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Gargalos logísticos agravaram colapso do comércio, diz BCE

27 jul 2020, 10:48 - atualizado em 27 jul 2020, 10:48
Banco Central Europeu
Segundo as pesquisadoras do BCE, um impacto na demanda provavelmente afetará mais negativamente economias em posições mais altas na cadeia de valor (Imagem: Reuters/Kai Pfaffenbach)

O comércio global sente há meses o impacto de interrupções na cadeia de suprimentos, e o Banco Central Europeu acaba de apresentar uma estimativa de quão ruim pode ser o estrago.

Segundo nova pesquisa conduzida por Simone Cigna e Lucia Quaglietti, economistas do BCE, a queda do comércio mundial relacionada ao choque da Covid-19 poderia ser ampliada em cerca de 25%, simplesmente por causa de tais gargalos logísticos.

“A Covid-19 atingiu cadeias de valor na Ásia, Europa e Américas, aumentando o risco de um efeito dominó”, que pode ampliar o colapso do comércio global, afirmou o estudo.

A pesquisa alertou que os problemas “podem deixar um legado de longo prazo para as cadeias de suprimentos globais”, levando a uma revisão dos processos de produção e a uma significativa transferência de empresas de volta a seus países de origem.

A renacionalização – trazer partes dos processos de produção de volta aos países de origem para reduzir a dependência de fornecedores – tem sido um tópico polêmico em lugares como EUA e Europa nos últimos meses. Mas outros relatórios já sugeriram que a tendência pode realmente afetar ainda mais a atividade.

Segundo as pesquisadoras do BCE, um impacto na demanda provavelmente afetará mais negativamente economias em posições mais altas na cadeia de valor, como o Reino Unido, do que as que estão mais abaixo, como o México.

Isso ocorre porque a produção do México depende particularmente de insumos importados, que são reexportados como produtos acabados.

Por outro lado, países posicionados acima, como o Reino Unido, devem sofrer impacto negativo na atividade, pois as exportações caem mais do que as importações.

“Os modelos tradicionais assumem que as importações de um país dependem de sua demanda doméstica”, segundo o relatório.

“No entanto, em um mundo caracterizado por complexas cadeias de suprimentos internacionais, as mudanças na demanda em países terceiros também são um determinante importante.”

Por enquanto, as economistas do BCE veem pontos positivos à frente, pois a recuperação da atividade da cadeia de valor global também pode ampliar o comércio.

As previsões mais recentes da instituição indicam que as importações reais mundiais (excluindo a zona do euro) cairão a um ritmo sem precedentes de cerca de 13% em 2020 e depois retornarão ao crescimento, de 8% no próximo ano e de 4,3% em 2022.

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