Coluna do Beto Assad

Fomc, Copom e uma pausa na euforia do mercado financeiro

28 jun 2023, 14:41 - atualizado em 28 jun 2023, 14:41
Ibovespa, dividendos copom
Decisão sobre taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos deixa uma pulga atrás da orelha dos agentes do mercado (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

O Ibovespa teve na última quinta-feira (22), o seu pior pregão de junho, com queda de 1,23%. O desempenho ruim veio um dia depois da manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano pelo Copom.

Se a maior parte do mercado já esperava que a taxa ficasse no mesmo patamar, por que então o pregão teve a maior queda do mês? A resposta é simples: o comunicado da entidade.

Claro que, no curto prazo, a Bolsa já estava “esticada”, que na gíria de mercado significa que ela havia subido muito em pouco tempo. Além do mais, o índice alcançou patamares importantes aonde não chegava desde outubro e novembro do ano passado.

Traders mais experientes com certeza estavam de olho nessa faixa de 120 mil pontos para realizar lucros, e o comunicado do Copom só ajudou no processo.

Isso significa que a bolsa não vai subir mais a partir de agora? Se tudo fosse simples assim, qualquer pessoa poderia ficar milionária facilmente investindo em ações. Mas a maior probabilidade, no meu ponto de vista, é que a bolsa fique “brincando” nessa faixa entre os 120 mil e 100 mil pontos.

Isso porque tanto o Copom, quanto o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA), demostraram suas preocupações quanto à inflação.

Para quem acompanha o mercado com mais afinco, não deve ser novidade que os membros do Fed (Banco Central norte-americano) mantiveram a taxa de juros na faixa entre 5% e 5,25% ao ano. Mas não agradou os investidores as declarações de Jerome Powell, presidente do Fed, de que a entidade deve aumentar os juros no segundo semestre.

Segundo Powell, é quase unanimidade entre os participantes do Fomc que os juros subirão até o final de 2023, já que a inflação, mesmo mostrando sinais de arrefecimento, continua alta.

Já o Copom, ao manter a Selic inalterada, realizou também um discurso duro em relação às perspectivas econômicas para o segundo semestre.

O que esperar?

De acordo com o comunicado do Banco Central, a situação atual da economia está passando por um processo de redução da inflação que está ocorrendo de forma mais devagar do que o esperado, e as expectativas de inflação estão instáveis. Por isso, é necessário que o BC seja cauteloso e cuidadoso ao tomar decisões sobre a taxa de juros.

O Copom acredita que manter a taxa Selic em um nível constante por um longo período de tempo tem sido uma estratégia adequada para garantir que a inflação se aproxime das metas estabelecidas.

Os indicadores mais recentes de atividade econômica sinalizam um cenário de desaceleração nos próximos trimestres, apesar do crescimento acima do esperado no primeiro trimestre, impulsionado pelo setor agropecuário.

O Copom também destacou que diversas medidas de inflação seguem acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta.

Considerando essa situação, o comitê ressaltou a importância de ter calma e serenidade ao tomar decisões sobre a política monetária.

Eles deixaram claro que as próximas ações dependerão de como a inflação estará se desenvolvendo e suas perspectivas futuras, além de ficarem de olho na situação das empresas e pessoas. Em outras palavras, eles estão levando em conta vários fatores antes de tomar novas medidas.

Assim, com um noticiário econômico um pouco mais “cambaleante”, o rali de alta do Ibovespa começa a dar sinais de cansaço. Com o principal índice da B3 começando a última semana de junho com queda de 0,62%, aos 118.242 pontos.

Claro que o Ibovespa continua em tendência de alta no curto prazo e essa queda, até agora, pode ser apenas uma correção depois de uma pernada de alta bem intensa. Mas o cenário continua complexo, mesmo com a S&P Global revisando a perspectiva de rating do Brasil para positiva. E se novas notícias “animadoras” não aparecerem no âmbito econômico, não duvido que essa correção possa se tornar mais longa, colocando o Ibovespa num cenário mais lateral no ano.

Portanto, muito cuidado aos buscar investimentos de longo prazo ou trades mais curtos em ações depois deste rali. O risco continua alto e a renda fixa continua muito atrativa. Se for se aventurar nas ações neste momento, tenha o máximo de cuidado.

Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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