Eleições

Faria Lula ou Antipetismo? Traders se dividem entre apoiar ou odiar ex-presidente

22 set 2022, 13:04 - atualizado em 22 set 2022, 13:33
Lula e Alckmin
Investidores que moram no Brasil tem na memória a figura de Lula presidiário. (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

A saída de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do Palácio do Planalto em Brasília foi marcada por um momento de euforia do mercado, com a economia brasileira em alta e dezenas de investidores estrangeiros e nacionais fazendo fortuna no país.

Na época, Mohamed El-Erian, então CEO da influente gestora Pimco, publicou algo que, em essência, era uma carta de amor ao ex-presidente.

A gestão de Lula provara ser tão bem-sucedida que poderia influenciar líderes políticos em todos os lugares do planeta, permitindo que “centenas de milhões de pessoas em todo o mundo” se beneficiassem de sua presidência.

“Gerações de brasileiros vão se lembrar do popular presidente por superar em muito as expectativas mais otimistas sobre o que o Brasil poderia alcançar”, escreveu ele.

Mas a década que sucedeu o fim do governo do petista foi um duro golpe à sua imagem e legado. Sua sucessora sofreu um impeachment, a economia afundou, a pobreza disparou e um escândalo de corrupção abalou o país, acabando por colocar Lula na prisão por 580 dias.

Agora, a medida que as pesquisas o colocam na frente de Jair Bolsonaro (PL) na disputa pela presidência, os investidores estão divididos em dois lados: os traders que vivem no país e detestam Lula e os estrangeiros que dão as boas-vindas ao seu retorno.

Lula 3 vai para qual lado ?

Os estrangeiros, que investiram nos mercados brasileiros no início dos anos 2000, colheram bons resultados e a lembrança dessa época fazem com que tenham esperança dos retornos de dois dígitos que eles conseguiram ano após ano em ações e títulos.

Já os investidores que moram no Brasil, que acompanharam de perto a “ressaca pós-Lula”, tem na memória a figura de Lula presidiário, as manifestações e o período difícil na economia.

“Os estrangeiros, com certeza, gostam mais de Lula do que os locais”, diz Bruno Pandolfi, sócio-fundador da SPX Capital, que tem mais de R$ 80 bilhões em ativos sob gestão.

Os dados, embora não sejam tão categóricos, também mostram uma divisão: investidores estrangeiros adicionaram cerca de R$ 70 bilhões à bolsa brasileira neste ano até 12 de setembro, excluindo entradas para ofertas de ações, 

Os investidores estrangeiros foram os grandes responsáveis pela disparada do Ibovespa em abril, quando o índice bateu em 120 mil pontos. Porém, o fluxo não se sustentou e voltou a cair em maio, levando a bolsa a retornar ao nível de 100 mil pontos do começo do ano.

Isso ajudou a compensar vendas pesadas dos locais. Os fundos de ações brasileiros registraram saídas de R$ 55 bilhões nos primeiros oito meses do ano.

Imprevisibilidade de Bolsonaro não agrada investidores e aumenta dúvida por Lula

Os comentários de Bolsonaro sobre assuntos polêmicos dificultam a chegada de investidores no país. O atual presidente tratou a pandemia provocada pela Covid-19 com brincadeiras e críticas à ciência e modelos usados no mundo, criticou a migração para o país e exortou os brasileiros a “usar as riquezas que Deus nos deu para o bem-estar de nossa população” em uma tentativa de abrir a floresta amazônica para mineração.

“Bolsonaro assusta os estrangeiros”, diz Bruno Coutinho, cofundador e CEO da Mar Asset Management, com sede no Rio de Janeiro.

“Lula é o oposto”, concluiu Coutinho, que, para um possível terceiro mandato de Lula, definiu como estratégia comprar ações líquidas e de grande valor de mercado, que capturem grande parte do dinheiro que o estrangeiro despejar no mercado, bem como ações de consumo, que devem se beneficiar do esforço de Lula para aumentar os gastos das famílias.

Emy Shayo, estrategista de ações do JPMorgan, vê de maneira similar. Ela coloca varejistas, especialmente supermercados que atendem a brasileiros de baixa renda, no topo de sua lista para um cenário de mais intervenção estatal.

Pedro Jobim, economista-chefe da gestora Legacy Capital, acredita que as perspectivas para crescimento econômico do país no médio prazo iriam se deteriorar significativamente sob a gestão de Lula.

O líder petista poderia acelerar a distribuição de crédito via bancos estatais e aumentar o tamanho do BNDES novamente — penalizando a trajetória fiscal do país, segundo Jobim.

“A agenda, as ideias do PT, vão contra a agenda de reformas que vem sendo feita desde o governo Temer”, disse Jobim. “Muita gente acha que foi só na Dilma, mas os desastres das refinarias de Abreu e Lima e do BNDES começaram na gestão Lula.”

*Com informações de Reuters e Bloomberg

Assista à entrevista completa concedida por Henrique Meirelles ao Money Times.

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Formado em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo, é editor de política, macroeconomia e Brasil do Money Times. Com passagens pelas redações de SBT, Record, UOL e CNN Brasil, atuou como produtor, repórter e editor.
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