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Entrevista: Não compramos empresas para “empilhar receitas”, diz CEO da Locaweb

04 mar 2021, 11:20 - atualizado em 23 mar 2021, 11:58
Locaweb
Após encerrar 2020 com cinco ativos a mais no portfólio, a Locaweb segue em ritmo acelerado de crescimento via M&As (Imagem: Divulgação/Locaweb)

A Locaweb (LWSA3) tem despontado como um dos principais nomes do setor de tecnologia, e não sem motivo: além de ver suas ações dispararem em torno de 400% na Bolsa desde a realização da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em fevereiro do ano passado, a companhia tem chamado a atenção pela agenda agressiva de aquisições.

Após encerrar 2020 com cinco ativos a mais no portfólio, a Locaweb segue em ritmo acelerado de crescimento via M&As (fusões e aquisições). Logo nos primeiros dois meses de 2021, a companhia anunciou a aquisição de Connectplug, Credisfera e Dooca. Isso foi o bastante para que ela se tornasse aos olhos do mercado uma “máquina” quando o assunto é comprar empresa.

Nesta semana, a Locaweb ampliou sua lista de M&As e anunciou a aquisição de mais um ativo, a Samurai, por R$ 9,8 milhões. A operação foi realizada por meio da subsidiária Tray e visa somar forças com a divisão de e-commerce da companhia.

Como explicar tanto sucesso em tão pouco tempo? Para o CEO Fernando Cirne, mais do que as tendências favoráveis do setor, como a migração do offline para o online, o segredo está no planejamento. Em entrevista ao Money Times, o executivo contou como está construindo um ecossistema completo de empresas com produtos e soluções que conversam entre si.

“Nós fomos muito assertivos em aquisição. Não é só volume. As nossas aquisições se encaixam muito uma na outra. Tem muito sentido o que a gente comprou. Não é empilhar receita”, afirmou.

Universo Locaweb

Cirne disse que a Locaweb tinha na época da sua oferta de ações seis MOUs (memorando de entendimento) assinados ou em negociação. Parte deles já levou ao fechamento de acordos de compra, como de Dooca e Credisfera.

As empresas são escolhidas pensando na jornada do cliente. Segundo Cirne, a ideia da Locaweb é expandir seu ecossistema com ativos que vão “resolver a vida inteira” dele para que todas as suas necessidades possam ser atendidas dentro do ecossistema da companhia.

Fernando Cirne, CEO da Locaweb
Fernando Cirne, CEO da Locaweb (Imagem: Divulgação/Locaweb)

Não faz muito tempo que a Locaweb trabalhava apenas com a Tray, sua plataforma de e-commerce, o Yapay, solução criada em 2017 para pagamentos, e a All iN, empresa voltada para o marketing inteligente.

Para atender as demandas do cliente, a Locaweb tratou de aperfeiçoar seu sistema por meio de aquisições estratégicas. A Social Miner, por exemplo, virou a parte de big data e inteligência artificial para a All iN. Já a Vindi, plataforma de gestão de assinaturas e pagamentos recorrentes, tem suas operações diretamente ligadas ao Yapay.

Cirne deu mais alguns exemplos de integração das operações da Locaweb. Em financial service, a companhia quer que, no próprio painel da Tray, o cliente possa realizar empréstimos, ligando a plataforma de e-commerce aos serviços da Dooca.

Na parte de logística, um dos setores que mais cresceram na pandemia, o cliente não precisa mais contratar um serviço de fora, já que a Locaweb comprou a Melhor Envio e integrou as operações da empresa na Tray.

Estoques Logística
Com a compra da Melhor Envio e a integração das operações da empresa na Tray, o cliente da Locaweb não precisa mais contratar um serviço de logística de fora (Imagem: Reuters/Richa Naidu)

“Eu tenho que comprar empresas que se encaixam dentro desse ecossistema”, reforçou Cirne. “Não é comprar uma empresa solta; é comprar algo que converse, que tenha a ver com a jornada do cliente. É isso que faz a gente escolher a empresa. Essa visão de comprar as empresas porque elas se encaixam entre si é o que o investidor gostou na Locaweb”.

O CEO disse que as empresas adquiridas vão trazer no próximo ano uma receita recorrente, desconsiderando sinergias, de pelo menos R$ 100 milhões.

“De cara, estou trazendo um crescimento de 20% na receita líquida no ano que vem com essas aquisições. Fora o que ela já cresce organicamente, que tem sido nos últimos 12 meses mais de 20%. Então, Locaweb vai crescer muito mais de 40% no ano que vem”, afirmou.

Locaweb LWSA3 IPO
Desde o IPO, as ações da Locaweb dispararam em torno de 400% na Bolsa (Imagem: LinkedIn/Locaweb)

Mercados a explorar

Segundo Cirne, existem ainda mais mercados que a Locaweb pode explorar.

Um dos segmentos que está na mira da companhia é o de social commerce. Essa categoria do e-commerce difere-se do comércio eletrônico realizado nas redes sociais, pois vai além do ato de comprar um produto ou serviço em plataformas como Facebook ou Instagram. O social commerce também trabalha com a interação nas redes sociais, onde o consumidor pode classificar sua experiência de compra. Na avaliação de Cirne, esse tipo de estratégia tem um futuro promissor e muito espaço para crescer.

O segmento de automação de marketing também chama a atenção da Locaweb, e há ainda a própria consolidação dos segmentos em que a companhia já atua.

“A gente não vai parar, ainda tem um funil com bastante empresa. A gente continua trabalhando no mesmo ritmo de aquisição. Não posso garantir que o output será igual, mas posso dizer que, internamente, trabalhamos com o mesmo ritmo com que trabalhamos no último ano. Temos a mesma vontade, as mesmas pessoas dedicadas, a mesma estrutura… A mesma disposição do primeiro ano será dedicada no segundo ano – e agora com caixa mais abastecido”, concluiu o CEO.

A Locaweb divulgará os resultados do quarto trimestre de 2020 em 24 de março, após o fechamento do mercado.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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