Ibovespa (IBOV): RENT3, CFRB3, LWSA3 fecham com queda sob peso do pacote fiscal e dólar
O caos no mercado após o anúncio do pacote fiscal continua, com o sentimento amargo deixado pelo cortes nos gastos públicos. Nesta sexta-feira (29), empresas sensíveis aos juros e à disparada do dólar performam entre as maiores baixas do Ibovespa (IBOV).
Ontem (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou o corte de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, sendo R$ 30,6 bilhões em 2025 e R$ 41,3 bilhões em 2026. O impacto estimado até 2030 é de R$ 327 bilhões.
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Também em reação ao anúncio do governo, ontem (28), o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,9895 (+1,29%) — e renovou a máxima nominal histórica para a divisa desde a criação do real pela segunda sessão consecutiva. Durante a sessão, a moeda norte-americana superou o nível de R$ 6.
Durante as negociações desta sexta, o dólar chegou a bater R$ 6,10.
Após uma derrocada de 2,40%, aos 124.610,41 pontos na quinta-feira, no pregão desta sexta, o Ibovespa fechou com alta de 0,85%, aos 125.668 pontos.
Entre as principais baixas do dia, destaque para Localiza (RENT3), Carrefour (CRFB3), LWSA (LWSA3) e Assaí (ASAI3).
Na ponta positiva do Ibovespa, exportadoras e outras companhias que podem se beneficiar de uma alta do dólar puxam equilibram o índice. Saiba mais:
Sentimento do mercado é de pessimismo
O corte de gastos na ordem dos R$ 70 bilhões já era aguardado pelo mercado, sendo o anúncio conjunto de que quem ganha até R$ 5 mil ficará isento de Imposto de Renda (IR) o fator surpresa no discurso do ministro Fernando Haddad. O sentimento do mercado é de pessimismo.
Para o JPMorgan, o Comitê de Política Monetária elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na sua reunião de 10 e 11 de dezembro. O bancão elevou ainda sua projeção da Selic ao fim do atual ciclo de alta de 13% para 14,25%, ao diagnosticar um aprofundamento do conflito entre a política fiscal e a política monetária após o anúncio do pacote fiscal do governo.
A instituição afirmou que o pacote falhou “em recuperar credibilidade da política econômica”, destacando que uma depreciação do câmbio e uma piora nas expectativas de inflação devem elevar as pressões sobre os preços, forçando o BC a subir os juros em um ritmo mais acelerado do que pensado anteriormente.
A instituição destacou ainda a proposta da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais mensais e o aumento de taxação para quem ganha mais de 50 mil por mês como fatores que também podem impulsionar a inflação.
“Mesmo sob o pressuposto otimista de que esta reforma é neutra em termos fiscais, não é neutra em termos de demanda, uma vez que aumenta o rendimento disponível de indivíduos com elevada propensão para consumir. Consequentemente, também não é neutra em termos de inflação.”
Já a Julius Baer s rebaixou as ações do Brasil de compra (overweight) para neutra em meio ao pacote fiscal.
Para o banco, a incerteza continua na frente fiscal, que corroeu a confiança do mercado nos últimos meses. Junto com isso, o aperto monetário pode ser ainda maior para a Selic, com expectativas de que a taxa de política suba dos atuais 11,25% para 14,50% até junho de 2025.
“As incertezas em torno do progresso fiscal, taxas de juros mais altas por mais tempo em 2025 e a falta de catalisadores otimistas dificultam a manutenção de uma perspectiva positiva sobre as ações brasileiras”, disse.
Os analistas dizem que embora as estimativas de consenso apontem para um crescimento atraente do lucro por ação (EPS) de 16% para 2025 e 15% para 2026, “esperamos revisões para baixo devido a taxas de juros mais rígidas em 2025”.
“Além disso, quando os cortes nas taxas voltarem ao foco no terceiro trimestre de 2025, o Brasil se aproximará de sua próxima eleição presidencial em 2026, o que sugere menos progresso nas preocupações fiscais”, recordam.
“Para investidores que buscam exposição ao Brasil, altas taxas de juros reais em renda fixa podem oferecer uma oportunidade mais atraente do que ações neste momento”.
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*Com informações da Reuters