Mercados

Ibovespa: Rali do mercado de urso veio para ficar?

07 ago 2022, 15:00 - atualizado em 05 ago 2022, 14:10
Ibovespa inicia agosto ampliando os ganhos de julho, em um típico rali do mercado de urso, que são conhecidos como os mais violentos (Imagem: Unsplash/ mana5280)

O Ibovespa (IBOV) iniciou agosto caminhando para a terceira semana seguida de alta, após encerrar julho no maior nível desde maio. Apenas nos primeiros dias deste mês, a valorização acumulada supera 2,5%.

No mercado financeiro, esse movimento é visto como um rali do mercado de baixa, ou de urso (“bear market rally”). O jargão nada mais é do que o típico movimento de caça por pechinchas, comprando na baixa e pagando barato.

Afinal, a alta rápida e acentuada das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos pressionou as bolsas globais desde o início do ano, castigando os preços das ações.

Parte relevante da pressão nos ativos domésticos ficou concentrada nas ações cíclicas, que aos poucos foram ficando baratas. Além disso, as empresas voltadas ao consumo doméstico sofriam com a inflação alta e os juros básicos subindo.

Mudança de cenário

Porém, a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação ao ciclo de aumento da Selic permitiu uma melhora do Ibovespa. Também houve um forte ajuste em baixa na curva DI e no dólar, com o real se valorizando.

“A mensagem passada pelo Copom de que o ciclo de alta dos juros está próximo do fim traz maior visibilidade ao mercado”, explica o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa.

Tanto que boa parte do desempenho positivo do Ibovespa em agosto foi garantido no pregão pós-decisão do Copom, na quinta-feira (4). A queda das commodities industriais, que ajuda a segurar a inflação, completou o quadro.

A dúvida é se esse cenário irá permanecer. Por ora, a narrativa de que o crescimento econômico global mais fraco irá interromper o ciclo de aperto monetário, principalmente nos EUA, sustenta o rali das ações.

“O mercado continua a ler números mais fracos como positivo para os ativos de risco, por reduzir a necessidade de um ajuste mais acentuado pelo Federal Reserve”, diz o gestor.

Inflação ainda assusta

Mas não é bem assim. A interpretação de que a inflação ao consumidor já fez seu pico e os bancos centrais, em especial o Fed, não precisarão estender o aperto monetário pode ser prematura.

“Como decretar o fim da inflação quando o que se observa é uma continuidade das pressões nos índices de preços mais recentes?”, indaga o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Até por isso, os ralis dos mercados de urso são conhecidos como os mais violentos para os ativos de risco. Muitas vezes, os movimentos dolorosos são acompanhados por doses extras de volatilidade.

Para o Julius Baer, a disparada das ações em julho pode ser “um monstro” que o mercado pode se arrepender de ver. “Este rali está prejudicando os investidores que recentemente cederam à melancolia predominante”, diz o CIO do banco suíço, Yves Bonzon, em relatório.

Ele se refere aos níveis de pessimismo atingindo pelo S&P 500 em meados de junho, quando o índice acionário americano atingiu níveis não vistos desde a crise de 2008. Porém, no mês seguinte, o S&P 500 cravou o melhor desempenho de 2022.

O inverno vem aí…

A temporada de balanços robustos tanto no Ibovespa e em Nova York somada às férias de verão no hemisfério norte ainda favorecem os ativos de risco.

“Por ora, a posição técnica ainda se mostra um vetor de suporte ao bear market rallies que parece que estamos vivenciando”, avalia Kawa, da TAG.

Com isso, o urso ainda deve garantir novas rodadas positivas às bolsas, antes de hibernar, quando o inverno chegar nos EUA. Até lá, o mercado, especialmente as bolsas, tende a manter a dinâmica favorável.

Tudo isso mesmo diante de dados econômicos ainda desafiadores. “Ainda não há uma visão ampla de que haverá uma recessão global mais aguda, o que ajuda a evitar um ambiente mais negativo aos ativos de risco”, prevê Kawa.

Este pano de fundo pode continuar prevalecendo no curto prazo. Porém, fica o alerta de que um ambiente de inflação mais alta por mais tempo e o risco maior de recessão global possam afetar o humor dos mercados até o próximo verão.

“A regra básica de vender perdedores e manter os vencedores também se aplica durante os mercados de urso”, conclui Bonzon, do Julius Baer.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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