Mercados

Ibovespa: A grande dúvida após a nomeação de Haddad para a Fazenda

09 dez 2022, 12:50 - atualizado em 09 dez 2022, 12:50
Fernando Haddad
Fernando Haddad foi confirmado há pouco pelo presidente eleito Lula para liderar a pasta da Fazenda (Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Contrariando o movimento das últimas semanas em meio a expectativas de que Fernando Haddad seria nomeado para comandar o Ministério da Fazenda no novo governo Lula, o Ibovespa opera em campo positivo nesta sexta-feira (9).

Haddad foi confirmado há pouco pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para liderar a pasta. Outros nomes também foram anunciados: José Múcio para o Ministério da Defesa; Flávio Dino para o Ministério da Justiça; Rui Costa na Casa Civil; e Mauro Vieira como ministro das Relações Exteriores.

Após o anúncio, o Ibovespa acelerou para os 108 mil pontos, conduzindo uma trajetória de alta na última sessão da semana.

Ricardo Jorge, especialista em investimentos e sócio da Quantzed, acredita que a nomeação de Haddad não tem relação direta com a performance do mercado. Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreenderam de maneira positiva, com o indicador subindo 0,41% em novembro, ante mediana projetada de 0,59%.

Apesar da trégua, incertezas ainda podem colocar o Ibovespa para baixo. Isso porque, segundo Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, a “grande pulga atrás da orelha” é saber a força que irá conduzir a Fazenda: o lado técnico de Pérsio Arida e equipe, caso seja um dos nomes da equipe econômica, com foco em políticas públicas direcionadas para a geração de emprego, renda e crescimento do Brasil, ou o viés mais político capitaneado por Haddad, com mais Estado na Economia.

“Fica essa dúvida, que adiciona incerteza, insegurança e falta de previsibilidade, tudo o que o mercado financeiro não gosta”, afirma Alves.

Jorge, da Quantzed, avalia a nomeação de Haddad como um movimento de viés muito mais político do que técnico.

“A única explicação que vejo para essa nomeação é o Lula ter o caminho livre para opinar sobre as decisões do Ministério da Fazenda e, por essa razão, o mercado sabe que isso vai acontecer e não é uma boa escolha”, acrescenta o especialista.

Ricardo Carneiro, operador de renda variável da WIT Invest, destaca que Haddad tem ligação forte com economistas mais desenvolvimentistas, como Guilherme Mello e Marcio Pochmann.

“Como os desenvolvimentistas defendem uma proeminência da política fiscal, existe certo receio de que os gastos públicos possam aumentar significativamente, gerando inflação e descontrolando a dívida pública brasileira”, comenta.

Carneiro completa ao dizer que não acredita que dá para tirar conclusões com base no antigo mandato de Haddad como prefeito de São Paulo.

“A principal sinalização está nas falas recentes do ex-prefeito durante e depois da campanha de Lula, que, em sua grande maioria, indicam que o governo gastará mais, com a PEC da Transição confirmando esse viés.”

Caio Canez de Castro, sócio da GT Capital, adota visão semelhante. Segundo Canez, o mercado deve ver Lula “muito ativo” na Economia.

“Vamos ver Haddad muito próximo das decisões de Lula e um governo com bastante gasto social”, destaca. “Não podemos deixar de ter atenção muito grande em relação ao risco fiscal, que é o fator principal de preocupação para o mercado, que colabora para o cenário de volatilidade na Bolsa”.

A proposta de ampliar pelo período de dois anos o teto de gastos em R$ 145 bilhões, além de retirar da âncora fiscal até R$ 23 bilhões em receitas extraordinárias, foi aprovada no Senado e passa agora para a análise na Câmara dos Deputados.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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