Ibovespa acompanha tombo de Wall Street e fecha em queda; dólar recua a R$ 5,54

O Ibovespa (IBOV) acompanhou a escalada de aversão a risco nos Estados Unidos, em meio a reação aos balanços corporativos e expectativas de medidas de apoio ao empresariado afetado pelo ‘tarifaço’ do governo Trump.
Nesta sexta-feira (1º), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 0,48%, aos 132.437,39 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou baixa de 0,81%.
Pela manhã, o índice não operou por um problema técnico da B3 — resolvido apenas no começo da tarde.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5456, com baixa de 0,99%. Na semana, a divisa recuou 0,29% ante o real.
No cenário doméstico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que está aberto a firmar parcerias com governadores de Estados para mitigar os impactos do ‘tarifaço’, em entrevista a repórteres.
O chefe da pasta econômica ainda disse que as medidas de contingência não ficarão de fora da meta fiscal, contradizendo as declarações do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, na véspera.
Altas e quedas no Ibovespa
A ponta negativa do Ibovespa foi puxada pelas ações do Banco do Brasil (BBAS3). Os papéis do banco caíram quase 7% após com tensão política entre Estados Unidos e o Brasil.
De acordo com a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, Eduardo Bolsonaro teria pedido bloqueio total de bens do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, já enquadrado na Lei Magnitisky.
Ainda segundo o jornal, o governo Trump estaria examinando a possibilidade de aplicar sanções diretamente a instituições financeiras brasileiras.
Entre os pesos-pesados, Vale (VALE3) fechou em alta e limitou as perdas do Ibovespa em reação ao balanço do segundo trimestre (2T25). O lucro líquido, assim como Ebitda, que mede o resultado operacional, ficaram acima do esperado.
Em teleconferência com analistas, os executivos da mineradora disseram que se os preços do minério de ferro continuarem em torno de US$ 100, “há uma boa chance de haver margem para novos pagamentos ao longo do segundo semestre”.
Já a ponta positiva do índice foi liderada por Marcopolo (POMO4), também em reação ao balanço trimestral. A companhia reportou lucro líquido de R$ 321,1 milhões, uma alta de 28% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, quando lucrou R$ 250,9 milhões.
O BTG Pactual destacou que, após resultados fracos nos dois últimos trimestres, os números reportados superaram as expectativas, com destaque para a margem Ebitda, que força o otimismo com a tese de investimento.
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Na semana, Embraer (EMBR3) foi a ação com melhor desempenho, com alta de quase 20%, beneficiadas pela isenção das tarifas para aeronaves e peças à importação nos EUA. Já Banco do Brasil (BBAS3) registrou a maior perdas semanais.
Os índices de Wall Street fecharam em forte queda, com atenções divididas entre balanços, dados de emprego e renúncia de diretora do Federal Reserve (Fed).
O destaque da sessão foi o relatório de empregos, que veio mais fraco do que o esperado e elevou a aversão a risco de uma desaceleração da economia norte-americana, além da pressão para o Fed cortar os juros.
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Na Ásia, os índices encerraram o dia em tom negativo. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, caiu 0,66%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve baixa de 1,07%.
Na Europa, os mercados terminaram o pregão em forte queda com o início da vigência das tarifas de Trump, ainda que o Reino Unido e a União Europeia tenham firmado acordos comerciais. O Stoxx 600 fechou com recuo 1,89%, aos 535,79 pontos, no menor nível desde abril.