Petróleo

EUA se aproximam de arqui-inimigos para barrar alta de petróleo

29 ago 2023, 17:32 - atualizado em 29 ago 2023, 17:32
Petróleo Estados Unidos Irã Venezuela
Petróleo volta a dar sinais de estabilidade, depois de dois meses de alta (Imagem: REUTERS/Sergei Karpukhin)

Após dois meses de forte alta, o petróleo começou a dar sinais de uma nova fase de acomodação. Os principais contratos devem terminar o mês de agosto com ganhos inferiores a 1,0%, com a introdução de novos e inesperados fatores de negociação.

Desde que atingiu um pico acima dos US$ 87 por barril no dia 9 de agosto, o Brent caiu para a mínima mensal de US$ 82 e busca agora os US$ 85. No dia, a negociação dos contratos da referência internacional de petróleo conta com uma alta de 1,49%.

Segundo o time de análise em commodities do Goldman Sachs, enquanto os cortes de produção acordados pela Opep+ continuam suportando a valorização do barril, sinais amplos de desaceleração da China colocam uma interrogação.

“Notícias da China vem sendo mistas, distribuídas entre riscos de queda relacionados ao setor imobiliário e uma demanda ainda sólida por petróleo”, consta a análise.

Além da sequência fraca de leituras do principal importador de petróleo do mundo, duas ações suscitadas pelo governo dos Estados Unidos podem trazer uma âncora no movimento altista do mercado.

Estados Unidos estudam afrouxar sanções contra Venezuela

Desde o final da semana passada, começou a circular na imprensa internacional a possibilidade de que autoridades dos Estados Unidos publiquem, em breve, uma proposta de afrouxamento das sanções econômicas contra o governo de Nicolas Maduro.

As sanções foram colocadas pelo governo americano ainda em 2018, quando Maduro foi reeleito em um processo considerado fraudulento por muitas nações do Ocidente.

Mas com o esforço dos países do G7 em coibir a exportação de petróleo da Rússia, setor-chave para o financiamento da máquina militar de Putin na Ucrânia, uma reconsideração da situação venezuelana tem sido feita pela administração de Joe Biden.

Vale considerar que a Venezuela é o país com a maior reserva de petróleo não explorada do mundo, o que a torna estratégica no contexto de crescente escassez do mercado. Porém, uma economia doméstica debilitada, acusações de corrupção e falta de investimentos em exploração levaram a Venezuela à produção anual de 700 mil barris por dia — a pior marca em 50 anos.

Analistas de petróleo explicam que o afrouxamento de sanções para companhias que operam na Venezuela pode elevar a produção da Venezuela à marca de 1 milhão de barris por dia até 2025. Até o momento, apenas a Chevron obteve a licença para realizar campanhas no país.

As condições colocadas por Washington para a suspensão das sanções giram em torno da garantia de novas eleições presidenciais livres e justas no país, que é governado autocraticamente por Nicolas Maduro desde 2013.

Já o retorno das big oils no país depende da restauração das condições produtivas dos campos de petróleo no país sul-americano, muitos dos quais se encontram inoperantes.

EUA-Irã: Troca de prisioneiros políticos abre possibilidade de novos acordos

Depois de dois anos de negociações a portas fechadas, os Estados Unidos e o Irã sagraram um acordo de troca de prisioneiros que, quando implementado, levará Teerã a liberar cinco americanos detidos no país persa.

Em troca, os Estados Unidos deverá liberar não só iranianos detidos no território americano, como também descongelará o acesso daquele país a bilhões de dólares em fundos soberanos.

Embora o acordo não aborde, em si, um afrouxamento de sanções sobre o setor de petróleo do Irã, nos mercados internacionais o movimento foi visto como um distensionamento das relações entre Washington e Teerã.

Assim como no caso da Venezuela, o governo Biden tem procurado maior proximidade com o Irã, permitindo que o país aumente a sua produção de petróleo, optando por não reagir com novas sanções.

Essa postura mais amigável de Biden permitiu, inclusive, uma produção de 1.5 milhões de barris por dia de petróleo iraniano durante o mês de maio, o maior nível desde 2018.

Segundo analistas, o aumento da oferta do Irã já foi capaz de neutralizar parte dos cortes anunciados pela Arábia Saudita e outros caciques da Opep+, aliança da qual o próprio Irã faz parte.

Agora, com a troca de prisioneiros, investidores do mercado de petróleo entendem haver espaço para a volta de discussões sobre um novo acordo nuclear entre Estados Unidos e Irã.

Na prática, esse evento traria um afrouxamento das sanções vigentes sobre a economia persa e a recolocação de ainda mais petróleo no mercado internacional.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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