Falas de Lula, queda de ITUB4: Ibovespa (IBOV) recua e se afasta dos 110 mil pontos; veja destaques

O Ibovespa (IBOV) recuou nesta terça-feira (7), destoando-se do sentimento positivo que predominou em Wall Street.

O índice de referência da Bolsa brasileira apresentou queda de 0,82%, a 107.829,73 pontos. O dia foi cheio na ala econômica, com a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no Brasil e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em evento no Clube Econômico de Washington.

A ata do Copom manteve o tom firme do comunicado divulgado na última quarta (1º), quando autoridades monetárias decidiram pela manutenção da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, em 13,75%.

A ata divulgada hoje cita a preocupação com o risco fiscal e a piora nas expectativas com a inflação. Segundo o documento, a deterioração das perspectivas pode ter ocorrido por diversos fatores, como “uma possível percepção de leniência do Banco Central com as metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional, uma política fiscal expansionista, que pressione a demanda agregada ao longo do horizonte de projeções, ou a possibilidade de alteração das metas de inflação ora definidas”.

Ainda assim, alguns membros do comitê acreditam que o pacote econômico apresentado pelo Ministério da Fazenda pode atenuar o risco fiscal.

Nesta terça, o ministro da pasta, Fernando Haddad, disse que a ata veio melhor e “mais amigável” que o comunicado da última semana, colocando pontos importantes sobre o trabalho do ministério.

Nos Estados Unidos, o presidente do banco central do país indicou que está otimista com o processo de desinflação, apesar de os últimos dados de emprego terem vindo bem acima do esperado ao apontar uma criação de mais de 500 mil postos de trabalho em janeiro.

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De acordo com Powell, a desinflação está nos estágios iniciais e o Fed acredita que quedas significativas da inflação podem ocorrer em 2023.

No entanto, novas altas nos juros não foram descartadas, caso dados, principalmente de inflação, se mantenham altos.

Altas e baixas

As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram nesta terça, na contramão do setor de óleo e gás, que aproveitou o movimento dos preços do petróleo nos mercados internacionais.

Os papéis da estatal caíram 0,52% (ordinária) e 0,62% (preferencial). Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, diz que o mercado não gostou de um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a privatização da Eletrobras (ELET3).

Segundo Labarthe, as críticas de Lula sobre a privatização da elétrica mostram interferência do governo nas estatais.

Hoje, Lula classificou o processo de privatização da Eletrobras como uma “quase bandidagem” ao impedir que o governo volte a ter maioria na companhia e disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) pedirá a revisão dos termos do contrato.

As ações da Eletrobras terminaram o pregão com perdas de 3,51%.

Ainda, investidores seguem monitorando a relação delicada entre Lula e o BC. O presidente da República fez críticas à condução dos juros do país por parte da autoridade monetária. O petista também mostrou descontentamento com o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Labarthe diz que as críticas sobre a autonomia do BC prejudica a imagem do Brasil e aumenta as tensões.

“Interferências políticas em assuntos econômicos não são bem-vindos pelo mercado”, reforça o especialista.

A Vale (VALE3) interrompeu a sequência de quedas que vinha apresentando nos últimos sete pregões e fechou em alta de 0,66%, mesmo com os mercados reavaliando para baixo as perspectivas com a retomada da economia da China.

Destaque de alta, a Embraer (EMBR3) subiu 3,1%. Já os papéis da Locaweb (LWSA3) derreteram 6,9%.

Os bancões tiveram um dia fraco. Itaú (ITUB4) recuou 2,31% antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022, com previsão para sair ainda hoje.

Fora do Ibovespa, a Light (LIGT3) derreteu 14,19% em meio à possibilidade de um pedido de recuperação judicial ser anunciado nos próximos dias.