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Evergrande 2.0? Segunda maior incorporadora em receita da China ameaça dar calote

15 ago 2023, 17:47 - atualizado em 17 ago 2023, 18:30
Country Garden China
Uma das principais incorporadoras da China dá sinais de que pode falir.

Um novo capítulo da crise imobiliária chinesa ganhou repercussão nesta semana. Desta vez protagonizada pela Country Garden Holdings (CGH), uma das maiores incorporadoras da China.

As ações da Country Garden Holdings despencaram 20% na segunda-feira (15) na Bolsa de Hong Kong, levando o papel da companhia ao menor preço desde o seu IPO. No ano, a derrocada do ativo é de 70%.

O sell-off das ações foi desencadeado por dois anúncios que acenderam o alerta vermelho do investidor sobre a saúde financeira da companhia.

Na semana passada, a Country Garden Holdings disse que perdeu o prazo vencido no último dia 7 de agosto para realizar pagamentos a credores internacionais que compraram dois títulos da dívida da companhia, avaliados em US$ 22.5 milhões.

A empresa agora tem um “período de graça” de 30 dias para executar o pagamento antes que entre em um default, situação na qual cada um dos títulos emitidos passariam a ter um preço de US$ 500 milhões.

O temor sobre um possível calote se somou à informação divulgada aos investidores de que a Garden Company, em seu balanço trimestral, irá reportar um prejuízo de US$ 7.6 bilhões no primeiro semestre de 2023.

No mesmo período do ano passado, a segunda maior incorporadora em receita da China havia reportado um lucro de US$ 1.91 bilhões, segundo o jornal Asia Financial Times.

Diante da questão, analistas do Morgan Stanley rebaixaram a recomendação da ação para venda, citando a possibilidade de que a empresa não consiga honrar seus compromissos financeiros já mesmo no curto-prazo.

Para analistas do mercado chinês, a fraturas da Country Garden ilustram a crise de liquidez que perdura no setor imobiliário chinês desde o caso Evergrande, em 2021. Ao longo dos últimos dois anos, mais de uma dúzia de incorporadoras chinesas decretou falência, sem que houvesse resgate do governo central.

O país tentou emplacar um processo amplo de desalavancagem do setor imobiliário a partir de 2020, cerceando o acesso à crédito rápido para incorporadores privados com o objetivo de diminuir o preço dos imóveis.

Agora, diante da estagnação da economia chinesa, e do temor de uma onda de calotes causados pela fraqueza na atividade, o discurso de autoridades de Pequim começou a mudar, mas não se sabe se isso se dará a tempo de resgatar a Country Garden.

A crise de valor na China

A segunda maior potência do mundo está atolada em uma crise deflacionária, um cenário frontalmente oposto ao que se esperava no início do ano, quando se ensaiava a reabertura econômica do país.

Nas últimas semanas, pegaram o mercado de surpresa os índices de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para o mês de julho. Enquanto o CPI mostrou uma deflação de 0,3% em 12 meses, fato não visto desde 2021, o PPI deflacionou ainda mais: 4,4% no confronto anual.

Dados de investimento, vendas do varejo, desemprego e produção industrial divulgados hoje sobre o mês de julho complementaram o cenário de desaceleração da economia, a qual o governo tem respondido com cortes nas taxas de empréstimo.

Até aqui, as autoridades chinesas tem hesitado em tomar passos mais ousados para estimular a economia, dado o impacto que pacotes fiscais de larga escala podem causar ao já desvalorizado yuan/reinmibi chinês.

Na última segunda-feira, o yuan internacional (offshore) alcançou a mínima do ano, sendo negociado a US$ 7,30.

Os cortes de juros se mostram inócuos para ressuscitar o problemático mercado doméstico. Desdobramentos recentes mostram que a crise do setor imobiliário, que vem dando sinais de esgotamento desde 2021, começam se espalhar para o setor financeiro.

Nesta semana, um conglomerados financeiro do país com valor superior a US$ 130 bilhões, o Zhongzhi Enterprise Group, pode estar com problemas devido à alta exposição de seus produtos de investimento em empreendimentos imobiliários que perderam mercado nos últimos anos.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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