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Estes são os elementos essenciais para debelar crises na sua empresa

09 jun 2023, 9:00 - atualizado em 07 jun 2023, 19:17
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A combinação de ações de curto prazo e iniciativas estruturantes é indispensável à recuperação da empresa, explica Estevão Seccatto (Imagem: Pixabay/ StartupStockPhotos)

Grande é o risco de negar a crise ou aceitar a realidade tarde demais. A necessidade de mudança é desconfortável. Pequenas melhorias pontuais podem camuflar problemas estruturais, vícios que impactam negativamente os resultados. O status quo é sempre mais cômodo. Sair da inércia requer energia. Ações corretivas e modificações na forma de atuar são necessárias. Isso dá trabalho, mas a pior decisão é sempre “não decidir”, procrastinando a solução.

Superar crise não é apenas sobre gestão de caixa, e pode envolver desde a melhoria da rentabilidade até a “simples” preservação da empresa viva. Fazer um diagnóstico do negócio irá revelar a causa raiz dos problemas. O sucesso será baseado na equação “Efetividade da solução = Ações assertivas x Tempo”. A visão deve ser holística, focada em resultados, processos e pessoas. Geralmente os primeiros efeitos são sentidos com maior intensidade na tesouraria, podendo causar acomodação nas demais áreas, já que “a tesouraria deve buscar recursos”. Esse é um grande erro.

A combinação de ações de curto prazo e iniciativas estruturantes é indispensável à recuperação. Resolver os sintomas, e passar a focar energia nos problemas estruturais é interessante para atingir resultados perenes. O problema inicial mais aparente é o descasamento no caixa (é efeito e não causa). Deve-se objetivar a melhoria do resultado operacional, sem dívidas adicionais, para evitar que os ganhos sejam consumidos pela dívida.

Algumas informações de curto prazo incluem: alavancas de valor (operacionais e financeiras), qualidade das receitas (por cliente e canal), potencial de vendas em áreas não abrangidas pela empresa, margem de contribuição dos produtos ou serviços, custos e oportunidades com fornecedores (correntes ou substitutos), capital de giro, qualidade dos estoques, ciclo financeiro, produtividade e logística, despesas comerciais, de marketing, administrativas, projetos de investimento, endividamento, custo da dívida, garantias empenhadas e disponíveis, e linhas de crédito existentes.

Equipes adequadas, visão holística e diagnósticos: componentes essenciais

Equipes com os comportamentos adequados, senso de urgência, visão holística, atitude colaborativa, e com informações providas pelo diagnóstico, poderão avaliar as opções de curto prazo, em diferentes cenários. Os cenários podem ser, por exemplo, baixo crescimento econômico, inflação elevada, câmbio desfavorável ao modelo de negócio, crise sistêmica de algum segmento, crise mercadológica, geração operacional de caixa insuficiente para pagar a dívida, divergência de condução dos negócios entre os acionistas, disrupção do modelo de negócio por novas tecnologias, mudanças na legislação, perda de incentivos, etc.

Com base no diagnóstico e nos cenários, deve-se implementar ações (diferentes para cada cenário). Alguns cenários estão mais conectados às ações de longo prazo, mas podem exigir ações no curto: restruturação ou transformação do negócio, venda de unidades de negócio, fusões ou aquisições, reposicionamento do negócio (clientes, canais, marcas, produtos, serviços), mudança no modelo de produção, negociações com clientes e fornecedores, negociação com grupos de credores estratégicos, descontinuidade do negócio. Cada plano de ação dependerá de cada cenário, sua intensidade, tempo e alcance. A partir do diagnóstico e dos cenários, em diferentes intensidades, de conservador a agressivo, deve-se mapear as oportunidades e os desafios.

No primeiro sinal de crise, algumas ações podem ser tomadas de forma imediata (até que se definam os cenários e planos de ação): suspensão temporária de amortizações de dívidas, antecipação de recebíveis e operações de fomento, redução de prazos de recebimento de clientes (descontos comerciais), revisão de turnos de produção e setup de máquinas, redução de compras de estoques de segurança, planejamento de produção, redução de estoques, congelamento de novas contratações, transformação de custos fixos em variáveis, descontinuidade de produtos ou serviços com margens de contribuição negativas, renegociação de contratos comerciais com prestadores de serviço, venda de equipamentos fora de uso, renegociação e parcelamento de impostos.

Abordei algumas opções de ações em diferentes cenários. Existem dezenas de outras, que servirão em casos específicos. Reconhecer de forma célere os sinais de crise, identificar opções de manobra, realizar análise de cenários (atual, pessimista, e otimista), e se preparar para atacar cada cenário, pode fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso de um negócio em dificuldades.

Estevão é conselheiro e gestor de empresas, tendo assessorado mais de 110 empresas em diversos setores. Professor de Turnaround na FIA Business School e Empíricus Research. Colunista do Money Times, entre outros. Engenheiro naval (Poli/USP), extensão em economia (Harvard), finanças e marketing (USP), tecnologia (Singularty University), finanças descentralizadas (Duke University), mestrando stricto sensu em gestão (University of Liverpool) e MBA em Banking (FIA). Foi head global de M&A da Atento (NYSE), reestruturador de empresas pela KPMG e IVIX, diretor da G4S (LSE) e associado da Artesia private equity (investimento e IPO de 3 empresas).
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Estevão é conselheiro e gestor de empresas, tendo assessorado mais de 110 empresas em diversos setores. Professor de Turnaround na FIA Business School e Empíricus Research. Colunista do Money Times, entre outros. Engenheiro naval (Poli/USP), extensão em economia (Harvard), finanças e marketing (USP), tecnologia (Singularty University), finanças descentralizadas (Duke University), mestrando stricto sensu em gestão (University of Liverpool) e MBA em Banking (FIA). Foi head global de M&A da Atento (NYSE), reestruturador de empresas pela KPMG e IVIX, diretor da G4S (LSE) e associado da Artesia private equity (investimento e IPO de 3 empresas).
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