Mercados

Ibovespa tem semana fraca com ruídos em Brasília ofuscando balanços

12 fev 2021, 18:25 - atualizado em 12 fev 2021, 19:11
Ibovespa B3
A ausência de negociação na Bovespa nos dias 15 e 16 endossou o clima mais cauteloso nos últimos pregões (Imagem: Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou com variação discreta nesta sexta-feira, acumulando declínio na semana, quando receios fiscais e ruídos envolvendo os preços de combustíveis no país adicionaram volatilidade, em meio a uma bateria de balanços corporativos e novas ofertas de ações.

Diante da pressão dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, o presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta semana que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por três ou quatro meses a partir de março, embora tenha defendido a necessidade de responsabilidade fiscal.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que para que o governo possa conceder novas parcelas do auxílio emergencial é preciso que o Congresso aprove uma PEC de Orçamento de Guerra que, como em 2020, o autorize a liberar as despesas sem ferir parâmetros fiscais como a regra de ouro e o teto de gastos.

No começo da semana, repercutiu mal a mudança pela Petrobras do prazo em que calcula a paridade internacional de preços dos combustíveis. Feita meses atrás, foi divulgada apenas na noite da última sexta-feira – após reportagem da Reuters e em momento no qual a autonomia da empresa estava sob escrutínio.

As ações ON da Petrobras chegaram a cair 6,7% nos dois primeiros pregões da semana, antes de retomar o sinal positivo, fechando com declínio semanal de quase 4%.

“Toda incerteza acaba sendo precificada pelo mercado de alguma forma, e a questão dos combustíveis não é diferente”, destacou a líder de alocação na BlueTrade, Marina Braga.

Em relação a uma nova rodada de auxílio, ela afirmou que era esperada de certa forma, dada a piora no cenário relacionado à Covid-19, mas que o mercado tem ponderado sobre quais serão as próximas ações, uma vez que não foi definido nenhum contraponto fiscal para suprir esse gasto.

Em paralelo, investidores se depararam com uma série de resultados corporativos do último trimestre de 2020, incluindo os números robustos de Suzano, Klabin, Totvs, Usiminas, BTG Pactual, entre outros, enquanto Multiplan e Lojas Renner deram uma amostra do forte efeito da pandemia em seus setores.

Não haverá negociação nos mercados de renda variável da B3 nos dias 15 e 16, em razão do Carnaval, mesmo sem Carnaval, com as operações voltando a partir das 13h de quarta-feira.

Ainda assim, a próxima semana prevê os balanços de Carrefour Brasil, IRB Brasil RE, JHSF e EDP Brasil.

Um nove lote de empresas também passou a ser negociada na B3 nessa semana, enquanto outras pediram registro para IPOs. Uma das ofertas mais aguardadas, a da unidade de mineração da CSN, acabou saindo no piso da faixa indicativa, conforme afirmaram à Reuters duas fontes a par do negócios.

Nessa semana, debutaram na bolsa a produtora de açúcar e etanol Jalles Machado, comercializadora de eletricidade Focus Energia, o clube de assinatura de aplicativos Bemobi, a plataforma de comércio eletrônico Westwing, o grupo privado de ensino superior Cruzeiro do Sul e a prestadora de serviços ambientais e de logística marinha Oceanpact.

De pano de fundo, Wall Street renovou máximas históricas ao longo da semana, em meio a sinais cada vez mais favoráveis no sentido de um novo pacote econômico, com a temporada de balanços também sob os holofotes em Nova York e o Federal Reserve reiterando que os juros continuarão baixos por algum tempo.

A ausência de negociação na Bovespa nos dias 15 e 16 endossou o clima mais cauteloso nos últimos pregões.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,11%, a 119.428,72 pontos, após ajuste, acumulando perda de 0,68% na semana, enquanto ainda mostra valorização de 3,79% no mês. No ano, contabiliza acréscimo de 0,35%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps caiu 0,06%, a 2.832,37 pontos, com recuo de 1,8% na semana, mas alta de 3,92% no mês. No ano, sobe 0,35%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 24,6 bilhões de reais.

Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

Braskem (BRKM5)  sobe 24,77%, após a petroquímica calcular em 10,1 bilhões de reais as provisões sobre o fenômeno de afundamento de solo em Maceió, bem como retomar a produção de cloro-soda e dicloretano na cidade.

Totvs (TOTS3)  avança 21,97%, embalada pelo resultado forte do quarto trimestre, quando o lucro da empresa de sistemas e plataformas para gestão corporativa subiu 21,7% ante mesmo período do ano anterior.

Analistas do Bradesco BBI esperam que a empresa traga novas informações no Totvs Day (previsto para dia 23), que pode ser um gatilho de curto prazo.

Gpa (PCAR3) valoriza-se 17,85% em meio a expectativas para conclusão da reorganização societária do grupo varejista para cindir a divisão de atacado de autosserviço Assaí, que deve ter suas ações listadas.

Analistas do BTG Pactual veem ‘upside’ relevante a ser capturado com a cisão, de quase 30% em relação ao preço das ações nos níveis atuais.

Cielo (CIEL3) perde 8,38%, com forte declínio nesta sexta-feira. Em meio a ruídos e esperanças que vem e vão sobre uma mudança no controle da empresa de meios de pagamento, dividido entre Banco do Brasil e Bradesco, pesou a declaração do presidente do BB nesta sessão de que não venderá participação na Cielo.

Além disso, foi adiado a 7 de junho o prazo para entrada em vigor da regulação sobre o registro e a negociação de recebíveis de arranjos de pagamentos.

Irb Brasil re (IRBR3) recua 7,78%, ainda afetado pelos ajustes após a alta na última semana de janeiro, quando investidores movimentaram-se em redes sociais para tentar replicar na B3 estratégia adotada por investidores de varejo nos Estados Unidos para a GameStop. A resseguradora divulga balanço na próxima semana.

Cogna (COGN3) perde 7,3%, em meio a perspectivas de que os resultados de curto prazo devem seguir pressionados, com queda na base de alunos do campus e alta provisão para calotes.

A alavancagem financeira elevada também é citada por analistas para uma visão mais neutra dos papéis do grupo de educação.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: +1,45%

– Índice de consumo: +2,92%

– Índice de Energia Elétrica: +2,66%

– Índice de materiais básicos: +6,90%

– Índice do setor industrial: +5,61%

– Índice imobiliário: +1,04%

– Índice de utilidade pública: +3,94%

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