Market Makers

Gestores abrem “carteira” e revelam pechinchas para aproveitar uma “bolsa estúpida de barata”

15 ago 2022, 12:16 - atualizado em 15 ago 2022, 12:16

O Ibovespa embalou um pequeno rali na última semana, com uma disparada de quase 6%, representando a melhor semana desde 2020. Mesmo assim, segundo a plataforma Oceans 14, o preço sobre lucro do índice está em 4,83 vezes, um patamar inferior ao da crise de 2008.

Mas há sinais para acreditar que a bolsa está “estúpida de barata”. É o que dizem os gestores João Luiz Braga, CEO e fundador da Encore Asset, e Luiz Alves Jr., gestor da Versa Asset, que conversaram com Thiago Salomão e Renato Santiago, em mais um episódio do Market Maker.

“Se você pudesse voltar no tempo no pico da Covid, você compraria bolsa? Se pudesse voltar para fevereiro de 2016, você compraria bolsa? Em janeiro de 2019 você compraria bolsa? Não precisa voltar no tempo. Estamos no mesmo nível ou mais barato nesse momento”, afirma Braga.

Ele argumenta não haver motivos, como a quebra do Lehman Brothers na crise financeira de 2008, ou o fechamento da economia durante a pandemia, que justifiquem tamanho pessimismo do mercado no momento atual.

“Todas essas vezes foram excelentes momentos para comprar bolsa. A bolsa é cíclica. Se você tira o efeito do ciclo, sobra o crescimento das lojas, lucro, investimentos, que a gente olha. Mas se for assertivo e pegar no baixo ciclo, o retorno é maravilhoso. Por isso fico insistindo para o pessoal entrar agora. Estamos na parte de baixo do ciclo”, coloca o gestor.

Veja o episódio na íntegra:

Sinais barulhentos

Braga lembra que muito são os indícios que dão pistas do quanto descontada está a bolsa. Um deles é a compra por parte de fundos de private equity de ações.

“A General Atlantic, por exemplo, comprou 6% da Locaweb (LWSA3). Esses fundos compram empresas não listadas. Para chegar ao ponto dos analistas falarem que não precisa mais comprar as empresas fechadas, que pode olhar as da Bolsa porque estão baratas suficientes, é um sinal muito forte”, discorre.

Ele cita outros exemplos, como a Brookfield comprando ativos da BR Properties (BRPR3), Actis adquirindo Ômega (MEGA3) e Mubadala com proposta para o Burger King Brasil (BKBR3).

Outro fator é de que as notícias ruins não estão derrubando a bolsa. O gestor comprara a temporada de balanços dos Estados Unidos no primeiro trimestre com a do atual.

“A temporada de resultados no primeiro trimestre foi batatinha frita 1, 2, 3 (referência ao seriado sul-coreano Round 6). Divulgava um resultado, caia 20%. Foi impressionante”, lembra.

Já agora, Braga diz que temos o oposto. “O primeiro que soltou foi o JPMorgan. Resultado péssimo e caiu 3%. No dia seguinte, saiu o Citibank com um números um pouco maior que o esperado e subiu 15% e levou o JPMorgan junto”, argumenta.

Além disso, ele recorda que pesquisa do Bank of América realizada com tubarões do mundo inteiro indica que a posição de caixa dos gestores é maior da série histórica.

“Os gestores têm mais caixa hoje do que quando tinham em 2008. É impressionante o pessimismo já nos preços hoje”, diz.

Para ele, essas evidências indicam um possível fim do bear market.

Aqui no Brasil isso também ocorreu, com empresas como Magazine Luiza (MGLU3), que disparou 17% mesmo reportando prejuízo acima do esperado pelo mercado.

Veja o episódio na íntegra:

Empresas

Entre os papéis que compõem a sua carteira, Braga cita Mercado Livre, “o file mignon do varejo”, e Unidas, que fechou a fusão com a Localiza (RENT3).

“Quando você funde com a Localiza, excelente, super bem gerida, empresa premium, com um retorno sobre o capital investido excelente, com a Unidas“, diz

Não bastasse isso, a locadora de automóveis caiu durante a crise da Covid, com um valuation que chegou a 13 vezes o lucro.

“Aquilo é maravilhoso. Investe em tecnologia, a melhor empresa em qualidade. Está longe de ser saturado em competição. Tem espaço para crescer. Está muito barato”, explica.

Já Luiz Alves Jr., da Versa Asset, gosta do setor de varejo que, segundo ele, se bem gerido, pode trazer altos retornos. Dentre os papéis, ele cita o Grupo Soma (SOMA3), que comprou recentemente a Hering e vem passando por transformações.

“Soma é uma das coisas mais bonitas que já vi na bolsa. Absurdo o que eles têm de tecnologia proprietária. A experiência nas lojas da Hering já mudou”, observa.

Ele afirma ainda que é uma companhia que está “crescendo cavalarmente” e com um processo de internacionalização.

“Pode ser a marca brasileira referência lá fora. A Farm é o grande atacante desse processo. Isso tudo com margem e retorno altíssimo. A Soma era cara ante da Hering. Quando fundiu, ficou barata”, justifica.

Veja o episódio na íntegra:

Outra empresa citada é a Vivara (VIVA3), “case com potencial enorme, com a Life com potencial para dobrar a empresa”.

“Continua crescendo com um retorno sobre o capital gigante, engolindo a concorrência”, esclarece.

Por fim, Alves menciona a Lojas Marisa (AMAR3), empresa que acumula queda de 24% e passa por uma reestruturação. O gestor coloca que a ação está quase saindo de graça.

“Estava muito mal operada. É uma empresa voltada para classes mais baixas e vende produtos baratos, lojas de rua, que são mais baratas, porém tem um fluxo menor. Ela estava passando por um baita processo de repaginação”, discorre.

Ele afirma que hoje a Marisa é uma mini-Renner (LREN3).

“O negócio está bonito. Isso se reflete em vendas e margens. Atualmente, ela vende metade do que vendia em 2015. Se ela recuperar isso, a Marisa volta a ter uma margem altíssima e a ter um lucro bizarro. (Nos patamares atuais), a empresa não vale nada. O CEO gosta do negócio. Tem uma experiência fantástica na Renner“, finaliza.

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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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