Mercados

Fed decide juros em meio a incêndio no mercado de títulos; taxas buscam máximas de 16 anos

19 set 2023, 18:53 - atualizado em 20 set 2023, 0:02
EUA, Jerome Powell, Federal Reserve
Fomc comunica decisão monetária nesta quarta-feira (20), às 15h, em mais uma super quarta. (Imagem: REUTERS/Leah Millis)

Com mais uma ‘Super Quarta’ — data que une decisões do Fed e do Copom — batendo à porta do investidor, foi a aversão ao risco que deu a tônica nas negociações da B3 e em Nova York. 

No exterior, os três principais índices de Wall Street fecharam o pregão em terreno negativo, com perdas entre 0,23% e 0,31%, buscando as mínimas do mês a menos de 24 horas do comunicado monetário do Fed.

O desconforto com o BC norte-americano não está relacionado à decisão em si, com a esperada manutenção dos juros na atual faixa dos 5,25-5,50% bem precificada pelos mercados desde a divulgação do CPI de agosto.

A preocupação é com o tipo de sinalização que o Fed dará para os dois encontros que faltam no ano, considerando o retorno de um antigo fantasma: a disparada do petróleo no mercado internacional e o seu efeito disseminador pelos preços da economia.

Gigantes do setor de energia, como a própria Chevron, já trabalham com o panorama da commodity indo buscar os US$ 100 dólares por barril nos próximos meses. Mas esse não é o único sinal que sugere a inflação pintando de volta.

Fed lida com deterioração das expectativas e atividade resiliente

A pernada no preço dos combustíveis sentida em agosto já está afetando a percepção dos consumidores sobre a economia.

Como pontua o relatório macro semanal da hEDGE point, as expectativas de inflação da Universidade de Michigan mostraram uma piora na mediana no último mês, pressionando o esforço de ancoragem.

Setores importantes, como os serviços, que representa mais de dois terços da economia, permanecem aquecidos, como relatado pelo Instituto de Gestão de Abastecimento (ISM), com seu PMI de não-manufatura aumentando para 54,5 em agosto. Uma leitura acima da marca de 50 indica crescimento na indústria de serviços.

Diante de um repique dos preços, de uma atividade econômica resiliente e de uma deterioração das expectativas para a inflação, os mercados temem um endurecimento da mensagem do Federal Reserve e a reinserção de um “compromisso incondicional” por novos aumentos daqui em diante.

De acordo com as projeções do Fed Funds para a decisão do dia 1 de novembro, ainda prevalece, com uma margem de 70%, o cenário de manutenção de juros na faixa dos 5,25-5,50%.

Em seguida, vem a chance de uma alta de 0,25 ponto-percentual. Mas tudo dependerá de como o Fed e Jerome Powell abordarão o tema dos combustíveis no comunicado e na tradicional coletiva das 15h30 (horário de Brasília).

Mercado de Treasuries está pegando fogo

Exercitar a adivinhação sobre os próximos passos da inflação e dos juros está sendo estressante para os investidores e o comportamento do mercado das Treasuries mostra isso com clareza.

Nesta terça-feira (19), as principais taxas fecharam o pregão nos maiores níveis desde 2006-2007, dada a possibilidade da economia americana ter que conviver com juros básicos mais elevados por mais tempo. Confira os fechamentos:

  • Treasuries de 2 anos: Rendimentos saltaram 4.7 pontos-base, aos 5.109%, de 5.062% aferidos na segunda-feira de tarde.
  • Treasuries de 10 anos: Rendimentos saltaram 4.8 pontos-base, aos 4.366%, de 4.318%, aferidos na segunda-feira de tarde.
  • Treasuries de 30 anos: Rendimentos saltaram 3.3 pontods-base, pra 4.428%, de 4.395% na véspera.

Ao passo que os rendimentos avançam no mercado de renda fixa, tanto pior para o mercado de capitais do país, que se torna menos atrativo. 

Analistas se preocupam, com mais particularidade, ao avanço dos rendimentos das taxas de 10 anos, dado que o prêmio sobre esse ativo é a referência base para aferir o preço justo de todos os outros ativos do mercado.

Em linhas gerais, quanto maior esse número, maior será o desconto dos preços dos ativos, em um reflexo do maior risco de retorno na economia.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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