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Ibovespa fecha em queda puxado por Petrobras com receios sobre preços de combustíveis

08 fev 2021, 18:10 - atualizado em 08 fev 2021, 19:10
Ibovespa
A queda veio após o Ibovespa ter subido 4,5% na semana passada (Imagem: REUTERS/Rahel Patrasso)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta segunda-feira, abaixo dos 120 mil pontos, com Petrobras (PETR4) entre as maiores pressões de baixa em meio a preocupações com ruídos envolvendo a política de preços da companhia, enquanto Cosan (CSAN3) disparou após a Raízen comprar a Biosev.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,45%, a 119.696,36 pontos. O volume financeiro da sessão somou 30,4 bilhões de reais.

A queda veio após o Ibovespa ter subido 4,5% na semana passada.

Em Wall Street, o S&P 500 renovou máximas históricas, com perspectivas de mais estímulos e o avanço na vacinas contra a Covid-19 endossando apostas otimistas sobre o ritmo da recuperação da economia norte-americana.

Na visão do estrategista de renda variável André Szasz, sócio-fundador da Grimper Capital, apesar de eventuais ajustes, o cenário externo, com recuperação da atividade econômica em vários países, mais estímulos e a evolução na vacinação apoiam uma visão positiva para as ações brasileiras.

Ele pondera que há riscos sim, mas que é “muito difícil” ficar pessimista, que muita coisa errada precisaria acontecer com o Brasil para não acompanhar, mesmo que de forma defasada e mais branda, e recuperação da economia mundial.

Szasz também destacou como muito positiva a atual safra da ofertas de ações, com volumes relativamentes grandes em comparação com o passado. “É sinal de mercado saudável, mercado tomando risco em empresas novas”, destacou.

Apenas nesta segunda-feira, estrearam na B3 os papéis da produtora de açúcar e etanol Jalles Machado e da comercializadora de eletricidade Focus Energia.

Até o final da semana, outras operações devem ser precificadas, incluindo o aguardado IPO da CSN Mineração.

Em comentário a clientes mais cedo, a área de gestão de recursos do BTG Pactual destacou que há muita volatilidade em função de um número de boatos no mercado, mas que o diferencial neste momento é a divulgação dos resultados de 2020.

Nesse contexto, a semana abriu com BB Seguridade. A temporada ganha fôlego nos próximos dias, quando estão previstos os dados de BTG Pactual, TIM, Klabin, Suzano, BB, Cosan e Lojas Renner, entre outros.

Brasília também seguiu no radar. Ao mesmo tempo em que o governo busca uma solução para os preços dos combustíveis e sinaliza com mudanças na tributação, o presidente Jair Bolsonaro admitiu publicamente que o governo está negociando a retomada do auxílio emergencial.

Destaques

Petrobras (PETR4) caiu 3,14% e Petrobras (PETR3) cedeu 4,14%, com receios sobre a política de preços da petrolífera, mesmo após anunciar aumentos dos preços médios de venda às distribuidores da gasolina, diesel e GLP.

Bradesco BBI e XP cortaram a recomendação das ações para ‘neutra’, bem como os respectivos preços-alvo, enquanto o BTG Pactual lembrou que uma boa reputação é difícil de ganhar, mas fácil de perder.

Teve pouco efeito o anúncio de que o Mubadala Capital venceu disputa pela Refinaria Landulpho Alves, na Bahia.

Cosan (CSAN3) saltou 8,57%, após a Raízen anunciar acordo para comprar a Biosev, uma das maiores empresas do setor, em uma transação que envolverá pagamento de 3,6 bilhões de reais e ações.

A Raízen é uma joint venture da Cosan e da Shell. De acordo com o presidente da Raízen, a aquisição de nove unidades processadoras de cana-de-açúcar da Biosev está sendo feita com um “super desconto”.

Biosev (BSEV3) teve alta de 3,46%, após disparar 12,55% na máxima. Analistas do Santander Brasil esperam resultado sólido de Cosan para o quarto trimestre, que será divulgado dia 11, enquanto o açúcar branco renova máxima de quase 4 anos na ICE.

CSN(CSNA3) subiu 3,65%, melhor desempenho do setor de mineração e siderurgia, com precificação do IPO de sua unidade de mineração aguardada para a sexta-feira.

Usiminas (USIM5), que divulga balanço dia 11, valorizou-se 1,09%.

Vale (VALE3) avançou 1,42%, favorecida pela alta dos futuros do minério de ferro na China, o que ajudou a reduzir fortemente a pressão sobre o Ibovespa.

BTG Pactual (BPAC11) evoluiu 3,77%, renovando máxima de fechamento em 114,15 reais e intradia a 115,85 reais. O banco divulga resultado trimestral na terça-feira antes da abertura da Bovespa.

O Goldman Sachs, que elevou o preço-alvo da unit, de 115 para 125 reais, com recomendação de compra, esperam desempenho sólido.

No setor, Bradesco (BBDC4) perdeu 2,13% e Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 1,85%.

BB Seguridade (BBSE3) recuou 1,51%, após reportar lucro ajustado 19,1% em relação ao quarto trimestre de 2019, em desempenho afetado pelo resultado financeiro.

À Reuters, o presidente-executivo da BB Seguridade, Márcio Hamilton Ferreira, disse esperar que, com uma dinâmica melhor de juros e inflação em 2021, o resultado financeiro seja melhor.

A empresa é o braço de seguros e previdência do Banco do Brasil (BBAS3), que recuou 0,27%.

Ambev (ABEV3) caiu 3,74%.

O BTG Pactual reduziu as estimativas para o Ebitda e o lucro da fabricante de bebidas em 2021 em 5% e 8%, respectivamente, enquanto afirmaram que esperam bom volumes no balanço do quarto trimestre, mas margens ainda fracas.

A Ambev divulga seu balanço em 25 de fevereiro

Jalles Machado (JALL3) disparou 8,92%, a 9,04 reais, em estreia na B3, após precificar IPO a 8,30 reais por papel, em operação que movimentou 741,5 milhões de reais.

O preço ficara abaixo da faixa estimada pelos coordenadores, de 10,35 reais a 12,95 reais. Na máxima, a ação chegou a 9,99 reais.

Focus Energia (POWE3) despencou 13,15%, a 15,65 reais, após precificar IPO a 18,02 reais por papel, abaixo da faixa indicativa de 21,20 a 28,6 reais cada, em operação que movimentou 887,4 milhões de reais.

No pior momento de seu debut na b3, a ação chegou a 15,40 reais.