Economia

Fracasso em vacinar população global custaria US$ 9,2 trilhões

07 fev 2021, 9:00 - atualizado em 05 fev 2021, 10:25
Vacinas
Mercados emergentes correm o risco de ficar ainda mais para trás no lado econômico sem a devida vacinação contra a Covid-19 (Imagem: Julio Rivera/Força Naval Americana)

A recuperação da economia global corre o risco de ser desacelerada ou mesmo abortada pelo atraso nas vacinações contra o coronavírus entre nações mais pobres em relação a países mais ricos.

O rastreador de vacinas da Bloomberg mostra que 4,54 milhões de doses foram administradas, em média, no mundo todo na semana passada, mas isso está longe de ser uma distribuição uniforme. EUA e Reino Unido respondem por cerca de 40% dos 119,8 milhões de doses administradas globalmente.

No geral, mercados em desenvolvimento e emergentes vão muito pior. Na África, apenas Egito, Marrocos, Seychelles e Guiné possuem algum registro de vacinação. Grande parte da Ásia Central e da América Central ainda não começou a vacinar a população ou avança lentamente.

Com isso, mercados emergentes correm o risco de ficar ainda mais para trás no lado econômico, o que também limita a margem para uma recuperação, mesmo em países que vacinaram toda a população, ao privá-los da demanda por seus produtos e do fornecimento de peças de manufatura.

Pior ainda, não combater a Covid-19 em todos os países pode resultar em variantes do vírus mais difíceis de conter que geram novas crises de saúde e econômicas.

“Com a mutação do vírus, nenhum país está seguro até que o mundo inteiro seja vacinado e obtenha imunidade coletiva”, disse Chua Hak Bin, economista sênior do Maybank Kim Eng Research, em Cingapura.

Um estudo recente encomendado pela Câmara de Comércio Internacional concluiu que uma alocação desigual de vacinas poderia privar a economia mundial de até US$ 9,2 trilhões.

Pesquisa semelhante da Rand Corporation estimou que o custo anual pode chegar a US$ 1,2 trilhão. O crescimento global neste ano pode ser menos da metade da estimativa de 4% do Banco Mundial se a distribuição de vacinas não for acelerada, disse a economista-chefe da instituição, Carmen Reinhart.

Esses cálculos colocam países ricos sob pressão cada vez maior para compartilhar seus estoques de vacinas, mesmo que a população não apoie tal generosidade. No entanto, os sinais apontam para uma acumulação contínua de imunizantes.

Berlin Alemanha
EUA e Alemanha enfrentariam o maior impacto em termos absolutos com a falta de imunização global (Imagem: Pixabay)

Países europeus já estão em desacordo sobre o acesso às vacinas, assim como estavam sobre equipamentos de proteção individual há um ano. Um programa que visa possibilitar o acesso a vacinas tem sido subfinanciado pelas maiores economias.

Na China, que dita o ritmo de recuperação econômica global depois de controlar o coronavírus, a falta de urgência resultou em atraso em relação ao Ocidente na distribuição de vacinas, de acordo com análises da Gavekal Dragonomics.

Algumas economias em desenvolvimento podem ter algum alívio em breve por meio da iniciativa Covax, da Organização Mundial da Saúde, que enviará 97,2 milhões de doses de vacinas para a Índia em sua primeira etapa de distribuição, mesmo com a oferta atual no país ultrapassando a demanda.

O Paquistão deve receber 17,2 milhões de vacinas do programa, e a Nigéria, 16 milhões.

A Rand Corporation estimou que a chamada nacionalização das vacinas pode custar US$ 119 bilhões por ano aos países de alta renda, comparado a um custo de US$ 25 bilhões para fornecer vacinas às nações de baixa renda.

EUA e Alemanha enfrentariam o maior impacto em termos absolutos com a falta de imunização global, de acordo com relatório de dezembro.

Já o estudo patrocinado pela Câmara de Comércio Internacional e escrito por acadêmicos da Universidade Koc e da Universidade de Maryland calculou que 49% do custo econômico de uma pandemia mundial persistente seria arcado pelas economias avançadas, mesmo que conseguissem a vacinação total da população.

Economias emergentes e em desenvolvimento são vulneráveis a países mais ricos que acumulam vacinas, porque seus frágeis sistemas de saúde estão sobrecarregados com o peso dos casos crescentes, não têm recursos para fabricar e distribuir vacinas tão rápido quanto seus pares mais ricos e o investimento estrangeiro tem fluído para locais mais seguros.

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