Meio Ambiente

Florestas desaparecem mais lentamente, mas não o suficiente

09 maio 2020, 17:11 - atualizado em 07 maio 2020, 13:17
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Na última década, África e América do Sul tiveram a maior taxa anual de perda líquida de florestas, enquanto a Ásia obteve o maior ganho líquido (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

A área total de florestas do mundo tem diminuído mais lentamente do que nos últimos anos, segundo novos dados das Nações Unidas. Mas os números podem não refletir um panorama mais completo e sombrio.

O planeta perdeu 178 milhões de hectares de floresta desde 1990, uma área aproximadamente do tamanho da Líbia. No entanto, a taxa de perda diminuiu “significativamente” na última década devido a uma combinação de desmatamento mais lento, plantio de florestas incentivadas pela ação humana e expansão natural das florestas

A Terra perdeu 7,8 milhões de hectares por ano de 1990 a 2000. Essa taxa caiu para 5,2 milhões por ano de 2000 a 2010, e para 4,7 milhões por ano de 2010 a 2020.

Na última década, África e América do Sul tiveram a maior taxa anual de perda líquida de florestas, enquanto a Ásia obteve o maior ganho líquido.

Embora o avanço seja encorajador, não atinge as metas ambientais. O desmatamento deveria ter sido completamente interrompido em 2020, segundo o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 15 da ONU. E, embora o desmatamento esteja em queda, o ritmo está desacelerando.

“Ao analisar esses resultados, vemos algumas notícias positivas”, disse Anssi Pekkarinen, coordenador da Avaliação Global de Recursos Florestais. “Mas também podemos ver que estamos longe de realmente alcançar esses objetivos. O avanço não é bom o suficiente.”

A situação pode ser pior do que os dados sugerem. Os países são responsáveis por enviar seus próprios dados à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que publicou o relatório na última quinta-feira.

A “Avaliação Global de Recursos Florestais 2020” acompanhou mais de 60 variáveis em 236 países e territórios entre 1990 e 2020, de acordo com a FAO.

Críticos afirmam que os dados enviados podem estar desatualizados e variam muito segundo o país. A FAO disse que atualmente conduz uma pesquisa de sensoriamento remoto da área florestal global, que pretende publicar em 2021.

“A tendência geral que estamos vendo para florestas primárias não é positiva”, disse Crystal Davis, diretor da Global Forest Watch, que usa um sistema de imagens de satélite para detectar o desmatamento semanalmente e não participou da elaboração do relatório da FAO.

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A “Avaliação Global de Recursos Florestais 2020” acompanhou mais de 60 variáveis em 236 países e territórios entre 1990 e 2020, de acordo com a FAO (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)

Pior ainda é a perda de árvores em áreas que funcionam como “sumidouros de carbono”. Os dados mostram que a quantidade total de carbono sequestrado nas florestas globais diminuiu nos últimos 30 anos, de 668 gigatoneladas em 1990 para 662 gigatoneladas em 2020.

“Quando você analisa os números, vê a continuidade da perda rápida nos trópicos, disse Davis. Anos de esforços de conservação no Brasil, por exemplo, estão sendo desfeitos pelo governo Jair Bolsonaro. Essas perdas são especialmente graves, uma vez que as florestas tropicais fornecem diversidade biológica valiosa e armazenam mais carbono do que novas florestas em crescimento.

“Nem todas as florestas são criadas da mesma forma”, destacou Davis.

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