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Evergrande: O que a falência da gigante imobiliária chinesa significa para o Brasil?

29 jan 2024, 15:54 - atualizado em 29 jan 2024, 15:54
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Falência de empresa chinesa é mais um capítulo na crise imobiliária e pode gerar impactos negativos para o Brasil (Imagem: REUTERS/Bobby Yip)

A Evergrande, incorporadora que era considerada a segunda maior imobiliária da China, decretou falência nesta segunda-feira (29). A empresa acumulava uma dívida de US$ 300 bilhões, ou R$ 1,47 trilhão, e não chegou a um acordo com seus credores estrangeiros sobre como reestruturá-la.

Apesar disso, a empresa anunciou que continuará operando. A maioria das dívidas da imobiliária diziam respeito a depósitos pagos por cidadãos chineses para a compra de apartamentos recém-construídos.

A Evergrande tem negócios diversos, passando de carros elétricos a parques temáticos.

Mercado imobiliário chinês enfrenta crise

Em 2021, a Evergrande já enfrentava uma dívida alta, com juros acima da capacidade de pagamento. A crise da empresa foi concomitante à crise no setor imobiliário, com restrições adotadas pelo governo chinês.

A companhia utilizou um modelo que pouco tempo depois seria copiado por outras irmãs do setor: tomava empréstimos de bancos chineses e credores estrangeiros e, com o aumento da dívida, passou a vender apartamentos antes de serem construídos. Esse último fator fez com que houvesse um número maior de residências em construção, enquanto os novos empreendimentos representavam uma taxa menor.

Em 2020, a China adotou as “Três Linhas Vermelhas“, um conjunto de restrições que anunciava que as dívidas de companhias do setor não poderia exceder 70% de seus ativos, limitando a proporção do endividamento.

A medida tinha como objetivo reestruturar o setor, afetado também pelo declínio da população chinesa e consequente declínio na demanda por imóveis residenciais.

A China teve um crescimento acelerado influenciado pelo mercado imobiliário, lucrando com a venda de terrenos e com a modernização que as novas construções traziam para um país que por muito tempo permaneceu com uma base agrária.

Atualmente, 80% das famílias do país têm casa própria, com mais de 20% dos moradores de áreas urbanas possuindo mais de uma residência.

O que a liquidação da Evergrande significa para o Brasil?

Algumas das influências de uma crise no setor imobiliário chinês, evidenciada pela crise da Evergrande, para o Brasil são: menor demanda por minério de ferro, crescimento econômico desacelerado e menor consumo por parte da população chinesa.

Esse setor demanda grandes quantidades de minério de ferro, com um impacto na construção de novas residências, a commodity também seria afetada. Com uma queda na procura pelo minério, o preço cai e as receitas de empresas que exportam ferro também são afetadas.

Na segunda-feira, empresas brasileiras já estão sendo afetadas. As ações da Vale (VALE3) recuam 1,42%, Gerdau (GGBR4) 1,97%, CSN (CSNA3) 1,21%, e Usiminas (USIM5) apresenta a maior queda, de 3,05%.

As notícias não são boas para as exportações brasileiras no geral. Como o setor imobiliário gera empregos para a China, a dissolução de companhias deixaria pessoas desempregadas e influenciaria no crescimento econômico.

Com uma consequente diminuição no consumo, a China poderia deixar de importar produtos do Brasil, enfraquecendo a economia brasileira.

Estagiária
Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP). Apaixonada pela escrita e pelo audiovisual, ingressou no Money Times em 2023.
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Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP). Apaixonada pela escrita e pelo audiovisual, ingressou no Money Times em 2023.
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