Mercados

Fed prevê juros a 5% em 2023, leva a derrocada de ações e avanço dos títulos

14 dez 2022, 17:29 - atualizado em 14 dez 2022, 17:43
Fed
Fed encerra taxa de juros em 4,25-4,50% (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

O Fed decidiu aumentar em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros americana, que termina 2022 no patamar de 4,25-4,50%, equivalente ao experimentado durante a crise financeira de 2008.

Apesar da magnitude amplamente aguardada entre agentes econômicos, os mercados não contavam com a projeção mais pessimista sobre o nível terminal da taxa de juros. Segundo o gráfico de pontos, divulgado junto da decisão, a taxa será de 5,1% ao fim do ciclo em 2023.

Para 2024,  a projeção também saltou para 4,1%, comparado aos 3,9% do vislumbrado em setembro.

Logo após a divulgação, os índices acionários de Nova York viraram o sinal do pregão e passaram a operar no vermelho. Por volta das 16h50, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuavam, respectivamente, 0,38%, 0,64% e 0,97%.

Inversamente, os rendimentos dos títulos da dívida pública experimentaram um súbito avanço, à medida que as expectativas sobre os juros são ajustadas para cima e o preço dos títulos retrai.

As Treasuries de 2 anos de vencimento passam a render 4,31o%, de 4,218%, registrado da véspera. Já as T-notes de 10 anos têm rendimentos de 3,530%, de 3,508% registrados na terça-feira à tarde.

Fed vê continuidade do ciclo, crescimento ‘morno’ e desemprego

A reação espantada dos mercados vem na esteira do entendimento demonstrado pelo Fed de que a inflação permanecerá bem acima da meta dos 2% ao longo de 2023, abrindo espaço para a continuidade do ciclo no ano que vem até que a margem de 0,75 ponto-percentual que falta seja preenchida.

De acordo com o gráfico da taxa diretora do Fed Funds, há um empate entre apostas que indicam altas de 0,25 pp. e 0,50 pp. já no primeiro encontro do ano que vem, em fevereiro.

Adjunta à realidade de juros mais altos por mais tempo, os mercados americanos tentam assimilar a dura mensagem do comunicado, que fala em aumento do desemprego — hoje avaliado em 3,7% — e um crescimento baixo para a maior economia do mundo.

XP: projeções mostram risco de ‘sobreaperto’

Para o time  de análises macroeconômicas da XP, o avanço da projeções contida no gráfico de pontos e da taxa diretiva do Fed Funds para 2023 mostram um risco de exagero no aperto das condições monetárias.

“Essas revisões mais agressivas não são consistentes com os dados mais recentes da inflação. Acreditamos que o Federal Reserve não realizará essas projeções”, aponta a gestora.

A justificativa da XP está embasada na percepção de que é preciso aguardar o efeito cumulativo das altas até aqui registradas, quatro das quais aferidas em 0,75 pontos-base. “Um avanço mais restrito da política monetária aumenta o risco de um sobreaperto, sem que este cause um efeito claro na inflação”.

Na avaliação da gestora, o BC americano interromperá o ciclo de alta no patamar atual, aos 4,50% e passará a cortar a taxa de juros a partir do último trimestre de 2023, quando evidências mais substanciais do recuo da inflação poderão ser sentidas.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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