dos motivos para não termos um mercado tão desenvolvido é a pouca literatura dos exemplos dos grandes investidores. E, por isso, acreditamos que ele é um personagem importante. Vamos lançar um livro com ideias dele e cujos royalties serão doados. Vamos focar na mentalidade que nós julgamos certa, que é a do investidor de longo prazo nas companhias. A visão da Suno é ser parceira dos investidores do Brasil e queremos trazer toda a forma de conteúdo que o ajude, como eventos.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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