Arena do Pavini

Ibovespa chega aos 50 anos longe da máxima real; índice teria de subir mais 60%, para 124 mil pontos

01 jan 2018, 20:58 - atualizado em 01 jan 2018, 20:58

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

Índice Bovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, completará em janeiro 50 anos. Ele foi criado em 1968, a partir do Índice da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (IBV), então a maior bolsa do Brasil. Sua trajetória mostra um pouco da história do mercado e da economia brasileira, apesar da distância entre alguns setores e a bolsa. Depois de seis anos de péssimos resultados, de 2010 a 2015, o Ibovespa recuperou parte das perdas nos últimos dois anos, com ganhos de 38,9% em 2016 e 26,86% neste ano, atingindo uma nova máxima em outubro, de 76.990 pontos, depois de quase 10 anos do pico em 2008, de 73.516 pontos, segundo dados da B3, novo nome da BM&FBovespa.

Mas ao fechar 2017 em 76.402 pontos, pode-se dizer que o índice ainda está longe de suas máximas registradas em maio de 2008, antes da grande crise internacional do subprime. Se for considerada a inflação do período pelo IGP-DI, esse pico seria de 124.269 pontos, segundo dados da Economática. Ou seja, seria preciso subir mais 62,65% para atingir o nível máximo real do mercado. Em dólar, o índice teria de subir mais 52% para atingir o pico, também segundo os cálculos da Economatica.

O IBV foi concebido originalmente em 1962 como um índice para servir de referencial do mercado de ações pela equipe de Mário Henrique Simonsen, um dos maiores economistas do país. Mais tarde, como ministro da Fazenda de 1974 a 1979, Simonsen promoveu a criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 1976, sob comando de Roberto Teixeira da Costa, e da Lei das Sociedades Anônimas, além de promover a regulamentação dos fundos de ações e de pensão, que criaram as bases do mercado de capitais brasileiro.

Em 1966, Luís Sérgio Coelho de Sampaio, superintendente técnico da Bolsa do Rio, implantou várias alterações metodológicas no antigo índice criado por Simonsen e, em janeiro de 1967, começou a ser divulgado o IBV. A metodologia, que considerava as oscilações de uma carteira formada pelos papéis mais negociados no mercado, foi então adotada pela Bolsa de Valores de São Paulo na implantação do Índice Bovespa em janeiro de 1968.

Mudanças só em 2014

A metodologia do Ibovespa seguir praticamente a mesma deste então, até que, em maio de 2014, houve uma grande revisão que incorporou, além do volume negociado das ações, o valor de mercado da empresa, para evitar distorções com a provocada pela petroleira OGX, que, perto da falência, ganhava mais espaço no índice por seu grande giro de negócios. Essa mudança já tinha sido adotada em outros países e ajudou a tornar o índice mais fiel ao mercado, refletindo as empresas mais representativas da bolsa, e não apenas as mais negociadas.

Devido às diversas mudanças econômicas acontecidas no período de 1968 até o último ajuste em junho de 1994, com hiperinflação e diversas moedas, a evolução do índice só pode ser avaliada em valores ajustados pela inflação ou em dólares, explica a Economatica, que fez os cálculos usando o IGP-DI por ser o único índice disponível desde 1968. O último dado de inflação é de novembro, pois o IGP-DI de dezembro só sai em meados de janeiro. Mesmo assim, a variação é pequena para o grande período estudado.

A bolsa e a história

O gráfico abaixo mostra o comportamento do Ibovespa nos últimos 50 anos ajustados pelo IGP-DI. É possível ver o pico de 20 de maio de 2008, quando alcançou 124.269 pontos. É possível ainda ver a Bolha de 1971, que marcou o mercado acionário por décadas, a Bolha do Plano Cruzado, em 1986, a forte queda do Plano Collor, em 1990, a Bolha da Internet, de 2000, e a euforia até 2008 após o susto com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008. Depois, há a forte queda até o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a retomada nos últimos dois anos.

É possível ver também a variação anual, ajustada pela inflação. O gráfico a seguir mostra a evolução do retorno anual do Ibovespa em valores ajustados pelo IGP-DI. Nessa forma de estudo, o ano com maior rentabilidade foi em 1991 com valorização de 316,38%, o que é explicado pela forte queda provocada pelo Plano Collor, de 74%, que fez a bolsa disparar no ano seguinte, criando uma base de comparação menor.

Após seis anos de perdas de valor aquisitivo (de 2010 até 2015) nos dois últimos anos (2016 e 2017) o Ibovespa registra valorização real (acima da inflação). Em 2016 a rentabilidade real é de 29,62% e em 2017 (até 27 de dezembro, último dia disponível no estudo) de 27,78%, considerando a deflação do IGP-DI no período.

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