Perspectivas 2023

Estatais em 2023: É hora de vender Petrobras (PETR4) e BB (BBAS3) para comprar Copel (CPLE6) e Sabesp (SBSP3)?

28 dez 2022, 9:00 - atualizado em 30 dez 2022, 13:38
As estatais estão atreladas ao tipo de política econômica desenvolvida pelo governo (Montagem: Isabelle Santos)

As estatais terminam 2022 no positivo, mesmo em um ano eleitoral. De acordo com índice de estatais da Teva, com mais de 15 ações, entre elas Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras (PETR4), Copel (CPLE6) e Sabesp (SBSP3), as empresas valorizaram 24% neste ano.

Para analistas ouvidos pelo Money Times, o motivo da alta dos papéis foram muitos. Entre eles a valorização do petróleo, que fez a Petrobras quase dobrar de valor, embora a ação tenha realizado parte dos lucros, principalmente após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

No caso do Banco do Brasil, a instituição atingiu lucros recordes e maiores que seus concorrentes privados, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4).

Segundo Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, 2022 foi o auge do modelo de governança das estatais: o Banco do Brasil teve seu índice de sinistralidade estabilizado após a pandemia e a Petrobras foi beneficiada pelo impulso nos preços do petróleo no mercado internacional.    

“As modificações feitas nesses últimos anos, tanto na gestão dessas empresas quanto na regulamentação por trás dessas, permitiu que os negócios ganhassem eficiência operacional e registrassem resultados melhores”, coloca.

Porém, a chegada do governo petista traz alguns receios por parte do investidor, já que o próprio presidente eleito prometeu mudanças nas estatais, como alteração na política de preços da Petrobras, por exemplo.

Por outro lado, a eleição de governadores como Tarcísio de Freitas em São Paulo, Ratinho Junior no Paraná e Romeu Zema em Minas abriram espaço para a privatização de estatais estaduais.

O que 2023 reverva para as estatais?

Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, lembra que as estatais estão atreladas ao tipo de política econômica desenvolvida pelo governo.

Ele recorda que na gestão de Jair Bolsonaro, ainda que com falas de desejo intervencionista, a equipe econômica comandada por Paulo Guedes assumiu uma política de pouco intervencionismo e, “normalmente, quando isso é desenvolvido, os resultados das empresas tende a ser melhor”.

“Já no Governo Lula, as expectativas são de maior intervencionismo nestas empresas. Historicamente, o PT acredita que as estatais devem sofrer intervenções para proporcionar retornos mais diretos à população. Porém, tais políticas podem refletir negativamente para os resultados financeiros destas companhias”, coloca.

Apesar disso, Chinchila, da Terra, ressalta que as estatais federais ainda devem registrar bons resultados nos próximos trimestres.

“As decisões tomadas no passado devem continuar influenciando em breve e os setores em que essas empresas atuam demonstram estabilidade para os próximos trimestres”, discorre.

Porém, segundo ele, isso dependerá da manutenção do modelo de gestão no médio e longo prazo.

“Caso o governo decida fazer alterações que se afastem desse modelo, a lucratividade das empresas devem ser impactadas e a rentabilidade dos investidores reduzida”, observa.

Comprar Sabesp e vender Petrobras?

Diante desse cenário, fazer uma troca estratégica de estatais federais para estaduais é prudente?

De acordo com o analista da Terra, a equação não é tão simples. Isso porque, em sua visão, o movimento das privatizações já está precificado nesses ativos, “a não ser que algo novo aconteça”. O papel da Sabesp, por exemplo, já disparou 40% no ano.

“Essa troca de ativos deve ter como foco o longo prazo, imaginando que essas empresas estaduais apresentem maior eficiência operacional nos próximos anos, enquanto as mudanças penalizem as federais. Mas ainda é cedo para dizer que os resultados das estaduais serão melhores que as federais”, argumenta.

Cardozo, da Matriz Capital, diz que o investidor pode começar a pensar nessa mudança. 

“Para o mercado financeiro, as pautas de privatização costumam elevar o preço das ações. O racional para isso é uma possível melhoria que a privatização gera na eficiência destas empresas”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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