Saúde

EUA, Brasil, outros ‘populistas’ lidam mal com Covid, diz estudo

29 jan 2022, 14:00 - atualizado em 29 jan 2022, 0:49
Para os objetivos do estudo, 11 governos foram classificados como “populistas” (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e outras nações com governos “populistas” lidaram mal com a pandemia de Covid-19 em 2020 e causaram mortes desnecessárias com políticas relativamente brandas, de acordo com uma pesquisa acadêmica.

O excesso de mortalidade — o número de mortes além dos que poderiam ser esperados em um contexto sem pandemia — foi mais que o dobro, em média, nos países com governos considerados como “populistas”, disse Michael Bayerlein, pesquisador do Instituto Kiel para a Economia Mundial e um dos autores do artigo, em um release nesta quinta-feira.

A principal razão para a diferença foi que a “mobilidade cidadã” -– medida por dados do Google sobre o número de pessoas em lugares como supermercados ou parques –- era maior nesses países, com taxas de infecção semelhantes, segundo o estudo. O excesso de mortalidade foi de 18% em países ditos populistas e 8% em países considerados não populistas.

Para os objetivos do estudo, 11 governos foram classificados como “populistas”. Além dos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, a lista inclui Polônia, Eslováquia, República Tcheca, Hungria, Índia, México, Israel e Turquia.

Esses países eram menos propensos a implementar “políticas impopulares” para verificar a propagação da pandemia, como medidas de distanciamento, segundo os autores.

Eles também consideraram que a estratégia de comunicação dos governos populistas normalmente minimizava a gravidade da pandemia e desacreditava descobertas científicas. Os cidadãos estavam, portanto, menos inclinados a levar o vírus a sério e restringir movimentos por iniciativa própria.

Os EUA foram os que tiveram mais mortes por Covid, com quase 880.000 óbitos, seguidos pelo Brasil com quase 625.000, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Índia registrou mais de 490.000 e o Reino Unido, mais de 150.000 mortes.

Além de Bayerlein do Instituto Kiel, participaram do estudo pesquisadores na Suécia, Noruega, Holanda e Reino Unido.