Bula do Mercado

Ibovespa hoje: Falta de previsibilidade na cena política realça exuberância irracional do mercado

23 nov 2022, 8:03 - atualizado em 23 nov 2022, 8:18
ibovespa
Ibovespa segue sensível ao noticiário político e mostra momentos de irracionalidade em meio à busca por cenário mais previsível (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa sucumbiu ontem à contestação das eleições feita pelo PL e aprofundou a queda na reta final do pregão, encerrando a sessão no limiar dos 109 mil pontos. O comportamento da bolsa mostra quão sensível estão os ativos de risco ao noticiário político, buscando clareza em um cenário ainda incerto em meio à transição de governo. 

Os investidores, como se sabe, gostam de visibilidade e previsibilidade. O problema é que essa ansiedade por mais certeza deixa o mercado doméstico menos racional e, portanto, mais avesso ao risco, dificultando o simples ato de comprar na baixa e vender na alta. 

O próprio relatório apresentado pelo partido do presidente Jair Bolsonaro carece de fundamentação. Como disse o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a peça só será analisada se os mesmos argumentos englobarem o resultado do primeiro turno

E isso envolve também a eleição de cargos no Legislativo, além de governadores. Portanto, é infundada a invalidação dos votos somente para a disputa presidencial, que deu a vitória a Lula. Vale lembrar que o PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno. O partido tem um prazo de 24 horas para apresentar os dados.

Os clássicos ensinam a ser mais racional

Ou seja, por mais que o mercado queira previsibilidade, é preciso também ser racional. Afinal, a única certeza, como diria John Maynard Keynes, é de que a longo prazo todos estaremos mortos. Aliás, o mesmo economista clássico também alerta que os mercados podem permanecer irracionais por mais tempo do que se pode permanecer solvente. 

E da última vez que o mercado teve momentos de “exuberância irracional” – expressão usada pelo então presidente do Federal Reserve Alan Greenspan  – acabou vivendo a maior crise financeira desde 1929. Ou seja, ao invés de olhar para o questionamento sem prova de fraude do PL, por que não mirar na PEC da Transição?

Aliás, a proposta deve finalmente ser protocolada hoje no Senado. Após longas semanas de negociação – e muita turbulência no mercado – a PEC deve voltar à cena nesta quarta-feira (23) e de forma mais desidratada. Portanto, o temor de que a proposta original do PT conseguiria  dar um “cheque em branco” ao governo eleito não deve se confirmar.  

Em troca da aprovação do texto, a equipe de transição aceitou retirar o Bolsa Família do teto de gastos por, no máximo, quatro anos – e não mais por tempo indeterminado. Outras alterações podem ocorrer durante a tramitação da PEC no Congresso, que está apenas começando e com prazo para acabar. Isso porque o texto precisa ser votado até meados de dezembro para entrar em vigor em 2023. 

Portanto, o cenário local não parece tão incerto e imprevisível no curto prazo como o mercado desenha. Quem se der conta disso pode tirar proveito da acomodação que se vê nos mercados internacionais, onde embora seja cedo para cantar vitória sobre um quadro de recessão, o ambiente de inflação alta também parece ter ficado para trás.

Destaque do dia, a ata da reunião de novembro do Fed deve corroborar esse cenário, abrindo caminho para a redução no ritmo de alta dos juros dos Estados Unidos a partir de dezembro. O documento será conhecido às 16h, após uma agenda econômica carregada de indicadores norte-americanos pela manhã e de dados mais animadores sobre a atividade na zona do euro.

A seguir, veja o desempenho dos mercados financeiros por volta das 7h50:

EUA: o futuro do Dow Jones tinha +0,08%; o do S&P 500 avançava 0,10%; enquanto o Nasdaq subia 0,06%;

NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não iniciou negociação no pré-mercado; nos ADRs, Vale tinha alta de 0,87%, enquanto o da Petrobras caía 0,49%;

Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 ganhava 0,19%; a bolsa de Frankfurt tinha leve baixa de 0,04%; a de Paris tinha ligeira alta de 0,05% e a de Londres avançava 0,50%;

Câmbio: o índice DXY tinha baixa de 0,07%, a 107.15 pontos; o euro oscilava com +0,01%, a US$ 1,0307; a libra ganhava 0,26%, a US$ 1,1918; o dólar subia 0,18% ante o iene, a 141,47 ienes;

Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,757%, de 3,758% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,537%, de 4,509%, na mesma comparação;

Commodities: o futuro do ouro caía 0,14%, a US$ 1.737,40 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI cedia 1,31%, a US$ 79,91 o barril; o do petróleo Brent recuava 1,52%, a US$ 87,02 o barril; o contrato futuro mais líquido do minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em baixa de 1,77%, a 722,50 yuans a tonelada métrica.

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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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